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Cobrança de dívidas e ameaças: quem é o matador da máfia chinesa em SP

Bo Lin é um dos principais matadores do Grupo Bitong, ramificação da máfia que tem como alvo compatriotas que vendem capinhas de celular

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Imagem colorida de Bo Lin, acusado de ser matador do Grupo Bitong, ramificação da máfia chinesa em São Paulo. - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de Bo Lin, acusado de ser matador do Grupo Bitong, ramificação da máfia chinesa em São Paulo. - Metrópoles - Foto: Polícia Civil

São Paulo — Bo Lin é um dos principais matadores do Grupo Bitong, ramificação da máfia chinesa que atua em São Paulo. A associação criminosa é responsável por extorquir, sequestrar e matar comerciantes chineses na região central da capital paulista.

O grupo era liderado por Liu Bitong, também chamado de Bitong Liu, que formou a ramificação juntamente com o seu irmão, Bi Young Liu, Bo Lin, Ou Zhou, Dagui Wang e outros matadores, “cada qual com suas funções, sendo o objetivo deste grupo, em primeiro plano, angariar quantias vultosas de dinheiro de chineses que trabalham com o comércio de importados no Brasil”, diz o relatório de investigação da Polícia Civil sobre um homicídio — supostamente cometido pelo grupo, em janeiro de 2015.

A genealogia do grupo, feita pela polícia, identifica o chinês de 38 anos como um matador, responsável por extorquir comerciantes a mando de Liu Bitong, que foi preso na última segunda-feira (16/12) pela Polícia Federal (PF) em Pacaraima, cidade de Roraima na fronteira com a Venezuela.

Conforme a investigação da Polícia Civil feita com a comunidade chinesa do centro de São Paulo, os comerciantes mantêm o voto de silêncio, pois temem por suas vidas no Brasil e pelos parentes na China.

Bo Lin é, assim como a maior parte dos seus comparsas, natural da província de Fujian, no sudeste da China. Ele chegou ao Brasil em 2007 e tinha uma loja no Shopping 25 de Março, até ser preso, em 2017.

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Bo Lin, acusado de integrar o Grupo Bitong, no dia em que foi preso.
Bo Lin sendo fichado ao chegar na cadeia.
Bo Lin de corpo inteiro.
Bo Lin, acusado de ser matador do Grupo Bitong, ramificação da máfia chinesa em São Paulo.
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Bo Lin, acusado de ser matador do Grupo Bitong, mostrando o dedo do meio para uma câmera de segurança.

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Bo Lin, acusado de integrar o Grupo Bitong, no dia em que foi preso.

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Bo Lin sendo fichado ao chegar na cadeia.

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Bo Lin de corpo inteiro.

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Bo Lin, acusado de ser matador do Grupo Bitong, ramificação da máfia chinesa em São Paulo.

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Associado de Bitong, Lin é apontado por testemunhas como um matador violento, responsável por fazer ameaças de morte por telefone e também pessoalmente.

“Bo Lin trata-se de pessoa muito agressiva e, por diversas vezes, agrediu e ameaçou de morte a vítima”, disse uma testemunha protegida em um processo que investiga um assassinato, supostamente cometido pelo Grupo Bitong na frente de um karaokê, em dezembro de 2016.

A associação criminosa tem como alvo lojistas chineses que vendem capinhas de celular no centro de São Paulo, principalmente na 25 de Março. De acordo com testemunhas ouvidas pela Justiça, eles cobram altas quantias para permitir que os estabelecimentos continuem funcionando. Se recusarem a pagar, os lojistas são mortos.

Histórico de matador da máfia

Recentemente, o Metrópoles revelou dois casos com o mesmo modus operandi — e que teriam participação direta de Bo Lin, conforme denunciou o Ministério Público (MPSP) à 1º Vara do Júri do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

Em janeiro de 2025, o vendedor de capinhas Zhenhui Lin foi assassinado, na Sé, mesmo após pagar de R$ 150 a R$ 180 mil em propina ao grupo, porque teria se recusado a continuar cedendo às extorsões.

Em dezembro de 2016, o comerciante Chengfeng Lin foi morto na saída de um karaokê, na Liberdade, depois de pagar aos criminosos R$ 170 mil – em seis parcelas de R$ 20 mil e mais uma de R$ 50 mil.

Chengfeng pagou esses R$ 50 mil após ter o irmão ser brutalmente agredido pelo Grupo Bitong. O valor exigido pelo grupo criminoso por esse episódio, no entanto, seria de R$ 100 mil, quantia que o comerciante se negou a pagar. Por isso, ele foi assassinado.

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Local que Chengfeng foi assassinado em 17 de dezembro de 2016, ao sair de um karaokê.
Foto da Polícia Civil mostra mancha de sangue onde comerciante chinês foi morto por máfia chinesa.
Diversos projéteis deflagrados foram encontrados no local onde ocorreu o assassinato.
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Fachada de prédio que servia de escritório para Grupo Bitong na Av Senador Queirós.

Reprodução
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Local que Chengfeng foi assassinado em 17 de dezembro de 2016, ao sair de um karaokê.

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Foto da Polícia Civil mostra mancha de sangue onde comerciante chinês foi morto por máfia chinesa.

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Diversos projéteis deflagrados foram encontrados no local onde ocorreu o assassinato.

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Além desses crimes, Bo Lin recebeu uma pena de 142 anos, 5 meses e 21 dias de reclusão em regime fechado e outra de 20 anos de reclusão, também em regime fechado, em processos que estão sob sigilo de Justiça.

No dia 6 de maio de 2025, Bo Lin irá a júri novamente, junto com o líder Liu Bitong e outro matador, identificado como Yoangshuai Lui – que está em liberdade e segue morando na região central da capital, como apontou a defesa do acusado no processo.

Dessa vez, Lin será julgado pelo assassinato de Chengfeng, em frente ao karaokê.

O matador está preso desde 8 de março de 2017, quando foi recolhido ao Centro de Detenção Provisória III de Pinheiros. No mês seguinte, Lin foi transferido para a Penitenciária de Itaí, no interior paulista, onde permanece preso.

A unidade prisional é o destino mais comum para os homens estrangeiros que são presos no estado.

O Metrópoles procurou a defesa de Bo Lin para comentar os crimes, mas não houve retorno. Nenhum dos telefones presentes nos processos aceitou ligações.

 

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