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Qual a força do grupo que ameaça fazer greve de ônibus em SP? Entenda

Disputa entre ex-aliados pelo controle do sindicato dos motoristas de ônibus é pano de fundo da greve anunciada para esta 6ª feira em SP

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Ônibus municipal da SPTrans estacionado em terminal na capital paulista; linhas terão tarifa zero aos domingos na capital paulista - Metrópoles
1 de 1 Ônibus municipal da SPTrans estacionado em terminal na capital paulista; linhas terão tarifa zero aos domingos na capital paulista - Metrópoles - Foto: Divulgação/SPTrans

São Paulo – A ameaça de greve de motoristas de ônibus da capital paulista nesta sexta-fera (1º/12) é mais um capítulo de uma disputa política que teve início em agosto de 2022, pelo controle do milionário Sindicato dos Motoristas de Ônibus (Sindmotoristas), que tem cerca de 60 mil filiados.

A greve foi anunciada por uma ala do sindicato em protesto contra uma decisão da Justiça do Trabalho que anulou as eleições da diretoria da entidade ocorridas no início da semana passada e convocou um novo pleito, que será feito com urnas eletrônicas.

O sindicalista que convoca a greve é Edvaldo Santiago, candidato a presidente pela chapa 4 e aliado de Cristiano Porangaba, o Crizinho, que se considera o atual presidente da entidade.

Crizinho era, até 2020, um dos aliados do então presidente do sindicato, José Valdevan de Jesus Santos, o Valdevan Noventa, que venceu as últimas eleições, em 2018. Noventa é o outro nome que também se considera presidente do Sindmotoristas.

No segundo mandato de Noventa, Crizinho foi encarregado da interlocução sindical com duas das principais empresas de ônibus da cidade, a Santa Brígida e a Gato Preto, que operam na zona norte. Para membros da Prefeitura, ele ainda tem forte influência nessas regiões e na empresa Sambaíba, onde começou sua atuação sindical.

Na disputa pelo controle da estrutura sindical, Noventa é quem controla hoje a comunicação da entidade. Por isso, nesta quinta (30/11), o sindicato publicou uma nota em que “repudia qualquer possibilidade de greve, em prejuízo aos trabalhadores em transportes e passageiros, para fins eleitoreiros”.

“De antemão, a entidade, através do presidente Valdevan Noventa, informa que não tem qualquer participação na convocação de uma paralisação do sistema de transporte por ônibus da cidade de São Paulo nesta sexta-feira”, afirma a nota.

Correlação de forças

Noventa havia vencido as eleições pelo controle do sindicato em 2013 e foi reeleito para mais um mandato em 2018. Na composição desta última eleição, Crizinho se cacifou para fazer parte de sua equipe, especialmente por causa da atuação sindical nas duas empresas da zona norte.

Porém, diante das mudanças trazidas pela reforma trabalhista, no ano anterior, Crizinho defendeu flexibilizações que o grupo de Noventa não tinha interesse em aceitar. Por conta disso, os grupos deles foram se distanciando.

Em agosto de 2022, Noventa, que também era deputado federal eleito por Sergipe, foi alvo de uma investigação na 2ª Vara de Crimes Tributários da capital que determinou seu afastamento da presidência do sindicato.

Havia, segundo o Ministério Público, indícios de que o grupo de Noventa desviou dinheiro do sindicato por meio de contratos de prestação de serviço com empresas de fachada. Ele sempre negou as acusações.

Sob nova direção

Com a saída de Noventa, Crizinho assumiu o controle da entidade com apoio de parte da diretoria anterior e passou a agir de forma independente ao antigo presidente, com influência também em garagens das zona sul.

Segundo integrantes da Prefeitura que acompanharam o processo de fora, a entidade reviu contratos assinados pelo antigo presidente. Foi esse grupo que organizou o atual processo eleitoral contestado pelos adversários e suspenso pela Justiça do Trabalho.

Noventa, porém, manteve-se em combate e conseguiu, já em novembro deste ano, uma decisão da Justiça Eleitoral de Sergipe, não reconhecida por Crizinho, para retornar ao cargo. Ao assumir, ele decidiu não se recompor com parte dos antigos aliados que permaneceram com Crizinho.

No sindicato, aliados de Noventa começaram a falar em fraudes na eleição e passaram a exigir o uso de urnas eletrônicas. Crizinho e seu candidato, Edvaldo, foram contra e a votação ocorreu em cédulas de papel.

Nos dias da votação, em meio ao impasse, nove terminais de ônibus foram fechados. Um motorista aposentado foi baleado em uma garagem da zona sul. Um vídeo mostrando uma urna de votação sendo roubada passou a circular.

Edvaldo e o grupo de Crizinho proclamaram um resultado que lhes deu vitória com 70% dos votos. Mas, após ações de aliados de Noventa na Justiça, o pleito foi suspenso.

Nesta quinta-feira (30/11), a Prefeitura ingressou com uma medida cautelar na Justiça para tentar evitar a paralização e fez contatos com a Secretaria Estadual da Segurança Pública para garantir o policiamento dos terminais de ônibus.

O grupo alinhado a Noventa garante que irá trabalhar normalmente. O Metrópoles não conseguiu contato com a chapa de Edvaldo.

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