Praia na capital e Lei Áurea: os erros do material didático de Tarcísio
Slides do material digital didático utilizado na rede pública de educação contêm erros de informação em pelo menos duas disciplinas
atualizado
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São Paulo – Trechos do material digital didático distribuído pelo governo de São Paulo para ser utilizado por estudantes da rede pública de educação contêm erros de informações em disciplinas como história e biologia.
O conteúdo com erros está disponível no material 100% digital produzido pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc), comandada por Renato Feder, para ser utilizado nas salas de aula das 5.300 escolas da rede estadual de ensino. A análise que apontou os erros foi feita pelo portal UOL.
Lei Áurea e praias
Na disciplina de história, há um trecho que indica que dom Pedro 2º assinou a Lei Áurea em 1888 – o que, na verdade, foi feito por sua filha, a princesa Isabel. O erro está em um slide destinado a alunos do 8º ano do ensino fundamental.
Na mesma disciplina, conteúdo do 9º ano do ensino fundamental aponta que a cidade de São Paulo tem praias. “A proibição do uso de biquínis foi adotada por Jânio Quadros em 1961, quando ele era prefeito de São Paulo. Ele emitiu um decreto vetando o uso de biquínis nas praias da cidade”, diz o texto. Na capital, no entanto, não há praias.
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Já um slide da disciplina de biologia direcionado a estudantes do 7º ano do ensino fundamental informa que a água contaminada com mercúrio, agrotóxicos, remédios e produtos químicos “pode provocar doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson”, além de problemas cognitivos, depressão e déficit de atenção. Os médicos, contudo, dizem não haver base científica para fazer essa associação.
“As intoxicações por metais pesados podem desencadear vários tipos de doença, mas não essas duas que estão ali [Parkinson e Alzheimer]”, diz o infectologista Jamal Suleiman.
Erros conceituais
Uma análise feita por pesquisadores da Rede Escola Pública e Universidade (REPU) já havia apontado que os slides fornecidos pela Secretaria Estadual da Educação contêm problemas metodológicos, erros conceituais e fazem uma má contextualização das informações para os alunos.
Professores da rede estadual de São Paulo também fizeram, este mês, um protesto contra o corte dos livros didáticos do Programa Nacional dos Livros Didáticos (PNLD), do governo federal. Educadores afirmaram que os slides oferecidos pelo governo são insuficientes e tiram a autonomia dos professores.
Após ser duramente criticada por especialistas, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) voltou atrás na decisão de recusar os livros didáticos do governo federal. Em 2024, os estudantes terão acesso tanto ao material do Ministério da Educação quanto ao conteúdo produzido pelo estado – que inclui os slides e as apostilas do Currículo em Ação.
Procurada para comentar os erros detectados no material digital, a Secretaria de Estado da Educação informou que afastou os servidores responsáveis. “O conteúdo é editável e as informações já foram retificadas e atualizadas”, diz a nota.
Segundo a Seduc, a coordenadoria pedagógica da instituição “vai reforçar a equipe de revisão para que haja aprimoramentos constantes nos recursos didáticos, sempre em total harmonia com o Currículo Paulista”.