Relação de Tarcísio com PL de Bolsonaro causa ciumeira no Republicanos
Deputados paulistas do Republicanos têm manifestado incômodo com a relação direta entre Tarcísio e parlamentares do PL na Alesp
atualizado
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São Paulo – A proximidade de Tarcísio de Freitas com políticos do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, têm provocado ciumeira entre os deputados estaduais do Republicanos, legenda do governador. O grupo se sente completamente alijado das articulações do governo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Desde que Tarcísio tomou posse, a ala mais próxima ao deputado federal Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos e bispo licenciado da Igreja Universal, se queixa da falta de espaço no governo, com cargos no primeiro escalão. Dentro da Alesp, o descontentamento com a interlocução com o Palácio dos Bandeirantes é ainda maior.
A escolha do deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor (Republicanos) como líder do governo na Casa frustrou a bancada, majoritariamente ligada à igreja. O grupo não foi consultado sobre a escolha feita por Tarcísio e se sente órfão diante da inabilidade política de Xerife para o posto de articulador na Alesp.
Todas as tratativas do governo no Legislativo têm sido feitas diretamente com o presidente da Alesp, deputado André do Prado (PL), que foi apoiado por Tarcísio na eleição interna, em março, como forma de retribuir ao padrinho político dele, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, os benefícios concedidos a Bolsonaro na presidência de honra do partido.
As frequentes reuniões do governador com deputados do PL, especialmente os bolsonaristas, têm incomodado a bancada do Republicanos. Nos bastidores, os parlamentares aliados de Bolsonaro alegam que que foram eles os principais cabos eleitorais de Tarcísio, que teria recebido menos apoio do que esperava do próprio partido e da Igreja Universal durante a campanha de 2022.
Estranhamento
Para chegar até Tarcísio, em vez de procurar o Xerife, líder do governo, os deputados da base governista têm recorrido com suas demandas a colegas do partido de Bolsonaro e Valdemar, em especial o deputado Carlos Cezar, líder da bancada do PL na Casa.
Na última terça-feira (16/5), durante a votação do reajuste das polícias na Assembleia, a rusga entre Republicanos e PL ficou evidente no plenário, quando o deputado Gilmaci Santos (Republicanos), que pleiteou tanto a presidência da Alesp quanto a liderança do governo, interrompeu Carlos Cezar para reduzir o tempo de fala do deputado na tribuna.
Carlos Cezar discursava em defesa do projeto de lei enviado por Tarcísio, que gerou desgaste na base governista, quando Gilmaci questionou o presidente, André do Prado, se naquele momento eles discutiam o encaminhamento ou o requerimento do projeto.
Pelo regimento interno da Alesp, cada deputado tem direito a 15 minutos de fala para abordar requerimentos, que são pedidos de esclarecimento sobre um determinado assunto. Já nos casos em que a discussão é sobre um projeto que será encaminhado, ou seja, votado em breve, o tempo de discurso é menor, de 10 minutos.
André do Prado afirmou que Carlos Cezar fazia o encaminhamento do projeto, e Gilmaci alertou que o tempo indicado no telão do plenário era o de uma fala sobre requerimentos. O presidente da Alesp reconheceu o equívoco e retirou cinco minutos da fala do líder do PL.
“Agradeço ao deputado Gilmaci que me tirou tempo aqui. Sou grato à Vossa Excelência por ter me tirado tempo”, disse de forma irônica o parlamentar do PL na sequência.