Presos pelo “golpe do amor” em SP ostentam armas e dinheiro nas redes
Operação da Polícia Civil de São Paulo prendeu quatro adultos e apreendeu dois adolescentes em operação na zona norte de São Paulo
atualizado
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São Paulo — A Polícia Civil paulista prendeu quatro adultos e apreendeu dois adolescentes, nessa quinta-feira (13/7), em uma operação contra uma quadrilha especializada em realizar sequestros por meio de aplicativos de namoro, na zona norte paulistana.
Chamada de “golpe do amor“, a prática criminosa se resume a atrair vítima por meio do app com um perfil falso, sequestrá-la e mantê-la em cativeiro até esvaziar a conta bancária da pessoa fazendo Pix e transferências para contas de “laranjas”. Até o momento, cinco vítimas já foram identificadas pela polícia.
Um sequestro ocorrido em 15 de abril deste ano, na Brasilândia, fez com que policiais da 4ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrência Diversas iniciassem uma investigação na zona norte de São Paulo.
Por quase três meses, policiais civis identificaram perfis falsos usados pelos criminosos e, também, localizaram seus perfis verdadeiros. Neles, os bandidos compartilhavam fotos ostentando maços de dinheiro, muita bebida — principalmente uísques caros — e armas.
O delegado Ronald Quene afirmou nesta sexta-feira (14/7) ao Metrópoles que a quadrilha criava perfis falsos em aplicativos de namoro. Assim que conseguia “fisgar” vítimas, migravam as conversas para contas, também falsas, no Instagram.
“Com o propósito de cometer crimes, os investigados usavam fotos de pessoas joviais, pegas em perfis públicos, ‘printavam’, e faziam novos perfis.”
A estratégia, segundo o delegado, era usada para ludibriar as vítimas, para que elas acreditassem estar se relacionando, virtualmente, com pessoas bonitas e atraentes. Depois disso, a conversa migrava para o WhatsApp, por meio do qual os encontros eram marcados, sempre na Brasilândia.
Uma mulher e uma adolescente, de 14 anos, foram respectivamente presa e apreendida sob a suspeita de gerenciar os perfis, servindo de “isca” para as vítimas.
Sequestro e violência
As investigações da central especializada mostram que, assim que as vítimas chegavam nos endereços marcados, sempre em locais desertos, eram abordadas violentamente por membros da quadrilha.
Na sequência, eram levadas para cativeiros, ainda na Brasilândia, onde eram obrigadas a fornecer senhas bancárias, “mediante tortura e agressões”, segundo o delegado Ronaldo Quene.
Após a realização de transferências e empréstimos, elas eram largadas em “locais ermos” e os criminosos “deixavam de segui-las” no Instagram. Essa prática fez com que a polícia batizasse a operação, realizada nessa quinta-feira (13/7), de “Unfollow.”
Veja vídeo da operação feita pela Polícia Civil
Ação na zona norte
Oitenta policiais civis se organizaram nessa quinta-feira para cumprir 32 mandados de busca e apreensão e 10 de prisão temporária, na zona norte paulistana.
No decorrer do dia, quatro criminosos foram presos, dos quais três homens e uma mulher, usada de isca para enganar as vítimas. Uma adolescente, de 14 anos, também usada como isca foi apreendida. Em seu celular, a polícia localizou uma conversa dela com os criminosos, falando sobre uma vítima que teria tentado fugir de uma abordagem e teria sido ferida com um tiro. A conversa será investigada pela polícia.
Um adolescente, cuja idade não foi informada, também foi apreendido em flagrante, após a polícia encontrar dentro da mochila dele grande quantidade de droga.
Duas lideranças da quadrilha, identificadas pela polícia como Pedro Henrique Martins, o PH, e Leonardo da Silva Figueiredo, o Jubileu, estão entre os presos. A identidade dos outros detidos não foi divulgada.
Nos endereços vasculhados foram apreendidos celulares, um revólver calibre 38, e itens que serão analisados pela Polícia Civil. Dois imóveis, usados como cativeiros, também foram identificados. Um deles foi reconhecido por vítimas.
A defesa dos presos não havia sido localizada até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.