PT planeja tour eleitoral de Lula contra expansão bolsonarista em SP
Partido quer que Lula participe de campanhas do PT para recuperar espaço no estado e quer reeditar o “cinturão vermelho” na Grande São Paulo
atualizado
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São Paulo — Os dirigentes paulistas do PT prepararam uma resolução para levar à convenção estadual do partido, marcada para o próximo dia 20/7, que propõe reservar uma parte do fundo eleitoral para custear viagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a São Paulo.
Os petistas querem a presença de Lula como uma das estratégias para tentar conter a expansão bolsonarista no estado. Partidos como PL, PP e Republicanos traçam campanhas que se alinharão ao ex-presidente e é esperado que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) atue nessas cidades.
Como Lula não pode usar recursos da Presidência da República para viajar para fazer campanhas eleitorais, o partido busca condições financeiros para levar seu principal cabo eleitoral às cidades consideradas vitais no cenário político paulista.
O PT avalia ter candidaturas viáveis em 140 dos 645 municípios paulistas e espera subir de quatro para ao menos 12 o total de prefeituras comandas pelo partido.
Entre as cidades estratégicas que o partido busca retomar prefeituras e aumentar as bancadas de vereadores, estão municípios como São Bernardo, Santo André, Osasco e Guarulhos — além de manter o comando em Mauá e Diadema —, fazendo ressurgir o “cinturão vermelho” da Grande São Paulo, ao redor da capital.
Além disso, há cidades em que o partido não terá a cabeça de chave, mas que participará de campanhas como vice, como Guarujá, Itapeva, Cubatão, Bauru, além da própria capital paulista, onde apoiará o deputado federal Guilherme Boulos (PSol), que terá Marta Suplicy como vice.
Segundo o presidente estadual do PT, o deputado federal Kiko Celeguim, as campanhas terão um discurso conjunto de exaltação a indicadores econômicos obtidos pelo governo Lula, como aumento do salário mínimo e da renda média, correção da tabela do Imposto de Renda, redução do desemprego, controle da inflação e retomada de investimentos.
“A estratégia é posicionar um discurso de mobilização de massas entre os candidatos”, afirma o petista.
Celeguim acredita que a expansão do PT no estado, conquistando importantes prefeituras nas eleições deste ano, ajudará a construir um cenário mais favorável para o aumento da bancada petista no Congresso, em 2026, uma vez que candidatos a deputados têm mais facilidade de vencer com apoio de prefeitos do mesmo grupo.
Verbas federais
Lula e o governo federal já deram sinais sobre aumento da presença em São Paulo. O presidente esteve em um tour pelo estado entre quinta (4/7) e sexta-feira (5/7) da semana passada, para visitas ou entregas de obras federais.
Nos eventos, foram distribuídos panfletos elencando investimentos do governo em obras públicas — os carros-chefe são os Institutos Federais, escolas de ensino técnico que têm sido turbinadas pela atual gestão.
Nos discursos, Lula procurou exaltar o aumento de obras federais em São Paulo sob sua gestão e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, detalhou os projetos, que somam, segundo ele, R$ 180 bilhões.
Celeguim, contudo, nega que a quantidade de obras faça parte da estratégia para aumentar os votos em petistas em São Paulo. “Todas as cidades têm investimentos, até aquelas que não são governadas pelo PT. É uma diferença que o presidente destacou entre a gestão dele e a gestão anterior”, diz o petista, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que fechou a torneira para São Paulo durante seu mandato diante da oposição do governador paulista da época, João Doria.