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Quem é o “Rato da Love”, suspeito de bancar shows com dinheiro do PCC

Segundo a PF, produtor de funk conhecido como Rato da Love é suspeito de integrar célula do PCC que financia shows com dinheiro do tráfico

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Homem de boné, óculos, calça preta e camiseta branca deitado sobre asa de avião de pequeno porte - Metrópoles
1 de 1 Homem de boné, óculos, calça preta e camiseta branca deitado sobre asa de avião de pequeno porte - Metrópoles - Foto: Reprodução/Instagram

São Paulo — O produtor de funk Henrique Alexandre Barros Viana, de 44 anos, conhecido como “Rato da Love”, é apontado pela Polícia Federal (PF) como um dos principais suspeitos de integrar uma célula do Primeiro Comando da Capital (PCC) que estaria financiando o agenciamento de artistas, por meio do pagamento de seus shows, com dinheiro do tráfico de drogas.

Segundo a PF, o suposto esquema seria feito por meio da produtora Love Funk, que conta com milhões de seguidores nas redes sociais. As informações estão em um inquérito, obtido pelo Metrópoles, que foi aberto pelo grupo especial que investiga facções criminosas na Polícia Federal. No fim de 2022, por decisão de uma juíza federal, a apuração foi transferida para a Justiça paulista, onde o caso segue em sigilo.

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Produtor faz rifas, vendidas por centavos, de milhares de reais em dinheiro vivo
Rato da Love costuma passear em lancha de R$ 1,3 milhão
Coaf identificou movimentações suspeitas em produtora Love Funk
Produtor de funk gosta de guiar carros de luxo
Produtor em carro conversível de luxo
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Investigado pela PF, Rato da Love costuma aparecer com grandes quantidades de dinheiro, sorteados em rifas

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Produtor faz rifas, vendidas por centavos, de milhares de reais em dinheiro vivo

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Rato da Love costuma passear em lancha de R$ 1,3 milhão

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Coaf identificou movimentações suspeitas em produtora Love Funk

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Produtor de funk gosta de guiar carros de luxo

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Veículos ostentados por Rato nas redes não estão registrados em seu nome

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Rato da Love fala ao lado de carro esportivo de luxo

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Rato da Love ostenta vida de luxo nas redes sociais

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Suspeita de lavagem de dinheiro

Atualmente, Rato da Love e sua esposa, Daniela Cristina Viana, 42 anos, figuram como os únicos sócios da produtora, que funciona na zona leste paulistana. Porém, na internet, há um vídeo (assista abaixo) no qual o produtor aparece formalizando a venda de 10% da Love Funk, por R$ 5 milhões, para Wesley Rodrigo Goes Venceslau, o Wesley Alemão.

Apesar da publicidade, o nome de Wesley não consta no quadro societário da produtora, segundo a PF, e o capital social da empresa é de R$ 150 mil, fato que chamou a atenção dos investigadores. A PF suspeita que Rato tenha recebido os R$ 5 milhões sem ter vendido oficialmente os 10% da Love Funk, um forte indício de lavagem de dinheiro, segundo a investigação.

Relatórios de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviados à PF mostram uma série de movimentações financeiras suspeitas nas contas da Love Funk, cujo nome formal é Formato Funk Agenciamento Artístico Ltda.

Segundo o levantamento, a produtora recebeu R$ 18,1 milhões na conta em um intervalo de seis meses em 2021, embora tivesse declarado faturamento médio mensal de R$ 100 mil.

Ostentação e luxo

Em suas redes sociais, Rato e a esposa exibem uma vida de luxo, com carros importados, lanchas, helicópteros e avião particular. Rato também aparece em vídeos segurando maços de dinheiro, com milhares de reais, ofertados em rifas que são vendidas por centavos aos seus seguidores.

Uma lancha na qual ele faz passeios no litoral paulista, conforme levantamento da PF, está avaliada em R$ 1,3 milhão. Somente um dos carros de luxo usados por ele, uma Land Rover Defender, custa cerca de R$ 700 mil.  O produtor também freta aviões de pequeno porte e helicópteros, como é possível ver nas redes sociais dele e da esposa.

Parte dos itens ostentados, segundo a investigação, não estão registrados diretamente no nome dele, mas no de sua produtora.

Empresas fantasmas

Quando a PF iniciou as investigações, em 2021, somente Daniela Cristina Viana constava como proprietária da Love Funk, apesar de Rato aparecer ativamente nas redes sociais da empresa, promovendo artistas e eventos.

A polícia acredita que, na ocasião, ele não queria chamar a atenção por causa de seu histórico criminal por receptação qualificada, furto qualificado e associação criminosa.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mencionados na investigação, indicam que a Love Funk não possuía nenhum vínculo empregatício apesar dos investigadores verificarem, nas rede sociais, “que há sim várias pessoas que trabalham na empresa”.

O levantamento da PF concluiu que existem “fortes indícios” de que Rato da Love estaria se dedicando à “lavagem de capitais provenientes do tráfico de drogas ou de outros crimes”.

Rato da Love se manifesta

A Love Funk foi procurada pelo Metrópoles nos últimos dois dias para se manifestar sobre a investigação, mas não retornou o contato.

Rato da Love usou uma de suas redes sociais (assista abaixo) para comentar a investigação da PF e a reportagem do Metrópoles.

“Vocês gostam de noticiar coisa ruim.  Vem até aqui, na Love Funk, porque tem muita coisa boa pra vocês noticiarem aqui. Vários projetos social [sic] que a gente faz. Várias coisas que a gente faz aqui em prol das pessoa que precisa [sic]”.

Sobre a vida de luxo, Rato diz: “Realmente, todo mês cai cinco, seis milhões [de reais] em minha conta, entendeu. É fruto do nosso trabalho, tá bom. Contratos internacionais, venda de show, publicidade, nós temos muito artista famoso aqui, entendeu? Então, realmente esse dinheiro entra [sic]”.

Sobre a investigação da PF, ele afirma já ter “esclarecido” à polícia . “Foi provado que nosso dinheiro é totalmente lícito, beleza”, conclui o produtor.

O caso segue em andamento na Justiça de São Paulo.

 

Investigação começou na padaria

A investigação que levou a PF até o suposto esquema de lavagem de dinheiro do PCC por meio de produtoras de funk teve início a partir de uma conversa testemunhada por um policial federal em uma padaria em Alto de Pinheiros, bairro nobre da da zona oeste paulistana, em agosto de 2021.

Na ocasião, segundo o agente da PF, Bruno Amorim de Souza, de 34 anos, que já havia sido preso por tráfico de drogas, conta para um homem não identificado que estava “ganhando muito dinheiro” com “fitas de progresso”, gíria usada pelo PCC para atividade envolvendo o tráfico

Para isso, de acordo com a PF, ele estaria usando veículos que, durante a semana, faziam o transporte de mercadorias lícitas para, aos fins de semana, realizar “as fitas” para a facção.

Segundo o relato do policial, Bruno continuou contando ao interlocutor que havia comprado um caminhão por R$ 500 mil, pagos em dinheiro vivo, e que “estaria sendo financiado pelos indivíduos conhecidos por Rodrigo da GR6 e Rato da Love Funk”.

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