Quem é Fábio Baena, delegado preso acusado de receber propina do PCC
Delegado Fábio Baena foi preso nesta terça (17) por suspeita de receber propina e lavar de dinheiro para o PCC. Ele foi citado por Gritzbach
atualizado
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São Paulo — O delegado Fábio Baena Martin foi preso na manhã desta terça-feira (17/12) por envolvimento no assassinato do delator do PCC, o empresário Antônio Vinícius Gritzbach. Ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que cumpre oito mandados de prisão e 13 de busca e apreensão no estado de São Paulo.
Baena e outros dois investigadores, os policiais Eduardo Monteiro e Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho (veja imagens abaixo), atuavam na 3ª Delegacia de Repressão a Homicídios Múltiplos do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Eles foram afastados das funções por causa das denúncias de Gritzbach.
A delegacia foi responsável pela condução de investigações dos assassinatos de dois integrantes do PCC, Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, motorista de Anselmo. A suspeita é que os homicídios teriam sido encomendados por Gritzbach.
Em delação à Corregedoria da Polícia Civil oito dias antes de ser morto a tiros no Aeroporto de Guarulhos, Vinícius Gritzbach mencionou o nome de Baena. No documento, o delator também se compromete a passar informações sobre delegados e policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), do 24º DP (Ponte Rasa) e do 30º DP (Tatuapé), na zona leste.
“Áudios comprovam ilicitudes e arbitrariedades de Fabio Baena e toda sua equipe, como Rogerinho, Eduardo Monteiro e outros, viciando toda a instrução processual”, afirma a proposta de delação.
No documento da Corregedoria da Polícia Civil consta que Gritzbach entregou pendrives com a relação de empresas usadas pelos policiais para supostamente lavar o dinheiro das propinas.
Quem é o delegado Baena
Delegado de polícia desde 2002, Fabio Baena passou por importantes delegacias da capital antes de chegar ao DHPP, como a Delegacia de Combate ao Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro e Tráfico de Entorpecentes (Denarc) e pelo Grupo de Operações Especiais (GOE).
Após a morte de Cara Preta e Sem Sangue, Baena foi transferido do DHPP e passou pela Delegacia Geral de Polícia e pelo Cerco da 2ª Seccional.
Segundo a denúncia de Gritzbach, Baena e outros policiais receberam ao menos R$ 11 milhões de propina, em dinheiro vivo, para retirar o nome de investigados em inquéritos por homicídio e envolvimento com o tráfico de drogas.
O inquérito policial de homicídio, mencionado no depoimento, era o mesmo no qual Gritzbach era investigado pelo suposto envolvimento no assassinato de dois integrantes do PCC, facção que o havia jurado de morte e a qual ajudou na lavagem de dinheiro.
Para que seu nome também fosse retirado da investigação, como já mostrou o Metrópoles, os policiais teriam pedido R$ 40 milhões para o corretor, mas que não foram pagos.
Em nota ao Metrópoles, a defesa de Baena e Monteiro afirmou que a prisão foi arbitrária e midiática. “A palavra pueril de um mitômano, sem qualquer elemento novo de prova, não poderia jamais motivar medida tão excepcional”, diz a defesa, em nota, referindo-se a Gritzbach.
“Ambos compareceram espontaneamente para serem ouvidos e jamais causaram qualquer embaraço às repetidas investigações”, diz a nota. O Metrópoles busca a defesa de Rogério Felício. O espaço está aberto para manifestação.
Operação Tacitus
Na manhã desta terça-feira (17/12), a Polícia Federal e o Gaeco cumprem oito mandados de prisão e 13 de busca e apreensão no âmbito da Operação Tacitus. O objetivo é desarticular organização criminosa voltada à lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública (corrupção ativa e passiva).
Os mandados estão sendo cumpridos nas cidades de São Paulo, Bragança Paulista, Igaratá e Ubatuba. Segundo o MPSP, provas obtidas em diversas investigações revelaram como os investigados se estruturaram para exigir propina e lavar dinheiro para suprir os interesses do PCC.
Os investigados vão responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e ocultação de capitais, cujas penas somadas podem alcançar 30 anos de reclusão.