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Risco de surto no litoral se alastrar por São Paulo ainda é incerto

Identificar agente causador do surto de gastroenterite ocorrido no litoral é importante para saber se há risco de se alastrar por São Paulo

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Governo do Estado de São Paulo
Guarujá
1 de 1 Guarujá - Foto: Governo do Estado de São Paulo

São Paulo — Especialistas afirmam que o risco de o surto de virose ocorrido no Guarujá se alastrar até a capital paulista ainda é incerto. A identificação de qual é o causador é fundamental para determinar a capacidade de contaminação. Até o momento, não se sabe se o causador dos problemas gastrointestinais foi um vírus, bactéria ou outro organismo.

O infectologista Renato Kfouri diz que é preciso, primeiro, identificar qual o responsável pelo surto para determinar o quanto pode chegar a outros lugares. “É uma doença de verão. Costuma acontecer mais no litoral. Mas, de novo, para saber se vai se espalhar até outros locais, só sabendo o agente etiológico”, afirma.

Segundo Kfouri, é importante que as autoridades sanitárias façam uma investigação desses casos, com coleta de material de pessoas doentes, como fezes, vômito, secreção, e mandem para análise em laboratório. “Tem que ser uma amostragem que tenha alguma representatividade para que a gente consiga identificar se é um vírus ou não, eventualmente ou outra bactéria”, diz. “Normalmente, é vírus, porque a transmissão é rápida”, afirma.

Para o infectologista, o principal risco desse tipo de surto é a sobrecarga para o sistema de saúde. “O número de pessoas que visitam os serviços de emergência acaba aumentando muito. Atrapalha o atendimento de outras doenças, dos infartos, dos acidentes”, diz.

Kfouri também diz que é uma situação lamentável a pessoa estar em uma cidade litorânea e não ter condições sanitárias. “Antes de fazer qualquer crítica à condição da água, da poluição do mar, é importante reconhecer o agente, aí a gente vai ter condições de responsabilização, de tratamento, de medidas, por isso é importante a investigação”, afirma.

A infectologista Mirian Dal Ben diz que o principal agente que costuma dar surto é um vírus chamado norovírus, de fácil transmissão. “Muito provavelmente, é um surto de gastroenterocolite viral e, se pudesse chutar, diria que é norovírus”, afirma.

Segundo a infectologista, há chance de o surto chegar à capital paulista. “Porque as pessoas sobem da praia ainda doentes, ainda sem melhorar, e estão na fase de transmissão da doença. Podem ter contato com outras pessoas, em casa ou no trabalho, e acabar dando origem a outros casos secundários”, diz.

Mirian afirma, entretanto, que costumam ser surtos mais contidos, quando sobe a serra. “É óbvio que a situação no litoral é mais propícia à transmissão de forma mais disseminada, porque no litoral, nessa época do ano, tem aglomeração de pessoas. O número de pessoas por imóvel é muito alto, uma concentração em supermercados, restaurantes”, diz.

Diretora da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar, da Secretaria Estadual da Saúde, Alessandra Lucchesi diz que “é muito improvável que esse surto se alastre tanto para outros municípios”. “A gente ainda está investigando a causa de uma possível fonte comum, principalmente no município do Guarujá”, afirma.

Segundo a porta-voz da Secretaria da Saúde, o que pode acontecer, em algumas circunstâncias, é o fato de que algumas pessoas que manifestam sintomas sigam para suas residências em outras cidades e tenham contato com outros, não realizando a higiene correta das mãos.

“Aí, a gente tem a transmissão fecal-oral. Ou seja, a pessoa contaminada vai ao banheiro, não higieniza corretamente as mãos, toca em superfícies, que pode provocar a contaminação de outros”, diz.

Prevenção

A prevenção ocorre ao longo do ano, segundo a porta-voz da secretaria, seja em relação à fiscalização de estabelecimentos por equipes da vigilância sanitária ou na análise da água consumida pela população ou esgoto.

“Há um programa que se chama Pró-Água, que faz o monitoramento da qualidade da água. A Cetesb também faz ao longo da ano a análise em esgoto, para sabermos quais os patógenos circulantes e como está a qualidade dos afluentes que a gente tem no litoral paulista”, diz Alessandra.

Outra medida é a investigação desenvolvida pelas autoridades municipais, quando há algo incomum. “Frente a qualquer alteração no número de atendimentos, a gente recomenda que seja iniciada a investigação, mesmo diante de um rumor”, afirma.

Veja as recomendações da Secretaria Estadual da Saúde

  • Evite alimentos mal cozidos
  • Mantenha alimentos bem refrigerados, com atenção especial às temperaturas dos refrigeradores e geladeiras dos supermercados, onde ficam acondicionados
  • Leve seus próprios lanches em passeios ao ar livre
  • Observe a higiene de lanchonetes e quiosques
  • Lave as mãos antes de se alimentar
  • Tenha atenção redobrada com comidas em self-services
  • Beba sempre água filtrada
  • Não consuma gelo, “raspadinhas”, “sacolés”, sucos e água mineral de procedência desconhecida

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