Prefeitura de SP atrasa posse de PCDs aprovados em concurso
Grupo de pessoas com deficiência aguarda para tomar posse de seus cargos enquanto outros aprovados em concurso já foram empossados
atualizado
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São Paulo — Aprovados há mais de dois meses no concurso público de fiscal de posturas na Prefeitura de São Paulo, um grupo de 14 pessoas com deficiência (PCDs) ainda não tomou posse de seus cargos. As outras pessoas – sem deficiência – que passaram no mesmo exame já foram chamadas para começar no novo emprego, à exceção dos considerados inaptos e os ausentes.
Ao todo, 235 candidatos foram aprovados no concurso divulgado pela administração municipal em maio do ano passado.
A nomeação das pessoas com deficiência foi feita no último dia 3 de junho. Depois disso, os 14 aprovados passariam por uma “perícia de caracterização” (procedimento para confirmar que a pessoa tem deficiência) e, posteriormente, por uma reunião de compatibilidade com o cargo. A reunião nunca aconteceu.
O Metrópoles conversou com uma das pessoas que aguarda para tomar posse. Com medo de sofrer represálias no futuro cargo, ele não quis se identificar.
Na primeira convocação de aprovados, no dia 15 de abril, a prefeitura teria dito que o processo aconteceria de forma rápida e sugeriu que os aprovados adiantassem os exames médicos. Setenta dias depois, os exames estão próximos da data de vencimento.
Foi na época da convocação que o aprovado deixou o interior do estado e se mudou para a capital com um familiar, com a promessa de um processo ágil até a posse. Os dois estão, desde então, morando em um quarto de pensão, sem perspectiva de quando será pago o primeiro salário do novo emprego.
“Excluídos, discriminados e preteridos”
Ele afirma que o grupo se sente “excluído, discriminado e preterido”. Incomodados com a situação, os concursados, incluindo os já empossados, criaram um grupo de WhatsApp chamado “todos empossados, exceto os PCDs”.
A pessoa ouvida pela reportagem conta que, ao contactar a prefeitura, o caso é repassado de pasta em pasta e ninguém se mostra capaz de dar alguma informação.
“A gente está perdido. Não é uma questão de incompetência da nossa parte. Nós passamos como qualquer outro. Estudamos para esse concurso, mas é como se a gente fosse um estorvo”, lamentou o aprovado.
Ele se diz, além de angustiado, constrangido por ter que explicar aos amigos e familiares os motivos pelos quais ainda não começou a trabalha depois de ter passado em um concurso público: “Até eu estou em dúvida. Já não sei mais se vou tomar posse”, disse.
Sobre a demora para a reunião de compatibilidade com o cargo, a Prefeitura de São Paulo disse, em nota enviada ao Metrópoles, que a Comissão Multidisciplinar, que realiza a tarefa, está sendo alterada para a mudança dos membros. Uma portaria será publicada em breve, afirma a gestão municipal.