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Quem é o ex-chefe da Rota e da Ceagesp favorito para ser vice de Nunes

Coronel Ricardo Mello Araújo foi indicado por Bolsonaro e Tarcísio para disputar a Prefeitura de SP na vaga de vice de Ricardo Nunes

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Imagem colorida mostra Mello Araujo fazendo gesto bolsonarista de armas com as mãos - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra Mello Araujo fazendo gesto bolsonarista de armas com as mãos - Metrópoles - Foto: Reprodução/Instagram

São Paulo — Favorito para ser o vice na chapa do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), por conta da indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o coronel da reserva Ricardo Mello Araújo (PL) fez uma longa carreira na Polícia Militar paulista, onde chegou a comandar a Rota, a tropa da PM conhecida pela truculência, mas é sua breve passagem à frente da Ceagesp que tem sido destacada pelos aliados como um trunfo eleitoral.

No discurso bolsonarista, Coronel Mello moralizou a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, na zona oeste da capital, no período em que chefiou o local no governo Bolsonaro, entre 2020 e 2022. É atribuído a ele o fim dos esquemas de corrupção na Ceagesp, como cobrança de propina de comerciantes, e dos prejuízos — o local teria passado a dar lucro na gestão dele. Segundo seus aliados, ele acabou até com a prostituição infantil que ocorria dentro do complexo. A gestão dele também foi alvo de críticas.

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O prefeito Ricardo Nunes e o coronel Ricardo Mello Araújo
O governador Tarcísio de Freitas e o prefeito de SP, Ricardo Nunes
Tarcísio de Freitas, Jair Bolsonaro, Ricardo Nunes e Coronel Mello Araújo
Ex-presidente Bolsonaro ao lado de Tarcísio de Freitas, governador de SP
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Tarcísio de Freitas, Jair Bolsonaro, Ricardo Nunes e Coronel Mello Araújo

Reprodução/ CNN Brasil
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O prefeito Ricardo Nunes e o coronel Ricardo Mello Araújo

Arte Metrópoles
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O governador Tarcísio de Freitas e o prefeito de SP, Ricardo Nunes

Divulgação/Prefeitura de São Paulo
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Tarcísio de Freitas, Jair Bolsonaro, Ricardo Nunes e Coronel Mello Araújo

Juliana Arreguy/ Metrópoles
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Ex-presidente Bolsonaro ao lado de Tarcísio de Freitas, governador de SP

Reprodução de redes sociais

Nessa sexta-feira (14/6), ao falar com jornalistas após sair de um almoço na Prefeitura com Bolsonaro, Nunes e Tarcísio para tratar de sua indicação, Coronel Mello chegou a ensaiar um bordão com ares eleitorais para falar sobre sua gestão. “Se não roubar, sobra”, disse. Ao apresentar seu provável vice, Nunes praticamente não fez referências ao passado militar do aliado, preferindo destacar seu trabalho civil na Ceagesp. O mesmo fez Bolsonaro.

“O Mello Araújo pegou uma cidade, são 50 mil pessoas por dia e transformou em um local realmente urbano, habitável, botou Caixa Econômica lá dentro, asfaltou, impôs a lei da segurança lá dentro”, disse o ex-presidente.

Trajetória na PM

Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo tem 53 anos e nasceu na cidade de São Paulo em uma família de PMs. Ele é a terceira geração a trabalhar como oficial da Polícia Militar paulista. Seu avô foi integrante da Força Pública e combatente paulista durante a Revolução de 1932. Já o pai liderou o Batalhão de Choque e o Comando de Policiamento da Capital, dois dos cargos mais importantes da corporação, e teve seu comando marcado por uma greve de PMs, com 250 amotinados, em 1988.

Coronel Mello foi admitido no curso preparatório da PM quando ainda tinha apenas 15 anos e se formou na Academia Militar do Barro Branco, escola que forma oficiais da corporação, em 1992. Com a patente de tenente, trabalhou a maior parte da carreira no 34º Batalhão da Polícia Militar do Interior, na cidade de Bragança Paulista, e depois no 28° Batalhão, na capital.

Ainda major, Mello passou à condição de assessor militar da Secretaria da Segurança Pública (SSP), e trabalhou como um dos auxiliares do ex-secretário Antônio Ferreira Pinto, entre 2012 e 2014.

O período foi marcado por uma onda de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) contra a PM. Segundo investigações da época, 106 policiais foram mortos por integrantes da facção. Ferreira Pinto operou uma central de escutas telefônicas que fornecia informações diretamente para a Rota para enfrentar a facção.

Mello, já com a patente de tenente-coronel, assumiu o comando da Rota em 2017. Neste período, suas relações com parlamentares da extrema-direita se intensificou. Segundo relato do ex-deputado estadual Frederico D’Ávila (PL), feito em uma sessão na Assembleia Legislativa (Alesp) no fim de 2019, Mello o procurou para ajudar a arrecadar fundos para reformas e melhorias no batalhão.

Críticas na Rota e bolsonarismo

A aproximação com Bolsonaro ocorreu também no período em que comandou a Rota. Ao assumir o cargo, em 2017, Mello deu uma entrevista ao site UOL em que disse que havia “pessoas diferentes” nos Jardins, bairro nobre da região central de São Paulo, em relação a moradores da periferia da capital.

“São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma dele abordar tem que ser diferente. Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia], da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins [região nobre de São Paulo], ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado”, disse ele, na época.

Em meio à série de críticas enderençadas ao PM, Mello recebeu mensagens de apoio de Jair Bolsonaro, que fez sua carreira parlamentar baseada na defesa dos militares. O gesto resultou em gratidão, e o coronel apoiou o ex-presidente na campanha de 2018, quando ele foi eleito.

Carreira na Ceagesp

Mello entrou para a reserva da PM pouco após a eleição, no começo de 2019, e o apoio ao ex-presidente lhe rendeu a indicação para o comando da Ceagesp, no ano seguinte. O local passou a ser o enclave bolsonarista da capital, no momento em que João Doria, então governador do Estado pelo PSDB, fazia ferrenha oposição a Bolsonaro.

Mello e o então chefe do Comando de Policiamento do Interior da PM, Aleksander Lacerda, participaram da organização dos atos convocados por Bolsonaro em 7 de setembro de 2021, que contou com milhares de pessoas e lotou a Avenida Paulista de ponta a ponta (foto em destaque). Na ocasião, o ex-presidente chegou a dizer que não obedeceria decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A atuação de Mello e Lacerda terminou com ambos investigados por improbidade administrativa em um inquérito do Ministério Público de São Paulo (MPSP), mas o processo foi arquivado em 2022.

“Em que pese a reprovabilidade das condutas ora apuradas, a partir dos elementos coligidos nos autos, não restou evidenciado a prática de qualquer comportamento passível de punição no âmbito da improbidade administrativa”, escreveu o promotor público José Carlos Blat, ao requerer o arquivamento.

Paralelamente, na companhia vinculada ao governo federal, Mello empregou outros PMs como auxiliares e promoveu uma gestão militarizada, destacando nas redes sociais uma gestão linha-dura no combate a uma série de crimes praticados no local, principalmente corrupção.

A utilização de agentes da Rota para ajudar no trabalho trouxe atritos com outras categorias policias. O deputado federal Delegado Olim (PP), por exemplo, chegou a enviar um requerimento ao batalhão cobrando explicações sobre a presença constante de PMs do grupo na Ceagesp.

A gestão, por outro lado, passou por uma série de críticas, que resultaram em uma ação de assédio moral a funcionários da empresa que tramita em segunda instância no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e uma ação de improbidade administrativa no Tribunal de Contas da União (TCU) por dúvidas acerca de um repasse de R$ 32 milhões a comerciantes dos armazéns que ficou com a empresa.

Além disso, a Ceagesp autorizou uma loja de armas e estande de tiros funcionar em suas dependências em 2022 – a autorização foi revogada por causa de críticas.

Mello foi sacado da Ceagesp em 2023, após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas continuou orbitando a bancada bolsonarista na Alesp e no Congresso. Para que seja oficializado vice na chapa pela reeleição do atual prefeito, Nunes, Tarcísio e Bolsonaro ainda precisam vencer a resistência que persiste, especialmente, entre políticos com relações com a Polícia Civil.

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