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Rival do PCC executado teve pedido de proteção ignorado, diz advogado

Advogado que defendeu Antônio Vinícius Gritzbach afirma ter tentado sem sucesso garantir segurança ao cliente pelo Estado. MPSP nega pedido

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Imagem colorida de execução de rival do PCC. Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de execução de rival do PCC. Metrópoles - Foto: Reprodução

São Paulo – Sobrevivente de um atentado a tiros anterior, além de ter sido alvo de um suposto sequestro, o empresário Antônio Vinícius Gritzbach, de 38 anos, executado com tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, na tarde dessa sexta-feira (8/11), solicitou proteção ao Ministério Público de São Paulo (MPSP).

O pedido ocorreu pouco antes de fechar um acordo de delação, com o qual ajudou na investigação de um núcleo do Primeiro Comando da Capital (PCC) envolvido com a lavagem de dinheiro.

A solicitação, porém, não teria sido atendida, como afirmou ao Metrópoles, neste sábado (9/11), o advogado Ivelton Salotto, que defendia Gritzbach em dois processos – um deles por lavagem de dinheiro e outro no qual o empresário era apontado como o eventual mandante do assassinato de dois criminosos, entre eles um chefão do PCC.

“Ele deveria estar no programa de proteção à testemunha. Ele não poderia andar sozinho nunca, nunca. Ele deveria estar em outro local, com a identidade trocada e tudo mais. Mas como aqui é o país do faz de conta, isso aqui é ridículo, esse Estado é ridículo. Fico revoltado, porque sei como fui atrás de socorro”, afirmou.

Gritzbach chegou a ficar preso, preventivamente, pela acusação de duplo homicídio. Ele foi solto, em junho do ano passado, por uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para responder às acusações em liberdade. Fontes do Judiciário paulista afirmaram ao Metrópoles, na ocasião, que a soltura representava riscos à vida do empresário.

No Natal do mesmo ano, ele foi alvo de um atentado a tiros, quando saiu na sacada do apartamento onde morava na região da Anália Franco, bairro nobre da zona leste paulistana.

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Corpo de rival do PCC executado no aeroporto
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“Não prestaram socorro”

Antes disso e, logo após a saída de Gritzbach da cadeia, o advogado Ivelson Salotto afirmou ter ido atrás de proteção ao cliente, acionando para isso o Estado.

“Fui buscar socorro no Gaeco [grupo do MPSP que investiga o crime organizado]. Não prestaram socorro e é mentira que ofereceram, porque ele [Gritzbach] não teria negado em hipótese alguma. Ele pagava segurança pessoal porque não tinha segurança oferecida pelo Estado”, afirmou.

Oficialmente, a Promotoria afirma que o empresário teria negado a oferta de proteção oferecida pelo órgão. Em nota, o MPSP diz que  Gitzbach “recusou a proposta, alegando que pretendia continuar em sua rotina e gerindo seus negócios”.

Grizbach, como foi apurado pelo Metrópoles, mantinha sempre quatro seguranças particulares por perto, 24 horas por dia, dos quais alguns eram policiais militares em seus períodos de folga.

Nessa sexta-feira, quando foi fuzilado com ao menos um tiro no rosto e outro no abdômen, o empresário estava com os quatro seguranças, que não inibiram a ação do assassinos, que atiraram ao menos 29 vezes. A ousadia dos executores foi tamanha que eles estacionaram o carro, usado na chegada e na fuga, em frente a um veículo da Guarda Civil Municipal – que ficou avariado com estilhaços dos disparos.

Delação premiada

Gritzbach fechou acordo de delação premiada com o MPSP, homologado pela Justiça neste ano. Em seu relato, ele fala sobre lavagem de dinheiro para personagens como Anselmo Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Claudio Marcos de Almeida, o Django. Eles foram sócios da empresa de ônibus UpBus, que opera linhas na zona leste da capital e está sob intervenção da Prefeitura paulistana após ter sido alvo de operação por suposta ligação com o PCC.

Executado em dezembro de 2021, Cara Preta era membro do alto escalão do PCC e, sobre ele, recaía a suspeita de manter movimentações de até R$ 200 milhões. Investigadores atribuem a morte dele a Gritzbach, em razão de um desentendimento entre os dois. Segundo o MPSP, o empresário teria mandado matar o traficante após ser cobrado por uma dívida em um investimento em bitcoins.

Quando foi preso e antes de fazer delação premiada, em 2022, Gritzbach afirmou ter conhecido Django e Cara Preta como bicheiros e agentes de atletas de futebol. Ele negou ser o mandante do crime.

Execução no aeroporto

Antônio Vinicius Lopes Gritzbach voltava de uma viagem de Goiás junto com a namorada quando foi executado na tarde dessa sexta-feira (8/11), na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

Conforme apurado pelo Metrópoles, o empresário foi morto com um tiro de fuzil no rosto. Os filhos foram buscá-lo com quatro seguranças, todos PMs.  O carro da filha quebrou e ficou em um posto, e o filho seguiu ao encontro do pai com os quatro seguranças.

Câmeras de segurança registraram o momento em que os atiradores descem de um carro preto e executam o empresário.

Veja abaixo:

Ainda de acordo com as informações apuradas pelo Metrópoles, o empresário teria sido morto na frente do filho. Outras três pessoas, sem nenhum vínculo com Gritzbach,  ficaram feridas, segundo documento da Polícia Civil obtido pela reportagem. Entre elas há um motorista de aplicativo, de 41 anos, encaminhado para a Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Geral de Guarulhos.  As outras duas vítimas, de 28 e 39 anos, passam bem.

Gritzbach era jurado de morte pelo PCC por supostamente ter mandado matar dois integrantes da facção, Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, motorista de Anselmo. Ele estava fora da prisão desde junho do ano passado, após ter fechado acordo de delação premiada com o MPSP, homologado em segredo de Justiça.

Em dezembro do ano passado, Gritzbach havia sido alvo de um suposto atentado na sacada do apartamento em que morava, na Anália Franco, na zona leste da capital paulista. Na denúncia, o MPSP diz que o empresário mantinha negócios na área de bitcoins e criptomoedas.

O duplo homicídio dos integrantes do PCC ocorreu em 27 de dezembro de 2021 e teria sido cometido em parceria com o agente penitenciário David Moreira da Silva. Noé Alves Schaum, denunciado por ser o executor dos membros do PCC, foi assassinado em 16 de janeiro do ano passado.

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