Praia Grande inicia campanha contra bullying após morte de adolescente
Prefeitura de Praia Grande divulgou a campanha 65 dias após a morte de Carlos Teixeira, agredido por alunos em escola na cidade
atualizado
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São Paulo — A Prefeitura de Praia Grande, litoral sul de São Paulo, anunciou o início da campanha “Bullying não é brincadeira” em um comunicado publicado na última segunda-feira (17/6).
O foco do projeto é na conscientização dentro das escolas estaduais e municipais da cidade, dos espaços públicos e da população em geral.
As iniciativas serão feitas por meio das redes sociais oficiais da administração municipal. Encontros com o corpo docente e servidores de diversas secretarias para orientar sobre como proceder e explicar os serviços públicos oferecidos na cidade também serão promovidos.
O plano ainda espera discutir as principais demandas de jovens e crianças vítimas de bullying no ambiente escolar. Posteriormente, a campanha espera promover reuniões com os pais dos alunos e sensibilizar os estudantes sobre o tema.
O presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), Augusto Schell, afirmou que a campanha é um “reforço” do que já é realizado no município, mas diz que “é preciso intensificar a campanha cada vez mais”.
O comunicado não menciona o caso de Carlos Teixeira, de 13 anos, adolescente morto uma semana após ser alvo de agressões na escola.
Agressões
Carlos Teixeira Gomes Ferreira Nazarra morreu no último dia 16 de abril. Imagens mostram o menino sendo alvo de agressões dentro de casa e chorando de dor em casa. O pai, Julysses Fleming, relatou que dois estudantes pularam em suas costas.
Dois adolescentes de 14 anos envolvidos no crime foram apreendidos pela polícia e levados à Fundação Casa. Um terceiro participante tem 11 anos e por isso não pode ser apreendido, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Carlos estudava na Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grande, no litoral de São Paulo. No dia 19 de março, alunos do colégio hostilizaram o adolescente, que chegou a levar um mata-leão de um deles. A data do registro foi confirmada pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
Em nota enviada à época, a Seduc afirmou que repudia toda e qualquer forma de agressão e de incitação à violência dentro ou fora das escolas. “Na época, ao tomar ciência do caso apresentado, a gestão escolar acionou o Conselho Tutelar e os responsáveis do aluno. Também registrou o ocorrido no aplicativo do Conviva”. O app é uma plataforma do governo do estado para comunicar ocorrências no ambiente escolar, incluindo agressão, bullying e racismo.
A pasta já havia informado que a Diretoria de Ensino de São Vicente, no litoral paulista, instaurou uma apuração preliminar interna do caso e colabora com as autoridades nas investigações.
Choro de dor
Outro vídeo, gravado pelo pai de Carlos, Julysses Fleming, mostra o adolescente chorando de dor e relatando que foi agredido por um estudante na escola.
Nas imagens, Carlos responde, com dificuldade, a perguntas feitas pelo pai. O adolescente diz o nome e a turma do agressor (censurados no vídeo). Em seguida, Carlos confirma que o estudante pulou em cima dele e diz que, ao respirar, sente dor nas costas. O adolescente relata ainda que nem estava brincando com o colega.
Escola desprezou caso, diz pai
O pai do adolescente de 13 anos, morto depois de ter sido agredido por estudantes na escola em que estudava, em Praia Grande, litoral de São Paulo, na última terça-feira (16/4), disse que procurou a direção da unidade de ensino, mas foi desprezado no local. Segundo Julysses Názara, o diretor respondeu a ele que os envolvidos eram crianças e que, por isso, se resolveriam entre si.
Ele foi chamado pela subdiretora para comparecer à Escola Estadual Júlio Pardo Couto, localizada no bairro Vila Mirim, no dia 19 de março, por conta de uma emergência ocorrida com o filho, Carlos Gomes. Lá, foi passado pela funcionária que o menino teria caído da escada, informação que foi desmentida imediatamente pelo jovem, que corrigiu falando que foi agredido por três alunos.
Em entrevista à TV Bandeirantes, Julysses disse que pediu três vezes por uma reunião com os pais dos agressores, mas todas as solicitações foram negadas pela subdiretora.