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“Quebra vidro”: gangues usam pedra, ímã, tijolo e até caneta para roubar

Moradores da capital paulista relatam ataques da “gangue quebra vidro”, que estilhaça a janela do carro para roubar motoristas e passageiros

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Gangue quebra vidro de carros em SP
1 de 1 Gangue quebra vidro de carros em SP - Foto: Reprodução/Redes Sociais

São Paulo – Moradores da capital paulista relatam uma série de ataques da “gangue quebra vidro”, formada por bandidos que atacam motoristas e passageiros pela janela do carro. Para realizar os assaltos, os criminosos usam pedra, ímã, tijolo e até canetas de metal.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a atuação da quadrilha em São Paulo (veja abaixo). Os roubos acontecem em questão de segundos e os ladrões miram, principalmente, o celular que está no suporte do carro ou na mão da vítima.

 

Ao Metrópoles o taxista João Nunes da Silva, 61 anos, relata já ter perdido quatro aparelhos. No caso mais recente, o ladrão atirou um pedaço de ímã para estourar a janela do veículo na Baixada do Glicério, no centro da capital paulista, há cerca de dois meses, e levou seu celular.

“Eu estava sem passageiro e parei em um farol, com o vidro fechado. Devem ter percebido que eu estava distraído. Foi muito rápido, não deu nem tempo de ver quem era”, descreve o taxista.

Segundo conta, ele já havia sido vítima de furto anteriormente na Avenida Rio Branco, na Rua José Paulino e na Radial Leste, áreas de grande circulação na cidade. “Realmente, está muito perigoso. Todos os dias, a gente fica sabendo de uma história assim.”

Ataques

Dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) mostram que o celular é o objeto levado em 30% dos assaltos praticados em São Paulo. A maioria dos relatos sobre a “gangue do quebra vidro” é no centro da capital, em especial na área da Cracolândia, mas também há registros em outras regiões da cidade.

Há duas semanas, a influenciadora digital Sthefanny Carvalho, 19, usou o Instagram para denunciar a tentativa de roubo que sofreu na Avenida Tancredo Neves, na região do Jabaquara, zona sul da cidade. O vidro do carro foi estilhaçado e o motorista teve ferimentos no braço.

Com uma pedra, o agressor deu duas pancadas no vidro e tentou fisgar um aparelho que estava no painel e outro no colo dela. “Não aguento mais”, desabafou Sthefanny, no post, logo após o episódio. “Graças a Deus, eu estou bem. Porém, muito abalada.”

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Sthefanny tem quase 2 milhões de seguidores no Instagram
A influenciadora sofreu uma tentativa de assalto
O vidro do seu carro foi quebrado
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Sthefanny Carvalho

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Sthefanny tem quase 2 milhões de seguidores no Instagram

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A influenciadora sofreu uma tentativa de assalto

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O vidro do seu carro foi quebrado

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Na Marginal Pinheiros, criminosos chegam a atirar tijolos e peças de concreto de cima do viaduto. “No sábado à noite (23/6), meliantes jogaram uma pedra da Ponte Cidade Jardim, que atingiu um carro”, relata uma usuária do Twitter.

Essa modalidade é para forçar o motorista, que tem o para-brisa quebrado, a parar o veículo. Embaixo, outros integrantes do bando avançam contra a vítima para roubá-la. Também há casos em que o ladrão se vale de objetos feitos de metal, como canetas ou ferramentas, para romper a janela.

Furtos

Outros ataques a motoristas com vidros abertos, registrados na Cracolândia, ganhou repercussão a partir de dezembro de 2022. Na ocasião, o Metrópoles mostrou quatro registros (vídeos abaixo), feitos com celular, mostrando a ação dos bandidos.

Em um deles, um criminoso, todo de preto e de capuz, se aproxima de um motorista, puxa o celular da mão dele e sai caminhando calmamente. O 13º Batalhão da Polícia Militar, que cuida do policiamento ostensivo da área, fica a cerca de 700 metros de distância do ponto em que os vídeos foram feitos.

 

O taxista Davi Andrade, 62, diz ter sido alvo da gangue após parar em um semáforo, na Avenida Duque de Caxias, com a janela aberta. “De repente, saiu um cara de trás de uma banca de jornal, correu na minha direção e pegou o celular”, relata. “Eu ainda agarrei na mão dele, mas acabei perdendo.”

De acordo com a vítima, o caso aconteceu no fim do ano passado e, desde então, o taxista não anda mais com o celular à mostra. “Tiro tudo de vista, para verem que não há nada para levar. Meu medo é fechar o vidro, porque aí eles quebram”, afirma. “Também já aviso o passageiro para ele não pegar o celular, para evitar prejuízo para mim e para ele.”

Cuidados

Professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Rafael Alcadipani diz que o problema é “histórico” e que a solução apontada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) não surtiu efeito até o momento.

“A única forma que o Estado lida com isso é com saturação policial, mas não há como colocar um policial em todos os lugares. Quando ele não está presente, as pessoas acabam ficando vulneráveis”, avalia o especialista.

Para Alcadipani, a solução passa por patrulhamento inteligente, com foco nas áreas de maior número de registros, e investimentos em tecnologia – como a instalação de câmeras para flagrar a ocorrência e rastrear quem comete crimes.

“Quando está em áreas de maior incidência, o usuário também deve tomar cuidados: deixar o celular mais escondido, não levar objetos de valores vultosos e ficar sempre atento”, frisa. ”O criminoso busca oportunidade. Se você não dá oportunidade, ele vai procurar quem dê.”

Ações

Em nota, a SSP afirma que essa modalidade de crime é “alvo de ações de inteligência e investigações para identificar e prender os autores”. “As estratégias de combate à criminalidade adotada pela SSP têm apresentado resultados, como a redução 4,2% no número de roubos totais em maio deste ano na capital”, diz a pasta.

O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirma, ainda, que intensificou o policiamento na região central e 650 pessoas foram detidas em flagrante ou por mandados. Dois criminosos, suspeitos de integrar uma quadrilha responsável por roubar celulares de dentro de carros na Avenida Rio Branco, foram presos no dia 20 de junho.

A SSP diz não ter localizado os registros dos casos citados pela reportagem.

“É imprescindível que as vítimas registrem o boletim de ocorrência em unidade policial mais próxima ou na Delegacia Eletrônica para que os casos sejam investigados e os autores punidos, além de auxiliar nas estratégias de patrulhamento nas áreas de maior incidência criminal.”

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