Quem é o promotor de Justiça de São Paulo que o PCC planejava matar
Segundo a PF, promotor Lincoln Gakiya, do MP de São Paulo, estava entre os alvos de um plano do PCC para assassinar autoridades
atualizado
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São Paulo – A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação nesta quarta-feira (22/3) para prender integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), que teriam um plano de sequestrar e matar um promotor de Justiça com histórico de atuação contra o grupo.
Segundo a PF, Lincoln Gakiya, de 56 anos, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, era um dos alvos dos criminosos. O outro era o ex-juiz e agora senador Sergio Moro.
Nome forte do MPSP no combate ao crime organizado, Gakiya atua em Presidente Prudente, no interior paulista, e foi o responsável pelo pedido de transferência de Marcola, líder do PCC, para um presídio federal em Brasília no final de 2018.
Histórico de ameaças
Essa não é a primeira vez que o promotor fica na mira do PCC. A polícia já desvendou ao menos quatro planos da fação para matá-lo.
Em setembro de 2020, foi descoberto um plano do PCC de assassinar Gakiya após a polícia localizar uma carta na Penitenciária 1 de Presidente Bernardes. A ação seria retaliação à transferência de líderes da quadrilha para presídios federais.
Também houve suspeita de ordens de assassinato do promotor em 2018, quando Marcola ainda estava em Presidente Venceslau. Na ocasião, duas mulheres foram presas depois de serem flagradas saindo da Penitenciária 2 da unidade portanto cartas nas quais lideranças do PCC ordenavam a morte de duas pessoas, entre elas Gakiya.
O motivo também seria o pedido do promotor para a transferência de lideranças para presídios federais, o que acabou ocorrendo em 2019. A medida trouxe impactos para a operação dos negócios do PCC, uma vez que interfere nas rede de contatos dos chefes, afastando-os de familiares e advogados.
A primeira vez que chefes da facção decretaram a morte do promotor foi em 2005.
Em fevereiro deste ano, Gakiya deu entrevista exclusiva ao blog Na Mira, do Metrópoles (veja abaixo), na qual comentou operações do PCC de resgate de Marcola da prisão e o lobby feito pela quadrilha pela volta das visitas íntimas em presídios federais.
“Vida normal”
Diante de sua atuação de quase 20 anos no combate ao crime organizado e do histórico de ameçacas, Lincoln Gakiya, conhecido no meio do crime por apelidos como “Japonês” e “Tirano”, conta com um esquema de segurança feita por grupos de elite da Polícia Militar.
Em entrevista ao jornal O Globo, em 2018, o promotor afirmou que, depois de tantos anos vivendo sob ameaça, ele passou a encarar a situação com relativa tranquilidade.
“Dentro do possível, minha vida é normal. Vou à academia, corro no parque. Não posso viver encarcerado na minha residência. Mas, é claro, que não é agradável explicar para os seus filhos, para a sua mulher e parda sua mãe por que tem tanta polícia na porta da sua casa”, afirmou.
Gakiya ingressou no Ministério Público em dezembro de 1991, aos 24 anos. Atuou por anos nas comarcas de Presidente Bernardes e, depois, Presidente Venceslau, onde testemunhou de perto a ascensão do controle do PCC do sistema penitenciário paulista.