Fúria Primitiva: Dev Patel acerta ao misturar religião hindu com ação
O filme Fúria Primitiva é o primeiro de Dev Patel, de Quem Quer Ser um Milionário, na direção. Ele traz política e religião hindu
atualizado
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Dev Patel demorou cerca de 10 anos para tirar do papel a sua estreia como diretor, em Fúria Primitiva. O ator, conhecido por Quem Quer Ser Um Milionário, entretanto, debuta na função com um trabalho empolgante e acerta ao abordar as questões do hinduísmo, a luta das classes sociais na Índia e por trazer muita ação – detalhe, ele também é o protagonista.
Você pode até estar pensando: “Como o cara de Quem Quer Ser um Milionário sai batendo em todo mundo? Ele não era magrinho?” Para Fúria Primitiva, Patel apresentou um novo corpo e uma habilidade fora do comum para interpretar Kid.
O jovem viu a mãe ser morta e a sua aldeia destruída quando ainda era criança e, com o passar dos anos, foi nutrindo um desejo de vingança contra o policial Rana, que comandou aquela ação. Ele atua em um clube de luta clandestino para ganhar dinheiro e utiliza uma máscara de macaco para se proteger e manter o anonimato de sua identidade.
Além de Dev Patel, o filme conta diversos atores e atrizes indianos e a trama é pautada em diversos aspectos da política e da religião hindu, como a disputa entre as classes sociais, por exemplo.
Kid é um jovem pobre que busca um trabalho melhor para ganhar mais dinheiro. Ele busca entrar no meio dos ricos para isso e, claro, também para completar a sua vingança contra os poderosos.
A religião é bastante explorada no filme e traz muitos aspectos, como a lenda Hanuman, um Deus-Macaco que era a encarnação de Shiva. Como o protagonista sempre ouvia as histórias de sua mãe, ele decide que a sua máscara para as lutas seria um macaco.
Hindu e cultura pop em Fúria Primitiva
Patel ainda traz as Hijras, mulheres transgêneros, conhecidas como o terceiro gênero na índia. Isso, aliados aos aspectos políticos, sem sombra de dúvida são os pontos mais positivos da produção e o grande acerto do diretor.
Outro ponto importante é que Dev Patel faz referências a outras produções, como John Wick, e não só por conta da proximidade dos dois filmes, mas também por uma cena que acontece logo no início do longa. Há, também, uma referência boa a Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio, entre outros.
A obra é daquelas para quem gosta muito de ação, em que a porrada é frenética, como John Wick. Entretanto, Dev Patel tenta pegar uma outra vertente, que é da criatividade para tornar essas cenas muito empolgantes.
A produção também traz comédia em alguns pontos, mas nada muito exagerado, o que faz com que esses momentos entrem de maneira necessária.
O jogo de câmeras é sensacional, inclusive com uma sequência de imagens em primeira pessoa. A trilha sonora também não deixa a desejar e ajuda a compor todo um cenário de ação para te deixar empolgado.
O longa conta com alguns pontos negativos, como a previsibilidade em algumas cenas, inclusive nas viradas dos atos, e um exagero, se assim podemos chamar, nos cortes durante as lutas e no uso da câmera trêmula.