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Quem é quem no caso Gritzbach, delator do PCC executado no aeroporto

Com delação explosiva e uma morte cercada de mistério, Vinícius Gritzbach trouxe à tona personagens que dão pistas sobre ação do PCC em SP

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1 de 1 Imagem colorida de corpo em aeroporto. Metrópoles - Foto: Leonardo Amaro/ Metrópoles

São Paulo — Após a morte de Vinícius Antônio Gritzbach no Aeroporto de Guarulhos no último dia 8/11, a força-tarefa que investiga o caso tem pela frente um diversificado rol de suspeitos, que inclui integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), policiais militares, policiais civis e advogados. Até o momento, nenhuma hipótese sobre a autoria do crime é descartada.

Com uma delação explosiva e uma morte cercada de mistério, Vinícius Gritzbach trouxe à tona personagens que dão pistas sobre a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas instituições e nas polícias do estado.

Veja abaixo uma lista dos principais personagens na investigação do caso:

Viagem a Alagoas

Vinícius Gritzbach embarcou para Alagoas no dia 1º de novembro para passar uma semana em uma pousada em São Miguel dos Milagres. Com ele, estavam sua namorada, Maria Helena Paiva Antunes, o segurança Danilo Lima Silva e o policial militar Samuel Tillvitz da Luz.

Maria Helena Paiva Antunes

O relacionamento entre Vinícius Gritzbach e a namorada, de 29 anos, teria começado há cerca de um ano, a partir de um troca de mensagens no Instagram. Em depoimento à polícia, ela disse que o companheiro já havia relatado ameaças de morte. Segundo ela, na viagem ao Nordeste, ele chegou a pensar durante um jantar que um de seus inimigos estava lhe observando.

Em 2016, Maria Helena Paiva Antunes foi candidata a vereadora no município de Barbosa Ferraz, no noroeste do Paraná. Ela obteve 16 votos e não conseguiu se eleger.

Danilo Lima Silva

O segurança particular Danilo Lima Silva disse à polícia ser segurança particular e motorista de Gritzbach. Ele também seria encarregado de levar os filhos do patrão para a escola e para passeios no shopping.

Durante a viagem ao Nordeste, na quarta-feira (13/11), dois dias antes do retorno a São Paulo, Gritzbach pediu para que Danilo fosse até um quiosque na orla de Maceió para buscar um kit de joias, com um homem identificado como Alan. Segundo a polícia, as joias foram avaliadas em mais de R$ 1 milhão.

Danilo afirma no depoimento que o empresário teria pedido para que ele buscasse as joias em Maceió após receber a ligação de um homem, não identificado, que teria uma dívida de R$ 2 milhões com ele. As joias seriam entregues como parte do pagamento pela dívida.

Samuel Tillvitz da Luz

O policial militar Samuel Tillvitz da Luz disse à equipe de investigação que a viagem a Alagoas teria ocorrido durante um “afastamento regulamentar” da corporação, que teria sido obtido por folgas mensais acumuladas.

Ele disse que escoltou Danilo até Maceió quando o segurança de Gritzbach foi buscar o kit de joias, garantindo que não sabia o conteúdo da encomenda.

Assim como os demais policiais militares que faziam segurança privada de Gritzbach, ele é suspeito de envolvimento na execução e foi afastado da corporação. O soldado afirmou que, no momento da execução, se escondeu atrás de um ônibus porque estava “em desvantagem” e decidiu “proteger a sua própria vida”.

O soldado também responde a um procedimento na Corregedoria da PM por bico irregular.

Execução

A comitiva de Vinícius Gritzbach desembarcou no Aeroporto de Guarulhos por volta das 15h20. O combinado é que três policiais militares estivessem na saída para recebê-lo na área de desembarque do Terminal 2 do aeroporto, com dois veículos blindados: Leandro Ortiz, Adolfo Oliveira Chagas e Romarks César Ferreira de Lima, além do motorista Jefferson Silva Marques de Sousa.

No entanto, os PMs avisaram, em cima da hora, que um dos veículos iria fazer o transporte, uma Trail Brlazer, pois o outro, uma Amarok, estaria com um problema e não dava a partida. Gritzbach teria concordado com a operação. Com isso, não haveria assentos disponíveis na Trailblazer para o empresário e a namorada.

Vinicius Gritzbach
Empresário, preso sob suspeita de mandar matar membros do PCC, foi solto por determinação do STJ

Leandro Ortiz

O cabo Leandro Ortiz teria sido o responsável por contactar Danilo e informar sobre a suposta pane em um dos carros, uma Amarok. Após consultar o patrão, o segurança de Gritzbach concordou com a operação sugerida por Leandro Ortiz. Em depoimento, ele afirmou que o veículo tem um problema na ignição.

Adolfo Oliveira Chagas e Romarks César Ferreira de Lima

O soldado Adolfo Oliveira Chagas também ficou no posto de gasolina com a Amarok que teria tido uma pane elétrica, assim como o cabo Romarks César Ferreira de Lima.

Jefferson Silva Marques de Sousa

Com um único veículo disponível para o transporte de Gritzbach e da namorada, não haveria espaço para o casal e para os PMs. O motorista Jefferson Silva Marques de Sousa, foi até o posto de gasolina para deixar o colega Romarks com os outros dois PMs e o veículo quebrado.

Na volta, Jefferson levou o filho e o sobrinho de Gritzbach, que até então estavam com o carro quebrado, para o aeroporto.

Giovanni Garcia

Em depoimentos à Corregedoria da PM, três dos policiais relataram que o recrutamento para a equipe de segurança de Gritzbach teria sido feito por um homem identificado como tenente Garcia, do 23º Batalhão Metropolitano. O oficial é Giovanni de Oliveira Garcia.

Parceiros no crime

As principais suspeitas sobre os possíveis mandantes da morte de Vinícius Gritzbach envolvem seus negócios de lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital, um suposto golpe na facção e a acusação pelo homicídio de duas importantes lideranças do crime.

Cara Preta

Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, é apontado como uma importante liderança do PCC ligada à empresa de ônibus UpBus. Ele teria recorrido a Gritzbach para lavar dinheiro da facção por meio de empreendimentos imobiliários e investimentos.

O PCC passou a acusar Gritzbach de desviar parte de um investimento de US$ 100 milhões em criptomoedas.

Em dezembro de 2021, Cara Preta foi morto em um ataque a tiros. Sem Sangue, seu motorista, também foi assassinado. Vinícius Gritzbach foi responsabilizado pelo crime pela equipe de investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e se tornou réu por duplo homicídio.

Cebola

Silvio Luiz Ferreira, conhecido como “Cebola”, é apontado como um dos principais suspeitos pela morte de Gritzbach. Assim como Cara Preta, ele é ligado a Upbus e já ocupou o cargo de diretor da empresa. De acordo com o MPSP, ele teria montado uma espécie de escritório do PCC em sua sede.

Cebola teria “condenado” Gritzbach à morte em dezembro de 2021, após a morte de Cara Preta e Sem Sangue.

Em seu acordo de delação premiada, homologado em abril deste ano, Vinícius Gritzbach se comprometeu a compartilhar informações sobre o envolvimento de Cebola nos mecanismos usados pelo PCC para lavar dinheiro.

Django

Claudio Marcos de Almeida, o Django, também apontado como integrante do PCC e sócio de Cara Preta, teria contratado os serviços de Gritzbach. Segundo o MPSP, familiares do empresário passaram a atuar como “laranjas” do integrante da facção na compra de imóveis no condomínio Riviera de São Lourenço, em Bertioga.

Após a morte de Cara Preta, Gritzbach teria sido sequestrado e levado para um tribunal do crime do PCC. Django teria defendido o empresário, pedindo para que ele não fosse executado. Em 23 de janeiro de 2022, o membro da facção foi enforcado e teve o corpo jogado sob o viaduto da Vila Matilde.

Mude

O advogado Ahmed Hassan, conhecido como Mude, também é ligado a UpBus. Advogados de Gritzbach afirmam que ele teria oferecido R$ 3 milhões pela cabeça do delator. O delator teria gravado um telefonema de Hassan a um policial, em que oferece o pagamento.

Hassan foi preso em 7 de agosto deste ano, junto com outras 19 pessoas investigadas por lavagem de dinheiro da facção criminosa. Ele acabou solto no mesmo dia.

Policiais civis suspeitos

Em sua delação, Vinícius Gritzbach citou uma série de policiais militares que, segundo ele, teriam tentado extorqui-lo para livrá-lo da investigação sobre a morte de Cara Preta e Sem Sangue. A cobrança era por R$ 40 milhões.

Fabio Baena

O delegado Fabio Baena, que na época atuava no DHPP, foi responsável por relatar o inquérito sobre a morte dos líderes do PCC. Segundo Gritzbach, ele e “toda sua equipe” estariam envolvidos em um esquema de corrupção policial.

“Áudios comprovam ilicitudes e arbitrariedades de Fabio Baena e toda sua equipe, como Rogerinho, Eduardo Monteiro e outros, viciando toda a instrução processual”, afirma a proposta de delação homologada pelo MPSP.

Rogerinho

Conhecido nas redes sociais como Rogerinho Punisher, Rogerio de Almeida Felicio, integrante da equipe de Fabio Baena, é acusado de participar das extorsões.

Com mais de 100 mil seguidores no Instagram e um salário de R$ 7 mil, Rogerinho é dono de uma incorporadora no litoral Sul de São Paulo. Ele também é sócio de uma clínica estética, de uma empresa de segurança privada e de uma construtora que ergueu cinco condomínios de 37 casas.

Rogerinho também atuava como segurança do cantor sertanejo Gusttavo Lima.

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