Presidente da Mancha foi mentor de emboscada em rodovia, diz polícia
Presidente, vice e mais quatro membros da torcida organizada tiveram prisões temporárias decretadas pela Justiça após violência
atualizado
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São Paulo – Para a Polícia Civil de São Paulo, o presidente da Mancha Alvi Verde, Jorge Luiz Sampaio Santos, teria sido o mentor de uma emboscada que resultou em um assassinato e deixou feridos mais 11 torcedores do Cruzeiro, na madrugada do último domingo (27/10), em um trecho de rodovia na região de Mairiporã, na Grande São Paulo.
Na representação pela prisão dos integrantes da torcida organizada do Palmeiras, obtida pelo Metrópoles, o delegado César Antônio Saad, titular da Delegacia de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), afirma que Jorge “seria o mentor intelectual de toda a ação delituosa”.
Ainda segundo o delegado, a emboscada teria sido consequência de outro confronto entre a Mancha e a Máfia Azul, torcida organizada do Cruzeiro, em setembro de 2022 em Minas Gerais.
Na ocasião, ainda segundo Saad, os documentos do presidente da Mancha Verde teriam sido levados pelos cruzeirenses, tornando-o alvo de “muitas provocações” nas redes sociais por parte dos torcedores mineiros.
“Jorge [presidente da Mancha] seria o principal interessado nesse revide por parte de sua torcida”, destaca o delegado.
Com base na representação do titular da Drade, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decretou, na tarde dessa quarta-feira (30/10), a prisão temporária, de 30 dias, do presidente da Mancha Alvi Verde, do vice presidente da organizada, Felipe Matos dos Santos, além de Leandro Gomes dos Santos, Henrique Moreira Lelis, Aurélio Andrade de Lima e Neilo Ferreira e Silva.
Somente a defesa da presidência foi encontrada e questionada pelo Metrópoles, mas não havia se posicionado sobre os pedidos de prisão até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações. Até a publicação desta reportagem, não havia confirmação oficial sobre o cumprimento dos mandados.
Além das prisões, o TJSP expediu oito mandados de busca e apreensão, autorizando inclusive para que a polícia arrombe os imóveis, caso ocorra algum tipo de resistência para o ingresso dos agentes nos locais — entre eles a sede da Mancha Alvi Verde. A Justiça também autorizou a quebra de dados telemáticos, de aparelhos apreendidos nos locais das buscas.
A emboscada
Por volta das 5h da manhã de domingo, no km 65 da Rodovia Fernão Dias, no centro de Mairiporã, membros da Mancha Alvi Verde, torcida organizada do Palmeiras, fizeram uma emboscada contra torcedores do Cruzeiro. Durante o ataque, um homem foi morto carbonizado e 17 ficaram feridos.
Em um dos vídeos do ataque, é possível ouvir um homem falando “É a Mancha, car****. Aqui é a Mancha, por**”, fazendo referência à organizada.
Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram acionados para a ocorrência e, no local, encontraram um ônibus incendiado e outro depredado. Foram apreendidos rojões, fogos de artifício, barras de ferro e madeiras, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Com a aproximação das equipes da PRF e da Polícia Militar de São Paulo, os agressores envolvidos fugiram pelas vias locais.
Como mostrado pelo Metrópoles, a organizada palmeirense teria monitorado e interceptado os cruzeirenses, que viajavam em dois ônibus na Rodovia Fernão Dias. Os torcedores mineiros voltavam de Curitiba (PR), onde o Cruzeiro havia jogado, no sábado (26/10), com o Athletico Paranaense — e perdido por 3 a 0.
Vídeo
Morte e feridos
Três das vítimas foram deslocadas para um hospital de Franco da Rocha e outras 14 foram levadas para o Hospital Anjo Gabriel, em Mairiporã. Para lá também foi levado José Victor Miranda, de 30 anos, que morreu durante o atendimento médico, após ser carbonizado pelos palmeirenses. A vítima baleada na barriga não corre risco de morrer, de acordo com a PRF.
Ao todo, 120 torcedores se envolveram na briga.
Logo após a barbárie, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) também vai investigar a torcida organizada do Palmeiras, como facção criminosa.
“Tal episódio é inaceitável e representa uma grave afronta à segurança pública e à convivência pacífica em nossa sociedade. Por isso, esta Procuradoria-Geral de Justiça determinou que, para além do promotor Fernando Pinho Chiozzotto, de Mairiporã, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado [Gaeco] entre no caso”, disse o procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.
“Há firmes evidências de que algumas torcidas organizadas atuam como verdadeiras facções criminosas, o que justifica a intervenção do Gaeco”, acrescentou o chefe do MPSP.