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Presidente da Câmara de SP sobre conflitos na Casa: “Uma delícia”

Novo presidente da Câmara de São Paulo, Ricardo Teixeira (União), alertou que embates devem ocorrer dentro da normalidade

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Richard Lourenço/Câmara de SP
RICARDO TEIXEIRA PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO - METRÓPOLES
1 de 1 RICARDO TEIXEIRA PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO - METRÓPOLES - Foto: Richard Lourenço/Câmara de SP

São Paulo – O novo presidente da Câmara Municipal, Ricardo Teixeira (União), afirmou que os conflitos entre vereadores da Casa devem continuar acontecendo e indicou não ver problema nisso desde que os embates ocorram dentro da normalidade e das regras.

Ele foi perguntado sobre o assunto porque logo na sessão de posse do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e dos 55 vereadores já houve embate entre vereadores, após a novata Zoe Martinez (PL) exaltar Jair Bolsonaro (PL) e ser vaiada por vereadores de oposição e o público. A atual legislatura tem muitos vereadores novos, alguns mais radicais, um prenúncio de que episódios do tipo podem se intensificar.

“Olha, a primeira vez que eu pisei no plenário, Wadih Mutran e Dalton Silvano se pegaram. Já teve sequências aqui, que o Holiday se pegou com a Juliana Cardoso. É assim. E vai continuar assim. Eu vou repetir: é uma delícia. Isso aqui é a cidade, a cidade vive, a cidade pulsa”, disse. Teixeira alertou, porém, que os embates devem acontecer dentro das regras previstas na Casa.

“Quem está aqui representa a cidade. Nós vamos deixar dentro da normalidade. Não pode fugir do procedimento. Mas acho que todo mundo é inteligente, ninguém quer perder o mandato”, disse.

Em sua primeira entrevista coletiva, Teixeira também respondeu a críticas segundo as quais a Câmara seria submissa ao Executivo. “Todos os projetos que nós aprovamos do Ricardo, teve alteração. Os vereadores debatem isso aqui, é normal que assim seja. E o prefeito elegeu a maioria. Elegendo a maioria, fica mais fácil. Não significa dizer que vai ser tudo aprovado, mas fica mais fácil aprovar”, disse.

Teixeira que o diálogo com vereadores faz parte de seu perfil, mas admitiu ser um desafio suceder Milton Leite (União), o presidente que teve mais influência na Casa nos últimos anos.

“O Milton é um mito aqui na Casa”, disse. “É meu amigo há 20 anos, eu gosto muito dele, mas eu acho que esse vai ser o maior desafio da minha carreira”.

Escolha

Ele foi escolhido para o cargo com apoio de Nunes após um acordo entre o prefeito e o ex-presidente da Câmara, Milton Leite, que preferia seu afilhado político Silvão Leite (União) no comando da Casa.

O político já é vereador há mais de duas décadas e foi reeleito no ano passado com a bandeira da Faixa Azul para motos, programa que implantou como secretário de Mobilidade e Trânsito da gestão Nunes.

Antes, Teixeira (foto em destaque) já tinha sido secretário de Verde e Meio Ambiente e também de Subprefeituras, entre 2013 e 2015, durante a gestão do ex-prefeito e atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

Teixeira é engenheiro formado na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e o assunto da mobilidade marcou boa parte de sua carreira. Teve passagem por cargos na Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Dersa, Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU).

Assim como Milton Leite, seu antecessor, Teixeira tem facilidade para dialogar com diversos polos políticos dentro da Câmara, incluindo o PT. A vitória dele foi decorrente de um amplo acordo partidário que uniu até petistas e bolsonaristas e envolveu os demais cargos da Mesa Diretora da Câmara.

Queda de braço

Teixeira foi eleito após uma queda de braço entre Nunes, que encampou seu nome, e Milton Leite, seu antecessor da presidência da Câmara.

Teixeira disputava a indicação dentro do União Brasil com nomes como o recém-eleito Silvão Leite e o bolsonarista Rubinho Nunes. Os outros candidatos, no entanto, encontraram resistência de parte dos políticos dentro e fora do partido.

No caso de Silvão, a inexperiência na Câmara era vista como um entrave, apesar do empenho do então presidente da Casa, Milton Leite, em defender o aliado e tentar emplacá-lo como seu herdeiro na cadeira.

Rubinho, por outro lado, viu a candidatura prejudicada após ter declarado apoio a Pablo Marçal (PRTB) no meio da eleição para a Prefeitura de São Paulo.

O nome de Teixeira foi definido em uma reunião entre Leite e Nunes. No acordo, o prefeito cedeu a Leite o controle sobre a Secretaria de Habitação e sobre a Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab), além de manter a Secretaria de Transportes sob o domínio do vereador.

Nunes também argumentou a Leite que ambos corriam o risco de derrotas que poderiam enfraquecê-los politicamente. A montagem da chapa pela reeleição do prefeito previa que o União, comandado por Leite na capital paulista, manteria o comando da Câmara. No entanto, não havia um consenso a respeito do nome, o que poderia levar a uma surpresa no dia da eleição desta quarta.

Milton Leite negou a negociação de cargos. “Não houve nenhuma negociação de cargos relacionada à definição do nome de Ricardo Teixeira para a disputa da presidência da Câmara. O acordo eleitoral é que a presidência ficaria com o União Brasil e isso está sendo cumprido. Toda definição de nomes de secretários e dirigentes, no Executivo, cabe ao prefeito.”

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