Quem é o coronel dono de imóvel com mais de 100 armas que pegou fogo
Vírgilio Parra Dias, de 69 anos, é coronel reformado desde 2010 e comandou companhia do Exército recriada no ano passado
atualizado
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São Paulo — O coronel da reserva do Exército Virgílio Parra Dias, de 69 anos, frequentou a Academia Militar das Agulhas Negras, onde se formou, e é reformado desde 2010. O militar é dono do apartamento que pegou fogo, na noite do último sábado (24/2), em Campinas, interior paulista. Dentro do imóvel, que estava desocupado, havia mais de 100 armas, além de munições e pelo menos duas granadas.
Segundo dados do Portal da Transparência do Governo Federal, o coronel se aposentou da carreira militar em 31 de dezembro de 2010. Ainda conforme o portal, a remuneração bruta de Virgílio foi de R$ 29.410,02 nos últimos seis meses de 2023.
A última aparição oficial do coronel foi em uma solenidade de recriação da Companhia de Comando da 2ª Divisão de Exército, extinta em dezembro de 1995. Segundo uma publicação do Comando Militar do Sudeste (CMSE), Virgílio atuava como comandante da companhia.
O Comando Militar do Sudeste (CMSE) também informou, em nota enviada ao Metrópoles, que o militar possui certificado de registro válido como atirador, caçador e colecionador (CAC). Não esclareceu, contudo, se ele poderia ter tantas armas em casa.
O incêndio
Segundo a polícia, o incêndio provocou explosões em série, inclusive com a detonação de uma granada. No total, 44 pessoas tiveram de ser resgatadas, 11 delas por rapel. Trinta e quatro moradores foram encaminhados ao hospital após terem inalado muita fumaça. O prédio foi interditado pela Defesa Civil.
O coronel Parra Dias chegou a ser filmado acompanhando parte dos trabalhos dos bombeiros, mas depois não foi mais visto. O carro dele permanece estacionado na rua do prédio, no bairro Botafogo.
Em nota ao Metrópoles, o Comando Militar do Sudeste (CMSE) informou que Parra Dias possui certificado de registro válido como atirador, caçador e colecionador (CAC) e que foi aberto processo administrativo para averiguar possíveis irregularidades quanto à situação cadastral do acervo.
“Uma perícia está sendo realizada no local para levantamento de mais informações e detalhamento do caso.”
O Comando do Sudeste acrescentou que “militares do Exército acompanham os trabalhos dos órgãos de segurança pública para colaborar com a elucidação dos fatos”.
De acordo com as informações preliminares, mais de 100 armas estavam no imóvel, incluindo fuzis, espingardas e rifles. Pelo menos 98 delas foram destruídas — algumas teriam até derretido. Outras 13 teriam sido localizadas em outro cômodo fora do ponto principal das explosões.
Uma segunda granada, intacta, também foi localizada.
Gravações capturadas durante o trabalho de resgate das vítimas registraram o som de várias explosões.
Assista:
Perícia realizada no domingo (25/2) apontou que as munições “foram deflagradas em decorrência da alta temperatura”.
O Metrópoles questionou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) se o militar da reserva tinha autorização para ter um volume tão grande de armas em casa, mesmo sendo CAC, mas a pasta não respondeu. Informou, apenas, que além das 111 armas de fogo foram apreendidos 15 carregadores de munição, 25 embalagens contendo pólvora e 39 embalagens com espoletas.
Duas granadas foram retiradas do local pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), da Polícia Militar. A SSP acrescentou que o caso está sendo investigado por meio de inquérito policial instaurado pelo 1º DP de Campinas.