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Quem é Pikang Dong, o traficante da droga do “sexo químico” em SP

Celular de chinês suspeito de tráfico de drogas revelou gangues internacionais da metanfetamina em São Paulo a investigadores

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TRAFICANTE PIKANG DONG CONHECIDO COMO RODÍZIO - METRÓPOLES
1 de 1 TRAFICANTE PIKANG DONG CONHECIDO COMO RODÍZIO - METRÓPOLES - Foto: Reprodução

São Paulo – A prisão em flagrante do chinês Pikang Dong, 69 anos, foi o caminho para que a Polícia Civil desmantelasse uma quadrilha de chineses, mexicanos e nigerianos que domina a venda de metanfetamina no centro de São Paulo. Foi a partir do celular do traficante que investigadores encontraram um manancial de mensagens sobre a rede de entregas da droga nas ruas, em hotéis e motéis da capital paulista.

A metanfetamina é um entorpecente que tem se popularizado como um produto do chemsex, termo que, em português, é conhecido como “sexo químico” — o ato sexual impulsionado pelo uso de drogas. Por isso, os principais destinatários dos traficantes são usuários que passam o dia em hotéis com prostitutas ou parceiras, intercalando sexo e drogas.

Dong foi detido no dia 1 de julho de 2024. Ele tinha 400g de metanfetamina e a chave de uma Mercedez — veículo que não era de sua propriedade. Na ocasião, a polícia paulista cumpria prisões em flagrante de seis pessoas, sendo três chineses. Dong chegou ao local enquanto policiais apreendiam 2 kg de metanfetamina e acabou preso com os outros.

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Papelotes de metanfetamina apreendidos na Operação Heisenberg. Imagem: Secretaria da Segurança Pública de São Paulo
Mala de dinheiro apreendida pelo Denarc. Imagem: Secretaria da Segurança Pública de São Paulo
Viaturas da Polícia Civil empenhadas na Operação Heisenberg. Imagem: Secretaria da Segurança Pública de São Paulo
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Celulares, dinheiro e passaportes apreendidos na Operação Heisenberg. Imagem: Secretaria da Segurança Pública de São Paulo

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Papelotes de metanfetamina apreendidos na Operação Heisenberg. Imagem: Secretaria da Segurança Pública de São Paulo

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Mala de dinheiro apreendida pelo Denarc. Imagem: Secretaria da Segurança Pública de São Paulo

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Viaturas da Polícia Civil empenhadas na Operação Heisenberg. Imagem: Secretaria da Segurança Pública de São Paulo

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O endereço do QG da droga foi revelado por um chinês que denunciou tudo à Polícia Civil. Ele disse que veio ao Brasil em razão de uma proposta tentadora de emprego, mas acabou descobrindo que teria de trabalhar para o delivery de tráfico de drogas. Os envolvidos, incluindo Dong, foram condenados a nove anos de prisão – cabe recurso.

Quando da sua prisão, Pikang Dong disse que era apenas usuário de drogas, trabalhava em obras e ganha de R$ 10 mil a R$ 20 mil mensais quando havia serviço. Afirmou ainda que apenas suas roupas estavam no apartamento, que pertencia a uma pessoa próxima. Seu celular, no entanto, mostrava uma vida bem diferente.

O celular bomba

As conversas dele revelaram tratativas com traficantes mexicanos e nigerianos, além de intrigas e até brigas entre criminosos. Até mesmo uma longa receita sobre o processo de fabricação da droga. A Mercedez que ele dirigia no dia em que foi preso, aliás, pertencia a Zheng Xiao Yun, o Marcos Zheng, empresário chinês hoje condenado a nove anos de prisão pela venda de origem fraudulenta em meio à pandemia.

A tomar pelas conversas no aparelho de Dong, seu apelido no mundo do tráfico é “Rodízio”. Seus interlocutores foram objetos de campanas e quebras de sigilo solicitadas por investigadores ao Poder Judiciário. Nas conversas com Marcos Zheng, por exemplo, ele cita outro criminoso com quem brigou e diz: ” Essa pessoa merece morrer, foda-se ele”.

Zheng foi preso em um motel, com uma prostituta e uma porção de metanfetamina, em São Paulo. Em depoimento, ela disse que ele se apresentava como um empresário do ramo de açúcar. Em mensagens, a Polícia entende que o “açúcar” é uma referência à drogas.

O traficante mexicano

Com um traficante mexicano, chamado Guilhermo Fabian Ortiz, além de menções à venda de drogas, há fotos de armas que Dong negociou. Guilhermo é engenheiro químico de formação e visto por investigadores como um dos maiores fornecedores de metanfetamina de São Paulo. Ele é conhecido como o “fantasma” por traficantes.

Em uma das trocas de mensagens, Ortiz diz a Dong: “Comprar de nigerianos custa 40, mas a qualidade não é boa, seria mais aceitável se fosse 50”. Dong responde: “Vou dar o preço que administro como fornecedor, que é 45 reais”.

O famoso “Bruce”

Ainda foram encontrados diálogos entre Dong e Lin Xiaozhe, conhecido como Bruce, codinome famoso nas ruas de São Paulo por ser um varejista de drogas para usuários. O apelido é constantemente citado em depoimentos a investigadores. A partir das conversas de Dong, o verdadeiro nome de “Bruce” foi identificado.

As investigações com base no celular de Dong e provas obtidas a partir de indícios de crimes em diálogos de seu celular, como diligências e transações bancárias em quebras de sigilo, levaram a Polícia Civil a pedir 60 mandados de prisão e 101 de buscas e apreensões, deflagrada em 17 de dezembro.

A operação Heisenberg

A operação foi batizada de Heisenberg, inspirada no apelido do personagem Walter White, da série televisiva Breaking Bad. Protagonista, White é um professor de química que se torna um temido líder do tráfico de metanfetamina no Novo México.

Curiosamente, um dos investigados é apelidado de Hector Salamanca, que também é um personagem da série e integrante do cartel de drogas do México.

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