Após promessas, transporte por barco segue “encalhado” na Billings
Prefeito afirmou em janeiro que barco da Billings, o Aquático, estaria em operação com passageiros em fevereiro; outras promessas furaram
atualizado
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São Paulo — O mês de fevereiro chegou ao fim, março tem início e o barco que fará o transporte de passageiros na Represa Billings, na zona sul de São Paulo, ainda não começou a operar, como prometido em janeiro pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB). Não é a primeira vez que a promessa de inauguração do ônibus Aquático, “com poltrona de avião”, sofre adiamento.
O Aquático é um barco com capacidade para 60 passageiros por viagem que vai ligar o Cantinho do Céu, no Grajaú, à região da Pedreira, uma distância de cerca de 5,6 km em linha reta. Promete fazer o trajeto em apenas 15 minutos e transportar cerca de 10 mil pessoas por dia, em um sistema interligado ao bilhete único. Hoje, quem vive na região gasta cerca de 1h20 para deixar o bairro, superpopuloso e com poucas rotas de saída por transporte terrestre.
Em 17 de janeiro, Nunes postou vídeo em sua conta no Instagram, ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), prometendo para fevereiro o início da operação do barco. “Nesse local, nesse parque, a gente está reurbanizando, aqui será o terminal hidroviário. Olha lá, que bonito”, disse, apontando para a represa. “E daqui, a partir de fevereiro, a gente inaugura, começa a sair o transporte hidroviário. Um grande avanço, né, Tarcísio?”, disse o prefeito, ao lado do governador.
Depois de elencar uma série de benefícios do transporte por barco, Nunes reforçou a promessa da inauguração no mês seguinte, que se mostrou furada. “Fevereiro, a gente tá aqui, e tem um convite para eu e o Tarcísio fazermos. Nós vamos inaugurar em fevereiro os barcos, e barco com poltrona de avião, ar condicionado, televisão, coisa bacana, de primeiro mundo”, disse.
Não é a primeira vez que o lançamento do Aquático encalha na Billings e a previsão faz água. Em 22 de agosto, em entrevista à rádio CBN, Nunes disse que era o barco deveria operar ainda em 2023. “Outubro, novembro agora, a gente começa com quatro barcos saindo lá do Cantinho do Céu, do Grajaú, e indo até a Avenida Caminhos do Mar, pertinho da (Avenida Nossa Senhora do) Sabará”, afirmou.
A previsão dada em agosto era ainda mais otimista porque citava quatro barcos em operação desde o lançamento, algo que não deverá acontecer nem mesmo agora.
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de São Paulo afirma que a primeira embarcação do Projeto Aquático SP na Represa Billings já foi colocada na água em janeiro e está em fase final de testes e ajustes internos necessários para início de operação.
Segundo a administração municipal, a segunda embarcação e a embarcação de apoio já se encontram na Billings, em fase de acabamentos e obtenções de licenças finais junto à Marinha do Brasil.
“No momento, estão sendo concluídas as obras no Terminal Hidroviário Parque Mar Paulista, que foi iniciado após a obtenção do alvará para construção junto à Cetesb, emitido em janeiro deste ano. Já o Terminal Hidroviário Cantinho Final está em fase final de entrega. Para ambos estão sendo obtidas as licenças junto à Marinha do Brasil para início da navegação na represa”, diz a administração municipal.
De acordo com a prefeitura, o trajeto da operação assistida será realizado entre Cantinho do Céu (Grajaú) e Mar Paulista, e terá aproximadamente 5,6 km com um intervalo de 30 minutos.
Para estimar a demanda, segundo a prefeitura, foram considerados os usuários que utilizam as linhas próximas ao Terminal Hidroviário Parque Linear Cantinho do Céu e que ganhariam mais tempo no deslocamento até o Terminal Santo Amaro, considerado grande polo de interesse da região. “Os estudos apontam que, em dias típicos, os padrões operacionais deverão atender a demanda da região. De toda forma, trata-se de uma operação assistida que terá a demanda monitorada”, diz, em nota.
Ainda segundo a administração municipal, o projeto definitivo do Aquático SP prevê mais embarcações, linhas e estruturas de terminais e atracadouros e está em fase de desapropriações.