Presidente da Mancha trabalhava para o líder do PL na Câmara de SP
Jorge Luiz Sampaio Santos pediu exoneração na última terça-feira (29/10), dois dias após a emboscada da Mancha contra torcedores do Cruzeiro
atualizado
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São Paulo — Jorge Luiz Sampaio Santos, presidente da Mancha Alvi Verde, torcida organizada do Palmeiras, era funcionário do gabinete do vereador Isac Félix, líder do PL na Câmara Municipal de São Paulo.
Ele pediu exoneração na última terça-feira (29/10), de acordo com o Diário Oficial. A solicitação ocorreu dois dias depois da emboscada que matou um torcedor do Cruzeiro e deixou outros 11 feridos, no último domingo (27/10), na Rodovia Fernão Dias, trecho de Mairiporã, na Grande São Paulo.
Jorge Luiz é um dos alvos da operação da Polícia Civil que busca o presidente da Mancha e mais cinco integrantes da torcida organizada que estão envolvidos no caso.
Além dele, são procurados o vice-presidente, Felipe Matos Dos Santos, e os integrantes Leandro Gomes dos Santos, Henrique Moreira Lelis, Aurélio Andrade de Lima e Nélio Ferreira da Silva.
Via assessoria, o vereador Isac Félix (PL) afirmou que “não reconhecemos qualquer envolvimento do funcionário de nosso gabinete, Jorge, no triste incidente ocorrido com o torcedor do Cruzeiro. Jorge atua conosco desde o início do mandato e sempre desempenhou suas funções com integridade e responsabilidade. Em relação ao material de campanha apreendido na sede da Mancha Verde, informamos que somente após analisarmos o conteúdo poderemos emitir uma opinião e nos posicionar sobre o assunto”.
“Assim que tomamos conhecimento do ocorrido com o torcedor, repudiamos prontamente o ato, independentemente de qualquer relação ou responsabilidade de Jorge, cuja participação será apurada pelas autoridades competentes”, completa a nota enviada ao Metrópoles.
Presidente da Mancha quer acesso ao inquérito
O advogado Gilberto Quintanilha, que defende o presidente da Mancha Alvi Verde, Jorge Luiz Sampaio Santos, afirmou que o seu cliente só vai se entregar à polícia quando a defesa tiver acesso ao inquérito do caso.
O defensor afirmou à imprensa nesta sexta-feira (1º/11), em frente a sede do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), na zona oeste de São Paulo, que ainda não teve acesso à acusação policial.
A defesa do presidente da Mancha disse ainda que Jorge Luiz vai se entregar a depender do conteúdo da acusação policial.
Segundo ele, o pai de Jorge Luiz, Balbino Santos, de 72 anos, que compareceu à sede do Dope nesta sexta, estava ali para ser ouvido sobre itens apreendidos em sua residência, onde mora com o filho. ”Nada de relevante”, afirmou Quintanilha.
Balbino Santos falou com a imprensa quando chegou a sede do Dope. Segundo ele, “estão querendo jogar a culpa” nas costas do filho. “Ele é o presidente da Mancha, se dependesse da vontade do pai e da mãe, ele jamais seria torcida organizada, porque eu lutei para isso quando ele tinha 12, 13 e 15 anos, eu consegui tirar [o filho da torcida organizada]”, disse.
“Mentor” da emboscada
Para a Polícia Civil de São Paulo, o presidente da Mancha Alvi Verde, Jorge Luiz Sampaio Santos, teria sido o mentor de uma emboscada que resultou em um assassinato e deixou feridos mais 11 torcedores do Cruzeiro, na madrugada do último domingo (27/10), em um trecho de rodovia na região de Mairiporã, na Grande São Paulo.
Na representação pela prisão dos integrantes da torcida organizada do Palmeiras, obtida pelo Metrópoles, o delegado César Antônio Saad, titular da Delegacia de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), afirma que Jorge “seria o mentor intelectual de toda a ação delituosa”.
Ainda segundo o delegado, a emboscada teria sido consequência de outro confronto entre a Mancha e a Máfia Azul, torcida organizada do Cruzeiro, em setembro de 2022 em Minas Gerais.
Operação
Nesta sexta, a Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo fazem uma operação para localizar os seis integrantes da torcida organizada.
As autoridades fizeram apreensões na capital paulista, em Taboão da Serra e São José dos Campos. Ao todo, são dez endereços alvos dos investigadores. Um deles é a sede da torcida organizada, na zona oeste de São Paulo.
Veja:
Participam do cumprimento das ordens judiciais policiais do Departamento de Operações Estratégicas (Dope), Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), Grupo Especial de Reação (GER) e Antissequestro.
Segundo a delegada que coordena a operação, Fernanda Herbella, o objetivo é prender os alvos envolvidos no crime e coletar o maior número de provas que possam auxiliar na continuidade das investigações.
Nos endereços dos procurados, os policiais tentavam localizar três veículos identificados na cena do crime. Um Chevrolet Celta cinza foi apreendido, assim como celulares, computadores, roupas e armas usadas no ataque ao ônibus.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), as apreensões serão apresentadas na Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade).