“Prisão midiática”, diz defesa de policiais presos por ligação com PCC
Defesa de Fabio Baena e Eduardo Monteiro teriam extorquido Vinícius Gritzbach para livrá-lo da investigação sobre morte de Cara Preta
atualizado
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São Paulo — A defesa do delegado da Polícia Civil Fabio Baena e do investigador Eduardo Monteiro, presos na manhã desta terça-feira (17/12), afirma que eles são alvos de uma “operação midiática” e que a prisão deles representa uma “arbitrariedade flagrante”.
Baena e Monteiro foram alvos de mandados de prisão expedidos no âmbito de uma operação conjunta entre Polícia Federal e Ministério Público de São Paulo, batizada de “Tacitus”. A investigação teve como ponto de partida a delação do corretor Vinícius Gritzbach, morto a tiros no Aeroporto de Guarulhos no último dia 8 de novembro.
As declarações de Gritzbach, que foram reiteradas em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil, citam que Baena, Monteiro e outros policiais teriam cobrado propina para livrá-lo de investigação sobre a morte do líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, pela qual se tornou réu.
Os advogados que representam os policiais civis afirmam que Gritzbach é um “mitômano”, que não apresentou qualquer prova das acusações.
“Inadmissível no Brasil se banalizar o direito à liberdade, decretando-se prisão midiática, sem contemporaneidade, e o mais grave, por fatos que já foram investigados e arquivados pela Justiça, por recomendação do próprio Ministério Público”, dizem os advogados do escritório Bialski.
“A palavra pueril de um mitômano, sem qualquer elemento novo de prova, não poderia jamais motivar medida tão excepcional, afrontando o status dignitatis e libertatis dos nossos constituídos”, acrescentam.
Os advogados afirmam que tanto Fabio Baena quanto Eduardo Monteiro compareceram espontaneamente para serem ouvidos e jamais causaram qualquer embaraço às repetidas investigações.
Policiais alvos da operação
Além de Fabio Baena e Eduardo Monteiro, é alvo da operação o policial Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, que também foi delatado por Gritzbach e segue foragido.
Todos atuavam no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e foram afastados das funções por causa das denúncias. Gritzbach foi fuzilado oito dias depois de denunciar a conduta desses policiais à Corregedoria por envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo a denúncia de Gritzbach, os policiais receberam ao menos R$ 11 milhões de propina, em dinheiro vivo, para retirar o nome de investigados em inquéritos por homicídio e envolvimento com o tráfico de drogas.
O inquérito policial de homicídio, mencionado no depoimento, era o mesmo no qual Gritzbach era investigado pelo suposto envolvimento no assassinato de dois integrantes do PCC, facção que o havia jurado de morte e a qual ajudou na lavagem de dinheiro.