Protesto por veto a celular trava Aeroporto Internacional de SP
Trabalhadores de empresas terceirizadas estão proibidos de usar celular nas áreas de carga e descarga dos terminais de Guarulhos (SP)
atualizado
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São Paulo – Trabalhadores de empresas terceirizadas realizam um protesto desde a madrugada, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na Grande São Paulo, contra a proibição do uso de celulares nas áreas de carga e descarga dos terminais.
A paralisação, iniciada por volta das 3h desta terça-feira (3/10), impactou na rotina do maior aeroporto do Brasil, com atrasos e cancelamentos de voos, segundo apurado pelo Metrópoles. O protesto ocorreu concomitantemente à greve de funcionários do Metrô e da CPTM, que também afetou os passageiros em Guarulhos.
Um funcionário do aeroporto afirmou, em condição de anonimato, que passageiros chegaram a aguardar duas horas para desembarcar de aviões, em decorrência da manifestação. Até a publicação desta reportagem, estavam suspensas as decolagens, com destino a Guarulhos, dos aeroportos de Brasília (DF), Confins (MG), Curitiba (PR), Galeão e Santos Dumont, ambos no Rio de Janeiro.
A proibição ou restrição do uso de celulares foi determinada pela Receita Federal após a descoberta de um esquema de troca de bagagens no terminal, financiado pelo Primeiro Comando de Capital (PCC).
Como revelado pelo Metrópoles, a Polícia Federal (PF) investiga os despachos criminosos de drogas em bagagens para a Europa, saindo do Aeroporto Internacional de São Paulo, há pelo menos oito anos. O PCC começou a remeter malas para o outro lado do Atlântico recheadas com cocaína desde que a fiscalização de remessas em pacotes aumentou.
“Não somos bandidos”
Segurando cartazes com dizeres como “Ditadura não, celular sim”, os trabalhadores circularam pelos terminais do aeroporto de Guarulhos, gritando e exigindo a suspensão da proibição do uso dos aparelhos.
Em um registro feito em vídeo (assista abaixo), um dos manifestantes afirmou que “pais e mães de família” que trabalham no local “perderam o direito de usar o celular no pátio de manobra”. “Pessoas estão levando suspensão e até perdendo o emprego.”
Durante o protesto, um trabalhador gritou que eles estão sendo “enquadrados” durante o expediente, o que resultou em mais gritos de protesto: “Não somos bandidos”.
Os manifestantes argumentam que precisam dos celulares para manter contato com as famílias em caso de eventuais emergências. Já a proibição foi determinada para evitar que os aparelhos sejam usados em benefício do tráfico internacional de drogas.
GRU Airport
A GRU Airport afirmou, em nota enviada ao Metrópoles, no início da tarde desta terça-feira, que deu início à “operação de contingência”, sem especificar o que seria, “conforme protocolo pré-definido”.
A medida, acrescentou, ocorre devido à paralisação de parte dos funcionários terceirizados, que prestam serviço às companhias aéreas, e também à greve dos funcionários do Metrô e da CPTM.
“A concessionária orienta os passageiros a procurarem as companhias aéreas para informações sobre status dos voos.”
Inocentes presas
As goianas Jeanne Paollini e Kátyna Baía tiveram as etiquetas de suas bagagens trocadas quando partiram para a Alemanha, onde foram presas injustamente por tráfico internacional de drogas, em 5 de março.
Depois de a PF mostrar que elas foram vítimas de um esquema criminoso comandado pelo PCC, dentro do Aeroporto Internacional de São Paulo, as brasileiras foram soltas da prisão alemã, em 11 de abril, e retornaram ao Brasil.
O Metrópoles apurou que a primeira movimentação suspeita de funcionários na área restrita do maior aeroporto do Brasil, onde são manuseadas bagagens antes dos voos, foi registrada em 2015, quando as malas de um casal de idosos foram trocadas por bagagens cheias de droga.
A etiqueta de uma das malas das vítimas, da qual constava peso de 1,5 kg, estava colocada em uma bagagem que, após pesagem, indicou 30 kg. O peso era de cocaína.
Caso a movimentação suspeita na área restrita não tivesse sido percebida, os idosos seriam provavelmente presos por tráfico internacional de drogas quando chegassem ao destino final, na Europa.