Do PT ao DEM: sócios de viação ligada ao PCC doaram a políticos de SP
Vereadores do PT e do DEM, sigla que deu origem ao União Brasil, receberam doações de sócios da Transwolff, empresa de ônibus ligada ao PCC
atualizado
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São Paulo – Sócios, ex-sócios e diretores da Transwolff, empresa de ônibus investigada por suposto elo com o Primeiro Comando da Capital (PCC), destinaram R$ 240 mil em doações para campanhas de vereadores do DEM (atual União Brasil) e do PT na capital durante as eleições de 2020.
Presos nesta terça-feira (9/4), Luiz Carlos Pacheco, o Pandora, dono da Transwolff, e Robson Flares, diretor da empresa e da Cooperpam, estão entre os doadores, segundo levantamento feito pelo Metrópoles no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Dos R$ 240 mil destinados às campanhas, R$ 165 mil foram doados para a direção municipal do DEM, partido político que se fundiu com o PSL em 2022 e deu origem ao União Brasil.
A verba do DEM foi distribuída entre os candidatos a vereador pelo partido, que elegeu cinco quadros na capital em 2020: Milton Leite (União), Adilson Amadeu (União), Eli Corrêa (União), Ricardo Teixeira (União) e Sandra Tadeu (PL).
Milton Leite é presidente da Câmara Municipal e do diretório municipal do União. Em 2020, ele também presidia o diretório municipal do DEM, que recebeu as doações dos sócios da Transwolf.
Doações a deputado do PT
Pandora, que já havia sido preso em 2006 investigado por suposta ligação com o PCC, doou R$ 75 mil para o vereador Antônio Donato (PT) em 2020 – atualmente, o petista é deputado estadual e um dos coordenadores da pré-campanha do deputado federal Guilherme Boulos (PSol) à Prefeitura.
Em nota, Donato afirmou que Pacheco o procurou porque queria doar para um “candidato de oposição”.
“Respondi que se fosse de forma oficial não haveria problema. Referida doação foi feita de forma legal e devidamente registrada, junto à Justiça Eleitoral, na minha campanha de reeleição a vereador”, disse.
Natural da zona sul paulistana, Pandora é ligado à família Tatto, do PT, e ao vereador Milton Leite. Em 2006, Pandora negou que tivesse relação com o PCC, mas admitiu que a facção havia se infiltrado na Cooperpam, cooperativa de transportes que deu origem à Transwolff.
Na ocasião, ele disse que o grupo havia entrado na Cooperpam por determinação do petista Jilmar Tatto, quando este comandava a Secretaria de Transportes da gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (2001-2004).
Doações ao DEM
Robson Flares, outro preso na operação desta terça, doou R$ 15 mil para a direção municipal do DEM, assim como o sócio da Transwolff Cícero de Oliveira e o ex-sócio Levi de Araújo, que destinaram R$ 40 mil e R$ 30 mil ao partido, respectivamente.
“Todas as doações de campanha feitas ao partido foram legais e declaradas à Justiça Eleitoral, que julgou regulares as contas. Não há nenhuma irregularidade”, disse Milton Leite, por meio de nota.
Do total recebido pelo DEM, R$ 60 mil foram repassados à campanha do vereador Adilson Amadeu (União): R$ 50 mil enviados por Moisés Gomes Pinto, um dos sócios da Transwolff, e R$ 10 mil por Helena Cristina Reis Magela, ex-sócia da empresa.
O vereador é o único, entre os eleitos, cuja prestação de contas acusava a origem das doações ao fundo municipal. Procurado pela reportagem, ele afirmou que o financiamento não foi feito de forma direta à sua campanha.
“Essa doação veio através do Fundo do Diretório Municipal do partido, não diretamente, que fique claro. O próprio diretório já esclareceu isso. E todas elas foram públicas e contabilizadas, respeitando a legislação vigente e aprovadas pelo TRE”, disse.