Racha no PCC: mais 2 chefões estão contra Marcola, diz Lincoln Gakiya
PCC vive racha histórico após Marcola ser acusado de “delator” por outras lideranças da facção criminosa
atualizado
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São Paulo – O promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), afirmou que mais dois chefões do Primeiro Comando da Capital (PCC) se voltaram contra Marco Herbas Willians Camacho, o Marcola, o líder máximo da facção. O grupo criminoso vive um racha interno que já deixa rastro de sangue em cidades paulistas.
Segundo Gakyia, os criminosos Daniel Vinicius Canônico, o Cego, e Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal, integrantes históricos do PCC, tomaram o partido dos dissidentes e estão contra Marcola, que é acusado de “delator” por parte das lideranças da facção. Todos estão presos no sistema penitenciário federal, mas têm aliados nas ruas.
“Realmente, nós detectamos que está ocorrendo esse racha interno na facção”, afirmou o promotor, considerado a principal referência no combate ao PCC, em entrevista à Band, nesta terça-feira (19/3). “De um lado temos o líder máximo e, do outro, integrantes tão importantes quanto Marcola”.
O racha no PCC acontece após o chefão-mor ter a liderança contestada por três antigos aliados: Roberto Soriano, o Tiriça, Abel Pacheco de Andrade, o Abel Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho.
Racha histórico
O principal motivo do conflito, que já é considerado histórico, seria um diálogo gravado entre Marcola e policiais penais federais, na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO). Na ocasião, o líder máximo do PCC afirma que Tiriça seria um “psicopata”.
A declaração foi usada por promotores durante o julgamento de Tiriça, que foi condenado a 31 anos e 6 meses de prisão, em 2023, por ser o mandante do assassinato da psicóloga Melissa de Almeida Araújo. A fala de Marcola teria sido interpretada pelos antigos aliados como uma espécie de delação.
Desde então, o conflito tem deixado rastro de sangue em cidades paulistas e preocupado as autoridades. Pelo menos três pessoas já foram mortas.
Quem são Cego e Funchal
Condenado a mais de 99 anos de prisão, Cego já fez parte da Sintonia Geral Final, a mais alta cúpula da facção criminosa, mas teria sido afastado do posto durante outra guerra interna travada pelo PCC em 2018.
Cego é um aliado de Tiriça. Na sua ficha criminal, constam passagens por homicídio, roubo, sequestro, cárcere privado, porte ilegal de armas, receptação, resistência, lesão corporal, falsa identidade, dano, motim e resgate de presos. Ele está no Presídio Federal de Porto Velho.
Já Funchal é condenado pelo assassinato do juiz Antônio José Machado Dias, em Presidente Prudente, no interior paulista, ocorrido em 2003. Ele tem pena superior a 66 anos de prisão.
Segundo Gakiya, o criminoso também faria parte da Sintonia Final Geral.
“Nenhuma ligação”
Em nota enviada ao Metrópoles, a defesa de Cego nega o racha com Marcola e afirma que ele não tem “hoje nenhuma ligação ao PCC nem mesmo a qualquer outra facção criminosa existente”.
“Hoje o reeducando está recolhido na Penitenciária Federal de Porto Velho/RO, com intuito apenas de cumprir sua pena, buscando sempre sua ressocialização, com excelente comportamento, realizando cursos, escrevendo livros e pleiteando, inclusive, a autorização para realização de curso superior”, diz o comunicado, assinado pelos advogados Magviniêr Silva, Daniel Pinheiro e Glauber Silva.