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Quem é advogado suspeito de lavagem que pediu cabeça de delator do PCC

Ahmed Hassan, o Mude, é acusado de lavar dinheiro para o PCC por meio da UpBus, da qual era acionista. Ele fez oferta por morte de Vinicius

atualizado

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Foto em preto e branco do advogado Ahmed Hassan
1 de 1 Foto em preto e branco do advogado Ahmed Hassan - Foto: Divulgação/MPSP

São Paulo — O advogado Ahmed Hassan, conhecido como Mude, era acionista da empresa de ônibus UpBus, que opera linhas na zona leste de São Paulo, e foi um dos 13 presos na Operação Decurio, em agosto deste ano. Ele é acusado de atuar na lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) e cumpre pena em prisão domiciliar.

Mude foi citado no acordo de colaboração premiada de Vinicius Gritzbach, delator do PCC que foi assassinado a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, na última sexta-feira (8/11). Os dois mantinham uma relação profissional e até de certa amizade.

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Foto em preto e branco do advogado Ahmed Hassan, o Mude
Rival do PCC, empresário Vinícius Gritzbach foi morto em atentado no aeroporto de Guarulhos
Delator do PCC, Vinícius Gritzbach foi executado no Aeroporto de Guarulhos
Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC, foi morto no aeroporto de Guarulhos
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Mude mandou foto de dinheiro a Gritzbach em meio a negociação de imóveis

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Rival do PCC, empresário Vinícius Gritzbach foi morto em atentado no aeroporto de Guarulhos

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Delator do PCC, Vinícius Gritzbach foi executado no Aeroporto de Guarulhos

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Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC, foi morto no aeroporto de Guarulhos

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Empresário, preso sob suspeita de mandar matar membros do PCC, foi solto por determinação do STJ

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Antônio Vinicius Lopes Gritzbach voltava de uma viagem com a namorada quando foi executado na tarde de 8 de novembro, na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo

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Segundo o MPSP, Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC

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Gritzbach chegou a ser preso, mas foi solto em 7 de junho

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O advogado foi apontado por Gritzbach como operador na compra de imóveis por chefes do tráfico de drogas. O depoimento é acompanhado por contratos, mensagens e fotos de dinheiro vivo. Em um áudio disponibilizado pelo próprio delator, Mude afirma que a morte de Gritzbach poderia custar R$ 3 milhões “em prêmio”.

Conversa entre advogado e policial

O material, ao qual o Metrópoles teve acesso, foi entregue ao Ministério Público de São Paulo (MPSP). A conversa é atribuída a Mude, que faz a oferta milionária ao policial civil Valdenir Paulo de Almeida, conhecido como “Xixo”, preso em agosto por suspeita de recebimento de propina do PCC.

“Você acha que três [milhões] vai?”, pergunta o advogado. “É, pensa nos três, vai pensando, me fala depois”, responde o policial. “Mas você acha que ‘tá’ fácil resolver ou ‘tá complicado’?”, questiona Mude, ao que o policial afirma: “Tá fácil, facinho”.

O advogado Ahmed Hassan ainda pergunta se “o passarinho tá voando direto” — ou seja, se Gritzbach está saindo de casa. O policial responde que “às vezes voa, só que tem um segurança”.

Ligação com integrantes do PCC

O advogado Hassan era ligado ao grupo de Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, para quem Gritzbach assumiu ter operado um esquema milionário de lavagem de dinheiro em imóveis e bitcoins.

Foi na condição de corretor de imóveis que o delator relatou ter tido o primeiro contato com Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, e Claudio Marcos de Almeida, o Django, ambos ligados à UpBus. Ele diz que, em razão de um problema na venda de um apartamento, acabou descobrindo que eles compravam imóveis usando “laranjas”. Por consequência, também conheceu Mude.

Gritzbach afirmou que foi apresentado por um colega a Silvio Luiz Ferreira — que se apresentava como Rodrigo Martins —, e a Cebola, liderança da cúpula do PCC, também ligado à UpBus. Cebola se dizia comprador de um imóvel no Edifício Camille, no Tatuapé, de 280 m². O imóvel ficou formalmente em nome de Mude.

Em delação, o empresário exibiu um contrato de R$ 3 milhões em nome do advogado pela compra do apartamento.

Em um dos diálogos em aplicativo de mensagem, o delator encaminha a Mude uma mensagem de cobrança por um pagamento. Em resposta, o advogado diz: “Quando tiver o dinheiro. Manda se foder”. Vinícius responde, bem-humorado: “Calma, amor”.

Em diversas mensagens, eles mencionam imóveis em nome de terceiros. Em uma delas, Mude chega a enviar uma foto de maços de dinheiro vivo pelo pagamento de um imóvel e diz: “Já fala para ela me mandar os recibos”.

Operação

Ahmed Hassan foi preso na Operação Decurio, deflagrada pela Polícia Civil em 15 cidades paulistas. A UpBus, da qual Mude era acionista, é suspeita de estar envolvida em um projeto de tentativa de tomada de poder por parte do PCC, além de ter sido alvo da operação Fim da Linha.

De acordo com a polícia, durante as investigações, foi identificado um projeto de infiltração de integrantes da facção nas eleições municipais, lançando candidatos aos cargos em disputa.

Segundo o MPSP, Mude recebeu R$ 1,2 milhão a título de lucro da UpBus – valor cinco vez maior ao que teria direito pelas suas cotas. Ele também foi denunciado na Operação Fim da Linha por suposto envolvimento na lavagem de dinheiro.

Nove supostos laranjas foram incluídos na denúncia da Fim da Linha. Uma das suspeitas é Rosana Aparecida Ferreira, esposa de Mude.

O Metrópoles não conseguiu localizar Ahmed Hassan até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

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