Reitor da Unisa diz que todos envolvidos em “punhetaço” serão expulsos
Eloi Francisco Rosa, reitor da Universidade Santo Amaro (Unisa), condena episódio chamado de “punhetaço” em entrevista ao Metrópoles
atualizado
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São Paulo – Reitor da Universidade Santo Amaro (Unisa), Eloi Francisco Rosa diz estar preocupado com a formação dos estudantes de medicina e condena o episódio de masturbação coletiva, chamado de “punhetaço”, que ganhou o noticiário nesta semana.
A entrevista, em primeira mão, foi concedida ao Metrópoles na tarde desta terça-feira (19/9). “São imagens que nos chocam. Esses alunos optaram por uma carreira na área da saúde… É muito triste. Seria triste para qualquer pessoa, mas para uma pessoa que pretende cuidar de vidas é mais triste ainda”, afirma.
Segundo o reitor, a Unisa já expulsou sete estudantes envolvidos no “punhetaço” e esclarece quais outras medidas foram tomadas pela universidade desde que as imagens do episódio viralizaram nas redes sociais. Ele também esteve reunido com o procurador-geral Mario Sarrubbo, do Ministério Público de São Paulo (MPSP) nesta terça.
“Continuamos com as investigações internas, com muito cuidado e muita cautela. Caso haja a confirmação da identidade de outros alunos envolvidos, eles também serão expulsos”, diz.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Eloi Francisco Rosa, reitor da Unisa, ao Metrópoles.
Como o senhor ficou sabendo do episódio?
Tomamos conhecimento que as imagens estavam circulando nas redes sociais desde o fim de semana. Na segunda-feira (18/9), logo que começou o expediente, imediatamente convocamos os membros da reitoria, passamos a apurar os fatos e chamamos uma reunião do Conselho Universitário, que é responsável por discutir situações disciplinares. Na reunião, apresentamos aqueles atos execráveis (vídeos) que haviam ocorrido e já identificamos alguns alunos. Tudo de maneira muito rápida.
O que foi feito imediatamente?
Antes da hora do almoço, ainda pela manhã, fizemos a expulsão dos seis primeiros alunos identificados. As apurações continuam, mas as imagens são de baixa resolução e os fatos aconteceram em ambiente esportivo, fora da instituição, ao qual a universidade não tem acesso. O evento foi organizado pelas atléticas dos alunos. Hoje (19/9), identificamos mais um estudante e fizemos a expulsão. São sete expulsos até o momento. Essa é a maior sanção disciplinar que nós temos. O regimento permite que ela seja aplicada a atos de extrema gravidade que estejam documentados.
O Conselho Universitário ouviu os envolvidos?
A gente pode fazer a expulsão imediata se o fato estiver comprovado por imagens ou filmagens, como é o caso. Os aluno tem prazo para entrar com recurso e pode apresentar a devida defesa, caso entenda que é inocente e que o Conselho deveria reanalisar a situação.
O caso ganhou tanta dimensão que até o presidente Lula condenou publicamente o episódio hoje. Como o senhor vê essa situação?
Minha preocupação maior é com o estudante que eu tenho dentro da instituição e com o processo formativo. E eu já estava suficientemente preocupado e consternado com tudo que havia acontecido. Minha preocupação é com a qualidade dos médicos que vamos formar. É isso que move meu dia a dia enquanto educador.
Qual é o perfil dos alunos envolvidos no episódio?
Todos são do sexo masculino e estavam ausentes da sala de aula para participar do evento esportivo. Segundo relatos, todos também eram atletas.
Como educador, qual é a análise que o senhor faz das imagens?
São imagens que nos chocam. Esses alunos optaram por uma carreira na área da saúde… É muito triste. Seria triste para qualquer pessoa, mas para uma pessoa que pretende cuidar de vidas é mais triste ainda. Aquilo é completamente condenável, não é passível de acontecer mais na sociedade contemporânea. E a gente espera que não volte a ocorrer. A Unisa tem uma série de ações de apoio psicológico e apoio psicopedagógico, um trabalho contínuo de muitos anos, tentando educá-los da importância de ter um comportamento humanizado, decente e ético.
Alunos que conversaram com a reportagem afirmaram que os atos seriam “normais” naquele contexto. É mais difícil lidar quando o problema é cultural?
A gente entende que o problema dos alunos de medicina em competições esportivas externas da universidade não está isolado da Unisa. É um problema sistêmico, tem a ver com todo o processo de formação, que nos desafia a pensar de maneira otimizada para que não ocorra mais.
O senhor se reuniu hoje com o procurador-geral de São Paulo, Mario Sarrubbo. Do que vocês trataram?
Estivemos com o Ministério Público para levar as informações coletadas e as condutas que adotamos até o momento. Estamos integralmente à disposição do Ministério Público. Esse problema ultrapassa os limites do que pode ser feito pela universidade.
Quais medidas poderiam ter sido adotadas para evitar o episódio?
Entendo que esses eventos aconteceram fora da instituição, em uma ambiente de competição sobre o qual a gente não tem ingerência. Temos adotado várias medidas de educação socioemocional. Também fazemos palestras, minicursos. Espero que todas essas ações, no futuro, repercutam para que esse tipo de episódio se torne raro e nunca mais aconteça.
A expulsão dos alunos é uma mensagem de que esse tipo de ato não é tolerado na universidade?
Nós passamos essa mensagem em toda recepção de alunos ingressantes na universidade. Ela é repetida sistematicamente. Nossa instituição se pauta pela humanização e respeito ao ser humano e à diversidade. Está na nossa missão institucional.
O evento envolvia estudantes da Unisa e da Universidade São Camilo. O senhor já conversou com diretores da instituição?
O evento era uma interação entre atléticas, entidades separadas das universidades. Conversamos com a nossa atlética. Dado o tempo, são menos de 48 horas, estamos focados em tomar as medidas cabíveis dentro da gravidade da ação. Não conversamos com outras universidades até o momento, mas está na agenda. É importante conversar sobre o processo formativo como um todo.
A investigação interna continua?
Continuamos com as investigações internas, com muito cuidado e muita cautela. Caso haja a confirmação da identidade de outros alunos envolvidos, eles também serão expulsos.