“Tiu Gabis”: conheça o médico que virou juiz de torneios de Pokémon
“Tiu Gabis” soma quase 200 mil seguidores nas redes sociais, onde conta um pouco sobre sua rotina como professor em campeonatos de Pokémon
atualizado
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São Paulo — Conhecido como “Tiu Gabis” nas redes sociais, Gabriel Giordano, de 44 anos, fez faculdade de medicina, mas, hoje em dia, leva a vida principalmente como professor e juiz em campeonatos de Pokémon. Nascido em Campinas, no interior de São Paulo, ele enveredou por esse caminho por causa de seu filho, João Gabriel, que hoje tem 17 anos.
Mas o que faz um juiz de campeonato de Pokémon? Gabriel explica que todo o trabalho é voluntário e inclui o acompanhamento de todas as partidas, aplicação de regras e penalidades — se necessário —, conferência de baralhos e videogames dos jogadores, investigações e soluções de dúvidas dos jogadores.
“No fundo, fazemos de tudo um pouco. Tudo o que precisar para o torneio ser o mais incisivo e tentar trazer a melhor experiência possível aos participantes”, disse Gabriel ao Metrópoles.
São quatro tipos de “professors”, como eles dizem: o organizer, o juiz de Trading Card Game (TCG, ou cartinhas), o juiz de videogame e o juiz de Pokemon Go — “Aquele do celular”, diz ele. “É possível ser todos eles. Quase todos fazem um pouquinho de tudo e rodam nas funções”, explicou.
Como tudo começou
Na conversa com o Metrópoles, Tiu Gabis contou um pouco de sua trajetória de radiologista até se tornar professor nos campeonatos. “Acho que 90% das crianças entre 5 e 8 anos vão passar por uma fase de ficar doido por Pokémon. Pelo menos, os meninos. Todos vão passar por essa fase, que pode durar 1 mês, 1 ano, etc… Podem ser só as cartinhas, só os brinquedos ou só o desenho”. O filho dele entrou nessa fase em 2014, quando tinha 6 anos.
Gabriel disse que, a partir do momento em que um filho entra nessa fase, existem três tipos de pai: o que apoia, o que se irrita em ficar gastando dinheiro com cartinha e o que até deixa o filho jogar, mas se irrita porque, geralmente, as trocas de figurinha acontecem aos finais de semana.
Se aprofundando na análise, o médico avaliou que, dentre os pais que apoiam, há outros três tipos: os que esperam o filho jogar, os que aprendem e começam a jogar também e os que se oferecem para ajudar só para acabar mais rápido. “Vou ser sincero, é o meu caso”, brincou.
Em 2015, Gabriel virou sócio de uma loja de cartinhas e coisas nerds, em Campinas. “Eu sempre apoiei o meu filho a jogar”, contou. Em 2017, no entanto, teve que largar a loja porque sua esposa, Guta, de 40 anos, engravidou da segunda filha do casal, Sarah.
Campeonatos fora do Brasil
Nesse período, Gabriel viajava pelo mundo para que João pudesse jogar nos campeonatos de Pokémon. Depois da pandemia da Covid, eles passaram a viajar não só para o menino jogar, mas também com Tiu Gabis na condição de juiz. “Já fomos umas quatro vezes para a Austrália, algumas para a Alemanha, várias para a Inglaterra e perdemos a conta de quantas vezes fomos para os EUA e para o Chile”, revelou.
Inclusive, foi na época da pandemia que ele decidiu largar o trabalho presencial. Por ser radiologista, ele consegue fazer os laudos de exames à distância, então tem liberdade de viajar. “Meu último trabalho presencial foi fazendo ultrassom no covidário e eu tinha muito medo de morrer, de faltar para os meus filhos. Então, abandonei o trabalho presencial de vez, que já era só uma vez por semana, e resolvi gravar vídeos para, se acontecesse algo, minha filha pudesse se lembrar de mim”, admitiu.
Além de médico, professor, juiz de campeonatos e tiktoker, Gabriel coordena duas ligas de Pokémon em lojas de Campinas, é media creator e trabalha como staff nos eventos do jogo que acontecem fora do Brasil. “Staff” compreende atividades de check-in, inscrições, premiações, logística, organização de filas, orientação de jogadores e divulgação dos resultados de cada partida no sistema, entre outras coisas.
“Em todo evento eu virei mídia”, contou. “Nos campeonatos aqui no Brasil, eu sou aquele tiozão que faz reportagens zoeiras, brinco com a torcida, etc… A organizadora do torneio produz os vídeos ‘sérios’ e eu os ‘paralelos’, com curiosidades, pegadinhas e piadas.”
Quando foi questionado pela reportagem se ele ainda mantém o trabalho na área de saúde mesmo com as demais tarefas, Gabriel respondeu: “Infelizmente, ainda sim”, em meio a risadas. “Eu até tiro uma graninha com o TikTok, mas não é regular e nem se compara ainda com o que eu preciso para manter a família.”
Este ano, Gabriel está vivendo uma situação nova nos campeonatos de Pokémon. Como seu filho está na época de prestar vestibular, ele não pode comparecer aos eventos com a mesma frequência de antes. “Vivi essa sensação estranha de estar sozinho sem ele lá pela primeira vez”, riu.
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Guta, esposa de Tiu Gabis, também acabou entrando para o mundo do Pokémon. “Ela ajudava quando tínhamos a loja e é staff também. Ela não gosta de ser juíza, mas, no Brasil, ela é líder do customer service (atendimento aos jogadores)”, explicou.
A pequena Sarah, de 7 anos, apesar de ainda não ter foco para jogar sério, gosta de abrir os pacotinhos de cartas. “Ela também ama gravar vídeos. Todos os vídeos de Pokémon ou de unboxing ela ajuda e participa”, disse. João, quando tinha praticamente a mesma idade dela, já “ia aos campeonatos com sangue nos olhos”, brincou o pai.