Veja as propostas dos candidatos à Prefeitura de SP para a educação
Promessas de candidatos vão de intercâmbio para os melhores alunos de cada escola a aulas de empreendedorismo; confira as propostas
atualizado
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São Paulo — Quando o tema é educação, os candidatos à Prefeitura de São Paulo propõem soluções bem diferentes uns dos outros. Há quem defenda oferecer intercâmbios para os melhores alunos de cada escola, quem queira colocar aulas de empreendedorismo na grade curricular, e quem aposte em deixar a gestão dos colégios com a iniciativa privada.
Algumas promessas encontram eco em mais de um plano de governo, como a ideia de ampliar o número de alunos em ensino integral e de estender o horário de funcionamento das creches.
O Metrópoles leu os planos de governo enviados pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e separou as principais propostas de cada campanha para a educação paulistana nesta reportagem. A seguir, confira o que pensam sobre o tema os candidatos de Altino Prazeres (PSTU), Guilherme Boulos (PSol), João Pimenta (PCO), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB), Ricardo Senese (UP) e Tabata Amaral (PSB).
O candidato Bebeto Haddad (DC) não enviou seu plano de governo para o TRE e, por isso, não é citado nesta reportagem. No dia 8 de setembro, Bebeto teve o registro da candidatura impugnado pela Justiça por não ter pago uma multa eleitoral de 2002. O partido do candidato disse que recorre da decisão.
Veja as principais propostas de cada candidato para a educação:
Altino Prazeres
O candidato Altino Prazeres (PSTU) quer elevar de 25% para 30% o percentual da receita municipal investido em educação. O plano de governo do candidato promete fazer a estatização de “grandes grupos de educação privada”, sem mencionar quais são eles, e admitir os profissionais que atuam nesses locais.
Altino diz que irá fazer concurso público e efetivar todos os trabalhadores da rede, “da limpeza à docência”, inclusive das creches conveniadas, e defende o fim das terceirizações na educação municipal. O candidato pretende ampliar o número de creches da Prefeitura com o objetivo de encerrar a parceria com as organizações sociais privadas que permitiu zerar a fila de espera para vagas.
Outras metas são a ampliação do quadro de profissionais ligados ao atendimento de pessoas com deficiência, a expansão do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), e o fomento da participação da comunidade na organização escolar para pensar, entre outros, políticas contra a violência na rede municipal de ensino.
O candidato fala em combater o racismo e a xenofobia nas escolas e defende a educação sexual nas unidades como forma de combater o abuso sexual, debater questões de gênero e diversidade sexual. O plano de governo defende, ainda, a revogação do Novo Ensino Médio, da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e do Programa Escola Cívico-Militar, apesar de a decisão sobre os temas não ser de competência municipal.
Guilherme Boulos
O candidato Guilherme Boulos (PSol) promete implantar a educação em tempo integral em todas as escolas, com atividades culturais, esportivas e de lazer no contraturno. O plano de governo de Boulos prevê que a expansão do formato seja feita de forma gradual, em diálogo com as unidades escolares.
Outros objetivos do candidato são a criação de 22 novos Centros Educacionais Unificados (CEUs); abrir as escolas para as comunidades; e investir na melhoria e na modernização das creches municipais das redes direta e parceira.
O deputado federal diz que sua gestão irá investir na formação continuada para educadores, na inovação pedagógica e tecnológica da rede, e promete instituir uma política permanente de valorização salarial dos profissionais.
Boulos promete levar psicólogos para todas as escolas, em parceria com a secretaria da Saúde, e criar um Plano de Educação Inclusiva para crianças com deficiência e Transtorno do Espectro Autista (TEA). O plano de governo prevê, ainda, incluir intérpretes de Libras e estagiários pedagógicos nas escolas, além de instituir o Serviço de Apoio de Acompanhante Especializado para estudantes autistas.
Outra promessa é fazer um mutirão para ensinar jovens e adultos a ler, escrever e interpretar; e atuar para uma educação antirracista nas escolas.
João Pimenta
O candidato João Pimenta (PCO) não trouxe nenhuma proposta para a educação em seu plano de governo. Na apresentação do programa, a única menção ao tema diz que os trabalhadores da educação e a comunidade escolar devem tomar suas próprias decisões sobre a educação.
José Luiz Datena
O candidato José Luiz Datena (PSDB) promete ampliar o número de alunos estudando em tempo integral, sem trazer metas a serem alcançadas, e diz que quer investir em projetos de reforço escolar, ensino técnico e profissionalizante, e atividades de áreas como artes, tecnologia e idiomas no contraturno.
O plano de governo afirma que, se eleito, Datena vai garantir alfabetização em leitura e matemática na idade certa, colocando dois professores em sala de aula nos primeiros anos do ensino fundamental, e oferecendo material didático “moderno e adequado”.
O candidato promete ampliar em duas horas o horário de funcionamento das creches; conceder “Bolsa Primeira Infância” para famílias em situação de vulnerabilidade; e entregar os CEUs prometidos pelo ex-prefeito Bruno Covas (PSDB).
Outras metas são a atuação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e o uso de câmeras nos arredores das escolas; a criação de parcerias com o Centro Paula Souza, do governo estadual, para oferecer educação profissionalizante; e a “valorização permanente” de professores e servidores da educação.
Por fim, Datena promete levar internet de banda larga, computadores, bibliotecas e laboratórios de ciências bem equipados para todas as escolas.
Marina Helena
Candidata do Novo nestas eleições, Marina Helena afirma que sua gestão vai investir na transparência dos dados sobre a rede municipal de ensino, disponibilizando para os pais indicadores de qualidade e custo das escolas, além de informações sobre desempenho dos alunos.
Seu plano de governo prevê que instituições privadas se tornem responsáveis pela gestão de escolas públicas e promete criar parcerias público-privadas (PPPs) para investir na infraestrutura escolar.
A candidata também diz que implantará um sistema de bolsas para alunos de baixa renda em escolas particulares, e fará uma auditoria das faltas de professores. Outras metas são a busca pela alfabetização na idade certa e o uso de materiais didáticos eficazes.
Pablo Marçal
Pablo Marçal (PRTB) afirma que vai incentivar o esporte na educação, apostando na criação de Escolas Olímpicas, com foco na prática esportiva e na formação de atletas de alto rendimento.
O candidato prevê fomentar parcerias para ter treinadores qualificados, equipamentos esportivos e acesso a boas instalações. Marçal também promete fazer acordos com entidades esportivas para criar competições e eventos que incentivem a participação dos alunos.
O plano de governo do candidato diz que sua gestão vai estabelecer metas para garantir a aprendizagem adequada tanto nos anos iniciais quanto nos finais, com avaliações bimestrais para identificar problemas de aprendizagem dos alunos.
Marçal não cita a ampliação de escolas em tempo integral em seu programa de governo. O candidato diz, por outro lado, que quer ampliar a faixa etária de atendimento dos Centros para Crianças e Adolescentes (CCAs) para incluir crianças a partir dos 4 anos. Esses espaços hoje estão a serviço da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) e têm como foco principal crianças em situação de vulnerabilidade.
O influencer promete premiar professores e gestores de acordo com a frequência dos estudantes e o cumprimento de metas de aprendizagem.
Outras propostas são a capacitação em ferramentas digitais para professores; o investimento internet de qualidade; e a criação de parcerias para “aumentar a acessibilidade digital dos alunos e professores”.
Além disso, Marçal diz que fará campanhas de conscientização e programas educacionais focados na “promoção de uma mentalidade empreendedora e colaborativa desde a infância” e fala em adaptar o currículo escolar para incluir disciplinas como empreendedorismo, finanças e programação, além de conteúdos sobre “princípios éticos e valores morais”, sem detalhar quais são esses valores e princípios.
O plano de governo também prevê criar um programa de capacitação para alunos a partir de 14 anos, com a participação de entidades privadas. Por fim, o influencer diz que irá desenvolver programas de educação emocional nas escolas.
Ricardo Nunes
Além da manutenção de programas e ações já em curso, o candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) promete ampliar o ensino em tempo integral nas escolas municipais, com prioridade para os distritos mais vulneráveis.
O plano de governo também prevê focar na alfabetização na idade certa, fortalecer o combate à evasão escolar e buscar a redução dos indicadores de distorção idade/série.
Nunes diz que vai implantar polos de ensino de empreendedorismo e trabalho nos CEUs, em parceria com o governo estadual, além de criar bebetecas nos espaços.
Além disso, está entre as promessas do candidato implementar o projeto Rolê Ecológico para 40 mil alunos do 6º ano do Ensino Fundamental. O projeto promove a interação entre estudantes e agricultores, para que os alunos conheçam mais sobre temas como a agricultura familiar e a sustentabilidade.
Ricardo Senese
O candidato Ricardo Senese (UP) promete o fim do analfabetismo em São Paulo e a promoção de uma educação de qualidade. Para isso, Senese diz que irá investir em programas que ofereçam bolsas extras para educadores e alunos, e fortaleçam a EJA com a participação de estudantes universitários em frentes de alfabetização.
O plano de governo também defende que as comunidades escolares participem das decisões sobre a educação e se coloca favorável à eleição das direções das escolas para fortalecer a democracia no ambiente escolar.
O candidato afirma que todos os profissionais da educação terão acesso à formação continuada e à valorização salarial, integrando o quadro efetivo dos servidores públicos. Senese diz que irá barrar a concessão de creches à iniciativa privada e vai garantir que os educadores da educação infantil sejam reconhecidos como professores.
Tabata Amaral
A candidata Tabata Amaral (PSB), que tem a educação como uma de suas principais bandeiras de campanha, promete alfabetizar 100% das crianças na idade certa. O plano de governo de Tabata fala em criar um programa de tutoria para os alunos que não alcançaram o nível necessário.
A deputada diz que vai ampliar o ensino integral em São Paulo, com o objetivo de que a cidade tenha 100% das matrículas nesse modelo até 2032, e promete estender o horário de atendimento das creches até as 19h, além de adotar um novo sistema para medir a qualidade das unidades de ensino infantil.
A candidata pretende, ainda, fazer uma adaptação no currículo escolar. A ideia é que a partir do ensino fundamental 1 sejam oferecidas disciplinas eletivas e clubes extracurriculares. O plano promete a criação de “escolas vocacionadas” para áreas como música, esportes, e matemática aplicada. Já na Educação de Jovens e Adultos (EJA), o investimento será em promover “maior conexão com a educação profissional”.
O plano de governo também fala em oferecer incentivos às escolas e aos profissionais da rede que alcançarem as metas propostas; criar bônus por desempenho; e implantar incentivos nos planos de carreira dos professores que atuarem em “escolas mais desafiadoras”. Tabata prevê também mudar o modelo de concurso público para contratação de professores, sem dar detalhes de como será o novo processo, e promete formação profissional continuada.
Outras promessas envolvem a criação do Programa Jovem Cientista, que vai implantar laboratórios em todas as escolas; a criação de um programa de intercâmbio para os melhores alunos de cada escola municipal; a implantação de internet de alta velocidade na rede; e a municipalização gradual de escolas estaduais.
A candidata se compromete a garantir uma educação inclusiva, com ações como a formação para professores e a elaboração de planos individualizados para estudantes com deficiência. Também promete investir em uma educação antirracista, criando metas para a redução da desigualdade e da defasagem de aprendizagem entre alunos brancos e negros.
Por fim, Tabata afirma que irá instituir o Programa Revolução Digital, com uma “trilha de formação em tecnologia voltada à juventude”. O programa também prevê oferecer ensino técnico aos jovens em parceria com escolas técnicas e universidades.