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PSol pede “CPI do Superfaturamento” para frear ação contra padre Júlio

Oposição articula abertura de CPI que vai mirar compras de Ricardo Nunes como contraponto a supostas denúncias contra padre Júlio Lancellott

atualizado

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Câmara Municipal de São Paulo
Imagem colorida mostra Silvia Ferraro, autora do requerimento da CPI do superfaturamento, mulher branca, de cabelos lisos e pretos, na altura do ombro, em uma imagem da cintura para cima, em um púlpito do plenário da Câmara Municipal, falando ao microfone. Ela veste uma blusa preta e lisa, de gola branca, e tem os braços à mostra. Ela segura uma mão com a outra na imagem - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra Silvia Ferraro, autora do requerimento da CPI do superfaturamento, mulher branca, de cabelos lisos e pretos, na altura do ombro, em uma imagem da cintura para cima, em um púlpito do plenário da Câmara Municipal, falando ao microfone. Ela veste uma blusa preta e lisa, de gola branca, e tem os braços à mostra. Ela segura uma mão com a outra na imagem - Metrópoles - Foto: Câmara Municipal de São Paulo

São Paulo — A bancada do PSol na Câmara Municipal, que faz oposição ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), começou a articular nessa terça-feira (20/2) a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar diversas denúncias de superfaturamento em compras de materiais de consumo da Prefeitura de São Paulo nos últimos dois anos.

A articulação ocorre como uma resposta à tentativa da base de Nunes de abrir uma CPI para investigar o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua da Igreja Católica, que desagrada a oposição. O padre é alvo de denúncias de abuso sexual que o vereador Rubinho Nunes (União), aliado do prefeito, diz estar colhendo.

O requerimento da CPI do Superfaturamento, elaborado pela vereadora Silvia da Bancada Feminista (na foto em destaque), cita uma série de casos recentes de compras públicas com supostos indícios de superfaturamento para os vereadores investigarem.

Um deles é a aquisição sem licitação de 40 mil bonés feita pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social para moradores de rua por R$ 21,50, revelado pelo Metrópoles no fim do ano passado.

Outros casos são a aquisição de fraldas geriátricas por valores 57% acima de valores de contrato, compras de garrafas de água de 500 ml por R$ 5,52 e de squeezes de R$ 2,99 por R$ 10,55, todos eles divulgados por jornais desde o ano passado.

O documento cita ainda a contratação de 93 obras tidas como emergenciais sem licitação e informações do Tribunal de Contas do Município (TCM) de superfaturamento de R$ 67 milhões em parte dessas obras.

Para ser protocolado na Mesa Diretora da Câmara, um requerimento precisa contar com a assinatura de 19 vereadores. A oposição, feita por PT, PSol e PSB tem 16 parlamentares, por isso ainda seria necessário que ao menos três integrantes da base de Nunes assinassem o pedido. Depois, o requerimento ainda precisa ser aprovado em plenário, com votos de 28 dos 55 vereadores.

CPI do padre Júlio

Houve ainda uma discussão que terminou em bate boca nesta terça-feira (20/2) entre o vereador Milton Leite (União), presidente da Câmara, e a vereadora Luana Alves (PSol) e entre Rubinho Nunes e Eliseu Gabriel (PSB) sobre a instalação de uma CPI para investigar o padre Júlio Lancellotti.

No fim do ano passado, Rubinho colheu as assinaturas para protocolar um pedido de CPI sobre as Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia, mas durante o recesso parlamentar, no começo de janeiro, passou a dizer que a comissão seria para investigar a atuação do padre e do que ele chamou de “máfia da miséria” — entidades que desviariam recursos destinados ao atendimento de moradores de rua.

A notícia gerou uma série de reações, incluindo críticas da Igreja Católica, e parte dos parlamentares deixou de apoiar a iniciativa.

Rubinho, porém, manteve a ofensiva contra o padre, mas mudou o foco de uma investigação sobre o desvios financeiros das entidades assistenciais para denúncias de abuso sexual relacionadas ao padre.

Para a oposição, e parte da base de Nunes, porém, o novo foco de investigação não deveria ser feito pela Câmara Municipal, em uma CPI, mas em outra esfera, como a Polícia Civil e o Ministério Público. Foi essa a razão da discussão entre os vereadores na terça, durante a reunião semanal das lideranças de bancada.

Rubinho tenta ainda dar sobrevida a sua proposta de CPI. Ele afirmou ter ouvido uma pessoa que se diz vítima do padre na semana passada e disse que ouvirá outra nos próximos dias. Na terça-feira, os vereadores acordaram que voltarão a debater sobre a possível votação de instalação de uma CPI do padre Júlio no dia 5 de março.

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