Vitrine no centro, programa Ruas Abertas não tem previsão na periferia
Diretor presidente da CET afirmou que a população precisa reivindicar o retorno do programa para que estudos sobre uma retomada sejam feitos
atualizado
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São Paulo – Os moradores periféricos de São Paulo que quiserem o retorno do programa Ruas Abertas para seus bairros precisam “reivindicar” a volta do projeto, segundo o diretor presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Hemilton Inoue.
Durante coletiva de imprensa sobre a expansão do programa para o bairro da Liberdade, no centro da capital paulista, o diretor da CET afirmou que não há previsão para que o projeto retorne para bairros periféricos como acontecia até o início da pandemia de Covid.
Com a chegada do coronavírus, a iniciativa foi suspensa em toda a cidade, sendo retomada em 2021 apenas na Avenida Paulista.
Segundo Hemilton, novos estudos sobre o programa dependem da reivindicação da população.
“A gente está aguardando as novas reivindicações para poder voltar os estudos, poder reimplantar, reativar algumas dessas áreas de lazer das Ruas Abertas da cidade”, afirmou Hemilton.
O diretor afirmou que o projeto encontrava resistência em alguns endereços periféricos.
“Tinha uma rua no Butantã que passou a ser um ponto de concentração, praticamente um pancadão, que incomodava muito a região toda e aí, em função disso, junto à subprefeitura, a gente fez a suspensão”, disse Hemilton.
Questionado sobre o tema, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que a prefeitura investe em outras ações de lazer nas periferias, como a abertura de escolas aos finais de semana e criação de parques e centros de esporte.
“Essas ruas aí estão em estudos. Aquelas que tiverem concordância da sociedade que houver participação, que a gente possa efetivamente chegar num bom objetivo do que se pretende a gente vai voltar a reabrir. Caso contrário não vai reabrir”, afirmou o prefeito.
Deixado de lado
Criado na gestão Fernando Haddad (PT), o Ruas Abertas restringe a circulação de carros em vias da cidade aos domingos e feriados, liberando o espaço para pedestres e ciclistas.
O programa começou em 2015 pela Paulista, mas chegou a ocupar 26 ruas em seu auge. A promessa da administração petista era de que todas as 32 subprefeituras tivessem pelo menos uma via participando do programa, o que nunca aconteceu.
A partir de 2017, com a administração de João Doria (sem partido), várias subprefeituras desistiram do projeto alegando falta de demanda ou reclamações de vizinhos.
Ainda assim, o programa persistiu em bairros como o Jardim Peri, na zona norte da cidade, e Ermelino Matarazzo, na zona leste, até o início da pandemia. Moradores dessas regiões dizem que crianças e adultos aproveitavam o espaço livre para andar de bicicleta e se divertir com a família, suprindo em parte a falta de espaços públicos de lazer nos bairros.