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Recorde de passageiros e frota em queda lotam ônibus em São Paulo

Ônibus municipais registraram, em outubro, recorde de passageiros pós-pandemia. SPTrans diz monitorar volume de usuários para ajustar oferta

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1 de 1 Imagem mostra ônibus lotado em São Paulo - Metrópoles - Foto: William Cardoso/Metrópoles

São Paulo — Os ônibus da capital paulista tiveram em outubro o maior número de passageiros transportados em um único mês desde janeiro de 2020. Foram 194,9 milhões de viagens registradas pela SPTrans em São Paulo, embora a frota contratada pela prefeitura tenha sofrido uma redução de cerca de 800 coletivos, na comparação com o período pré-pandemia de coronavírus.

A tendência de alta no número de pessoas no transporte público da cidade de São Paulo é reforçada pelo que tem acontecido também no Metrô, que no último dia 15 de novembro levou 3,2 milhões de passageiros, maior número desde o começo da pandemia, em março de 2020.

Com relação aos ônibus, o volume de passageiros transportados em outubro representa um aumento de 8,8% em relação a igual mês do ano passado, quando foram registradas 179 milhões de viagens. Já em outubro de 2019, ano anterior à pandemia, foram 239 milhões.

Se houve crescimento no número de passageiros nos últimos quatro anos, o mesmo não se pode dizer da frota de coletivos contratada pela prefeitura. Em janeiro de 2020, os paulistanos tinham à disposição 14.053 ônibus. Em outubro deste ano, foram 13.272, segundo dados da própria administração municipal — queda de 5,6%, ou 781 ônibus a menos. No ano passado, a prefeitura pagou R$ 5,3 bilhões de subsídio ao transporte público e a previsão é de que esse valor seja ainda maior em 2024.

Lotação e aperto

Quem toma ônibus diariamente percebe o aumento da lotação e reclama do aperto. Há casos até em que passageiros são obrigados a descer dos coletivos para aliviar o peso em subidas íngremes, segundo relatou a doméstica Luciana de Oliveira, 43 anos, moradora da zona sul da capital, que tentava voltar para casa a partir do Terminal João Dias na terça-feira (19/11). “Quando chega no terceiro ponto e ele vai subir uma rua, se estiver muito cheio aqui na frente, as pessoas têm que descer para dar uma esvaziada e o ônibus poder subir, senão ele não sobe”, afirma.

A prefeitura diz que a frota hoje representa 94% do total que havia antes da pandemia, enquanto o número de passageiros caiu a 80% do que era transportado antes do coronavírus. Para Luciana e demais pessoas ouvidas pela reportagem na zona sul, não está sobrando ônibus. “Não sei onde está sobrando. Nem espaço está sobrando, quanto mais ônibus”, diz.

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Passageiros em ônibus lotado em São Paulo
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Passageiros em fila no Terminal Grajaú, em São Paulo

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Passageiros em fila no Terminal João Dias, em São Paulo

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Passageiros em ônibus lotado em São Paulo

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No Terminal João Dias, mesmo às 20h30 de um dia útil, já fora do horário de pico, ainda é possível encontrar grandes filas de passageiros aguardando pelos ônibus para voltar para casa.

No Terminal Grajaú, o relógio não marcava nem 18h ainda na terça-feira e as filas já pareciam intermináveis ao redor dos ônibus nas plataformas. No bairro mais populoso da capital paulista, com quase 400 mil habitantes, o transporte público está estrangulado.

“É sempre uma demora e as filas são imensas. Os ônibus estão sempre lotados, muito cheios e a dificuldade de locomoção do trabalho para casa é muito grande”, diz a jovem aprendiz Maria Luiza Silva, 19 anos, que mora no Grajaú e trabalha em Santo Amaro.

Do terminal até a sua casa, em um “bairro dentro do maior bairro da capital”, Maria Luiza encara 50 minutos de sufoco e desespero. “Todo mundo diz que tem 24 horas o dia, mas é mentira, porque passamos três horas para ir e três horas para voltar do trabalho. Dificulta muito, ninguém faz nada para resolver e fica nessa situação.

Os terminais nos extremos da zona sul paulistana são um bom termômetro de a quantas anda o transporte público na cidade, mas a situação é ainda mais crítica nas ruas desses bairros da periferia, onde trabalhadores madrugam aos montes nos pontos antes de seguir do trabalho ou brigam para conseguir embarcar em coletivos abarrotados no início das noites, como o Metrópoles testemunhou nesta semana.

O que diz a prefeitura

A Prefeitura de São Paulo afirmou, por meio da SPTrans, que, desde 2021, a atual gestão implantou 54 km de faixas exclusivas, superando a meta de 50 km prevista no Plano de Metas para até 2024. A SPTrans também disse que monitora continuamente a movimentação dos usuários para ajustar a oferta de transporte.

“Entre 2019 e 2024, a demanda diária de passageiros caiu de 9 milhões para 7,3 milhões, ou seja, 80% do patamar pré-pandemia. A frota operacional, por sua vez, conta atualmente com 12.042 veículos, 94% do nível pré-Covid-19”, diz, em nota.

O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiro de São Paulo (SPUrbanuss) afirma que as empresas operadoras do transporte urbano de São Paulo são contratadas para a prestação do serviço. “Assim, devem atender as determinações da administração municipal no que diz respeito ao número de ônibus em operação, tipologia da frota (diesel, elétrico, Padron, articulado, trólebus…), horários e itinerários”, diz, em nota.

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