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Professor relata tratamento racista em padaria de Higienópolis, em SP

No dia da Consciência Negra, nesta quarta (20), André Hilário alegou ter sido vítima de racismo na padaria Le Pain Quotidien de Higienópolis

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Arquivo Pessoal
Imagem colorida de um homem vestido de camisa polo vermelha e boné
1 de 1 Imagem colorida de um homem vestido de camisa polo vermelha e boné - Foto: Arquivo Pessoal

ASão Paulo — Um professor de 26 anos alega ter sido vítima de racismo na manhã desta quarta-feira (20/11), Dia Nacional da Consciência Negra, em uma unidade da padaria Le Pain Quotidien, localizada no bairro Higienópolis, no centro de São Paulo.

Em vídeo ao Metrópoles (veja abaixo), André Hilário relatou que o caso aconteceu por volta das 9h, quando chegou ao local acompanhado de amigos. Segundo ele, ao se aproximar do atendente para cumprimentá-lo e pedir uma mesa, o professor foi imediatamente questionado de forma rude se era um entregador de comida.

“Eu falei bom dia, e aí antes que eu pudesse falar alguma coisa, ele perguntou: ‘É ifood? É entrega?’, contou André Hilário. “Ele percebeu que eu não gostei da forma como ele falou comigo, e disse “ah, você tá ofendido?”. Aí eu falei ‘sim, estou, você nem me deu bom dia’.”

O professor destacou que a abordagem foi marcada pela falta de educação e por um comportamento racista. “Não que ser um entregador seja um problema, obviamente, mas ele foi extremamente mal-educado, e isso me deixou extremamente desconfortável, nessa situação, no mínimo, racista”, desabafou.

Assista:

Ao tentar se justificar, o atendente disse que lhe confundiu com um entregador porque Hilário usava um boné. “Eu vi outros clientes no local, que estavam de boné, e que com certeza não foram abordados da mesma forma que eu fui.”

“Embora todo tipo de trabalho seja digno e justo, é inaceitável que pessoas negras continuem sendo enxergadas apenas como corpos que servem, e não como clientes ou frequentadores de um espaço em um bairro nobre”, publicou uma amiga de André que estava com ele nas redes sociais.

Bate-boca

Após o grupo de amigos que estava com o professor decidir reclamar com o funcionário, ele fez um pedido de desculpas que foi considerado “insatisfatório” por André. Ainda, uma das amigas que o acompanhava expôs o ocorrido em voz alta para outros clientes do estabelecimento, o que gerou discussão com pessoas que minimizaram o episódio.

Nesse momento, um rapaz branco se envolveu na situação e perguntou a Hilário qual era o problema de ser confundido com um entregador. A partir daí, em um bate-boca generalizado, ele se defendeu dizendo que o homem não entenderia o que havia se passado porque era branco. Em resposta, o rapaz lhe perguntou: “De que cor você é?”, e o mandou ir embora dali.

“É isso que as pessoas brancas sem consciência racial fazem, elas acham que tudo é vitimização e que tudo é mimimi”, desabafou o professor.

Nas redes sociais da Le Pain Quotidien, alguns internautas escreveram mensagens de indignação com o caso. “Ele não pode ser cliente porque é negro e negro só pode ser trabalhador!”, comentou uma das mulheres que acompanhava o professor.

André estava em São Paulo a viagem e não registrou um boletim de ocorrência porque a volta para o Rio de Janeiro, cidade onde mora, estava marcada para esta quarta. No entanto, ele afirmou a reportagem que pretende registrar o caso na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, no bairro da Lapa, na capital fluminense.

“É muito doido como a gente não pode nem ir tomar um café da manhã em um lugar que essas questões raciais atravessam a gente. É muito exaustivo, eu só queria aproveitar a viagem, mas enfim, feliz dia da Consciência Negra.”

O Metrópoles entrou em contato com o Le Pain Quotidien para um posicionamento, mas não obteve retorno. O espaço permanece aberto.

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