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Pequenos críticos: crianças opinam sobre a exposição “Arte é bom”

Em cartaz no MIS, a mostra voltada para o público infantil traz obras de artistas como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Beatriz Milhazes

atualizado

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1 de 1 imagem colorida arte é bom - Foto: divulgação

Visitar uma exposição de arte pode ser um programa entediante para crianças. Afinal, poucas permitem interação para os pequenos, sedentos em colocar as mãos em tudo. A proposta de “Arte é bom”, em cartaz no Museu da Imagem e do Som (MIS) até domingo (15/1), é mostrar para crianças que o contato com arte pode ser divertido.

“É para brincar, com a idade que se tiver. É para os adultos reencontrarem algo que se perdeu da infância e para as crianças fazerem o que desejam com as coisas que encontram”, explica a curadora Daniela Thomaz.

O Metrópoles acompanhou a visita dos irmãos Letícia e Gabriel Franklin de Matos Machado, de 8 e 6 anos, respectivamente. Quer um spoiler? Nem Hélio Oiticica passou ileso pelo olhar desses pequenos críticos.

Toque, é arte!

A recepção feita pelo trabalho “Risadas cósmicas”, de Marcos Chave, uma espécie de asteroide aterrissado na entrada no MIS, garantiu a simpatia dos pequenos pelo programa. Ao escalar a obra, ouvia-se uma risada e acharam inusitado o fato de a pedra estar gargalhando. “Eu gosto de risada”, resume Gabriel.

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Lá, de Brigida Baltar
Múltiplas infâncias, de Rômulo Vieira Conceição
Exposição "Arte é bom" no MIS-SP
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Risadas Cósmicas, de Marcos Chaves

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Lá, de Brigida Baltar

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Múltiplas infâncias, de Rômulo Vieira Conceição

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Exposição "Arte é bom" no MIS-SP

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Atravessando a entrada, está “Giroscópio”, de Artur Lescher, uma gira-gira caleidoscópico, onde o espectador experimenta girar sobre seu próprio eixo.

Se os adultos logo se sentem mareados em pouco tempo dentro da obra, as crianças dominam a arte de fazer o aparelho girar em segundos e podem permanecer longos minutos lá dentro, girando.

“A obra não gira por causa do nosso corpo, ela gira por causa do movimento dos nossos pés”, explica Letícia. “Eu gostei dessa ideia de como fazer a estrutura se movimentar.”

Criar com as artistas

Intervir na obra “Bailinho”, de Beatriz Milhazes, foi outro ponto alto da visita. A artista disponibilizou uma série de formas feitas com ímãs que as crianças podem colocar sobre um grande mural. Contrariando a abstração geométrica do trabalho de Milhazes, as crianças tentavam criar figuras com as formas disponibilizadas.

Ao lado do mural, está a sala com a obra de Rochelle Costi, que acertou em cheio em sua proposta. Em “Reprodutor”, a artista convida o espectador a reproduzir fotos de autoria de diversos artistas através de seus reflexos.

“Desenhar foi o que eu mais gostei”, afirma Gabriel. “Escolhi a imagem da paisagem (de Vik Muniz) porque gosto muito de paisagens.”

Letícia conta que eles nunca tinham usado a técnica do reflexo para desenhar. A solução simples para a reprodução de imagem encantou os pequenos.

“Eu gostei da ideia de fazer o desenho igual à foto”, explica. “Tive de ser criativa para escolher a imagem que eu queria fazer.”

A menina separou uma fotografia de Marina Abramovic segurando duas varetas com caveiras nas pontas. “Essa foi a primeira vez que desenhei assim, então, achei que meu desenho ficou muito bom!”

Pioneiros

Uma sala especial homenageia os precursores da arte participativa: Hélio Oiticica e Lygia Clark. Curiosos, correram logo para vestir os parangolés – capas criadas por Oiticica para serem vestidas ou carregadas pelo público, proporcionando uma experiência sensorial.

“É muito pesado, não dá para se movimentar”, avalia Gabriel. Para o problema, Letícia apontou uma solução: “É muito grande, tinham de ter feito uma menor para o nosso tamanho”.

“Caminhando”, de Lygia Clark, também não fez muito sucesso. “Eu achei um pouco cansativo”, aponta a menina. A proposta da obra é construir uma fita de moebius com uma tira branca de papel e cortá-la continuamente no sentido do comprimento.

Por um tempo as crianças até ficaram entretidas em ver quem conseguia ter a maior fita cortando o papel, mas logo se entediaram.

O trabalho “Treveste”, de Ernesto Neto – um dos herdeiros das teorias de Hélio e Lygia –, fez com que os irmãos compreendessem melhor o conceito da arte participativa.

O artista propõe que três pessoas vistam uma peça feita de crochê com uma bola costurada no centro. Para levantar a bola, é preciso que os participantes trabalhem juntos em uma espécie de dança e teste de equilíbrio.

“Eu gostei dessa obra porque ela é coletiva. A gente tem de colaborar e combinar o que vamos fazer para conseguir levantar a bola”, explica Letícia. “Eu gosto de trabalhos coletivos porque você pode conhecer pessoas e fazer novas amizades.”

Arte é mesmo bom?

Todos os trabalhos despertaram, ainda que em doses diferentes, interesse nas crianças. Elas colocaram a mão e participaram de tudo que conseguiram. Para a dupla, a interação com as obras de arte foi o que tornou o passeio divertido.

“Esse foi o museu em que eu mais me diverti”, afirma Letícia. “Porque em pouquíssimos a gente pode brincar com tudo que tem. Geralmente a gente só pode ficar olhando.”

No final, questionados se arte é bom, os dois não titubearam: sim! “Porque a gente aprende coisas diferentes”, explica Gabriel.

“Eu descobri que existem várias maneiras de fazer coisas diferentes”, completa Letícia. “Nessa exposição, como a gente pode interagir com as obras, a gente acaba sendo um pouco artista.”

MIS: Av. Europa, 158 – Jd. Europa. Ter./dom. 11h/19h. R$ 40. Site: mis-sp.org.br

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