Quem é Victor Bonato, influencer evangélico acusado de estuprar fiéis
Líder do movimento Galpão, o influencer evangélico Victor Bonato, de 27 anos, foi preso após ser acusado de estuprar três mulheres
atualizado
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São Paulo – Preso por suspeita de estuprar três fiéis, o empresário e influencer evangélico Victor Bonato, de 27 anos, atua na área de marketing digital, se declara antifeminista e diz que recebeu a missão divina de pregar para adolescentes ricos. Ele “nega veementemente” os crimes.
Com mais de 145 mil seguidores no Instagram e pregações transmitidas ao vivo, Victor Bonato ganhou notoriedade nas redes sociais por fundar e liderar o Movimento Galpão – instituição evangélica voltada para jovens de Alphaville, bairro rico de Barueri, na Grande São Paulo. O influencer foi afastado do grupo religioso após as denúncias.
Em agosto, semanas antes de ser investigado pela Polícia Civil, Bonato concedeu entrevista ao podcast Gospelmente. Na ocasião, o líder religioso contou que escolheu o local justamente por causa do público de alto poder aquisitivo.
“Hoje, Alphaville é um dos lugares mais caros, tido como dos influenciadores e dos milionários. O nosso chamado é lá por esse propósito”, afirmou. “O Galpão vai ser usado para alcançar os filhos. Por meio dos filhos, nós vamos alcançar os pais. E, por meio desse alcance, heranças vão ser resgatadas e prostradas aos pés de Jesus.”
Filme da Barbie
Victor de Paulo Gonçalves nasceu em Muriaé, no interior de Minas Gerais, e adotou a identidade de Victor Bonato, o sobrenome do pai. Antes de ser preso, ele morava em um apartamento em Alphaville, alugado no nome da mãe, por R$ 5,2 mil ao mês, fora o condomínio.
Segundo relatou no podcast, o influencer ficou afastado de atividades religiosas, só voltou à igreja há cerca de dois anos, quando já estava em São Paulo, onde decidiu criar um grupo evangélico.
“Hoje eu lidero um movimento de jovens, que criei em 2021, quando retornei ao Senhor”, disse. “Ele mandou eu criar uma célula para compartilhar tudo o que eu tinha vivido, o processo de libertação, de onde Ele tinha me tirado e para onde Ele estava me levando.”
Com a maior parte da carreira dedicada ao marketing digital, o influencer atualmente é dono de uma empresa de anúncios online, que tem escritório na Avenida Paulista, a mais famosa da capital.
Como líder religioso, Bonato usava as redes para postar trechos de palestras e relatos de pessoas supostamente curadas durante os eventos. Em julho, ele chegou a postar uma análise do filme da Barbie, em que associou o feminismo a “Satanás”.
“Como cristão verdadeiro, gostei muito desse filme e vou falar por quê. Ele veio nos trazer um choque de realidade e mostrar para onde Satanás, através do movimento feminista e das militâncias, está querendo nos levar.”
Prisão
O Metrópoles revelou neste sábado (7/10) que Victor Bonato foi alvo de um mandado de prisão temporária no fim de setembro, acusado de estupro mediante fraude. Na ocasião, os policiais apreenderam o celular do suspeito, um iPhone 14, para analisar suas mensagens.
Um dia antes de ser preso, o influencer evangélico postou um vídeo nas redes sociais no qual confessa ter cometido “pecados” e pede “perdão às meninas” (veja abaixo).
Segundo a investigação, ele foi denunciado por três mulheres, com idades entre 19 e 24 anos, que alegaram terem sido estupradas entre janeiro e setembro deste ano. Os crimes teriam acontecido fora do espaço religioso. Para a Polícia Civil, o suspeito se valia da condição de liderança no grupo para abusar sexualmente das fiéis.
O processo está sob segredo de Justiça. Em nota, a advogada Samara Batista Santos, responsável pela defesa, afirma que Bonato “nega veementemente as alegações contra ele”, mas que não pode “fornecer detalhes específicos”.
Ainda de acordo com a advogada, Victor ainda não foi interrogado na delegacia e, portanto, sua versão é desconhecida no processo. “Meu cliente hoje encontra-se temporariamente detido, enquanto a investigação está em andamento”, diz.
“Reitero que respeitamos plenamente a seriedade das alegações em questão e reconhecemos a importância de proteger os direitos de todas as partes envolvidas no caso”, afirma.