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Roubo de celular: veja quando os bandidos agem fora do centro de SP

Três bairros da zona sul estão entre os dez com mais roubos de celular em São Paulo; crimes acontecem mais à noite, na volta para casa

atualizado

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celular ministério
1 de 1 celular ministério - Foto: Divulgação

São Paulo — A região central de São Paulo tem enfrentado uma crise de segurança pública que coloca dois de seus principais distritos policiais (1º e 3º DPs) como os líderes em número de roubos de celular na capital paulista, segundo dados oficiais registrados em março e abril.

Entretanto, na periferia de São Paulo, principalmente em três bairros da zona sul, esse tipo de crime também tem feito muitas vítimas. E o horário preferido dos bandidos para as ações nessas regiões é à noite, quando as pessoas estão voltando do trabalho ou do estudo para suas casas.

As áreas atendidas pelo 37º (Campo Limpo), 47º (Capão Redondo) e 92º (Parque Santo Antônio), todas vizinhas na zona sul, estão entre as dez mais afetadas pelos roubos de celular na cidade, segundo os dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Delegacias que mais registraram roubos de celular (março e abril)

  1. 3º DP (Campos Elíseos) – 781
  2. 1º DP () – 569
  3. 47º DP (Capão Redondo) – 527
  4. 37º DP (Campo Limpo) – 454
  5. 14º DP (Pinheiros) – 384
  6. 12º DP (Pari) – 290
  7. 4º DP (Consolação) – 278
  8. 92º DP (Parque Santo Antônio) – 269
  9. 23º DP (Perdizes) – 257
  10. 96º DP (Monções) – 255

Os três distritos policiais, que englobam uma série de bairros pobres da zona sul, são, historicamente, bastante afetados pela violência urbana. Nos anos 1990, por exemplo, em um cenário pré-Lei do Desarmamento e anterior à influência ostensiva do crime organizado nas periferias, os números de homicídios nessa região eram os mais altos da cidade.

Mesmo décadas depois, são bairros que ainda despontam como os mais violentos da capital paulista. O 92º DP (Parque Santo Antônio), com 13 casos, e o 37º (Campo Limpo), com 10, são líder e vice-líder em homicídios em São Paulo no primeiro quadrimestre deste ano, por exemplo.

Os assaltos frequentes acontecem em meio a esse caldo de cultura, que afeta principalmente quem precisa se deslocar pelos bairros para trabalhar ou estudar.

Além do dano material causado pela perda do aparelho e uso de aplicativos de banco, quem fica sem o telefone corre ainda o risco de perder a fonte de renda: é pelo pelo celular que muitos autônomos, como as diaristas e os entregadores, são encontrados por quem contrata seus serviços.

Nos dados da Secretaria da Segurança Pública, é possível notar que ao menos metade dos roubos nas áreas dos três distritos policiais acontece das 18h às 23h59, período que marca a volta para casa depois do trabalho ou dos estudos.

Uma análise ainda mais detalhada da movimentação criminal mostra que os assaltos para se tomar celular acontecem com mais frequência conforme se aproxima da meia-noite nesses bairros da zona sul. Um terço dos roubos do período noturno ocorreu das 23h às 23h59, segundo os registros na Polícia Civil.

Um atendente de 21 anos, que preferiu não se identificar, afirmou ao Metrópoles que os roubos de celular são bastante comuns, trazem insegurança e mudam a rotina de quem vive ou trabalha no Capão Redondo. “Coloco o celular até dentro do tênis para não chamar a atenção”, disse.

Ele contou que seus pais já foram vítimas desse crime e que, normalmente, os assaltos acontecem em pontos de ônibus, com os ladrões fugindo em motos logo após a abordagem.

Receptadores

Membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e analista criminal, Guaracy Mingardi afirma que a polícia precisa atuar principalmente em relação aos receptadores. “Se não tiver para quem vender, o ladrão não rouba. Rouba só para vender para o intermediário”, afirmou.

Mingardi lembra que os bairros sob responsabilidade do 37º, do 47º e do 92º DPs sempre foram muito violentos. “Lá, durante muitos anos, foi a região onde mais se matou em São Paulo. É um lugar razoavelmente favelizado, com algumas zonas de prosperidade”, explica. “Acontecem roubos. A pessoa vai até um local ermo, chegam dois ou três e cometem o crime”, diz.

O analista criminal ressalta que a Polícia Civil está desfalcada de profissionais e tem exercido muito mais um papel burocrático, de polícia judiciária, do que investigativo. “Quem investiga hoje em São Paulo são apenas os departamentos, como DHPP, Deic e Denarc, ou algumas seccionais”, diz.

O que diz o governo

Procurada pelo Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirma que trabalha para combater os roubos e furtos de celulares, bem como a receptação desses aparelhos em toda a capital paulista. Segundo a SSP, a Operação Mobile é realizada frequentemente em todas as regiões da cidade.

“De janeiro a abril deste ano, 1.760 celulares foram apreendidos – entre novos e usados. Deste total, 876 foram devolvidos às vítimas. No total, 173 infratores foram presos durante a operação por esta modalidade criminosa. Em igual período, 487 estabelecimentos foram vistoriados”, afirma a SSP.

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