Pós-cirúrgico, homicídio ou overdose: o que pode ter matado ex-modelo
Departamento de Homicídios aguarda resultado de laudos para esclarecer causa da morte; nenhuma linha de investigação é descartada
atualizado
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São Paulo – O mistério sobre a morte da ex-modelo Dalliene de Cássia Brito Pereira, 21 anos, continua quatro dias após ela ter sido encontrada morta, nua e com o travesseiro sobre o rosto no apartamento onde morava, na zona sul da capital paulista. Entre as linhas de investigação, estão homicídio, overdose e até complicação pós-operatória.
A polícia aguarda os laudos periciais, toxicológico e sexológico, que serão fundamentais para direcionar as investigações do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
A conclusão dos exames, assim como das análises de eventuais impressões digitais encontradas na cena da morte, pode demorar entre 15 e 30 dias.
Nenhuma câmera registrou suspeitos entrando ou saindo do apartamento, ou usando o elevador do prédio, onde a vítima morava no 9º andar. O caso foi registrado como homicídio qualificado por asfixia, e é acompanhado pessoalmente por Ivalda Aleixo, diretora do DHPP.
Policiais que acompanham o caso afirmaram ao Metrópoles que outras possibilidades estão sendo investigadas além de crime sexual, incluindo a morte por overdose de drogas ou ainda por alguma complicação pós-operatória.
Recentemente a ex-modelo havia feito uma cirurgia de implante mamário. Sob os seus seios, quando foi encontrada já sem vida, havia dois curativos.
No quarto dela, foram encontradas uma porção de cocaína e uma nota de dinheiro enrolada, indicando o eventual uso da droga. Na residência, a polícia também localizou e apreendeu maconha e anfetamina.
Brunna Ysabelle Gondim Faria, 22, amiga de infância de Dalliene, afirmou em depoimento à polícia que ambas faziam uso esporádico das drogas. Brunna morava no apartamento com a ex-modelo desde fevereiro deste ano.
Barulhos e pedido de socorro
Antes de Dalliene ser encontrada morta, vizinhos e Brunna afirmaram em depoimento terem ouvido sons da cama da vítima rangendo. Um dos moradores do 8º andar gravou, com o celular, a jovem pedindo socorro.
Brunna voltava de uma casa noturna, no fim da madrugada de sábado (1º/7) e, ao verificar que a porta do apartamento estava fechada, também ouviu sons vindos do quarto da amiga. Ela não tinha a chave do imóvel.
Um policial civil afirmou ao Metrópoles que durante uma overdose de drogas as pessoas podem se debater. “Há a possibilidade de que tenha acontecido isso e, em momentânea lucidez, ela tenha gritado por socorro”, disse.
A Polícia Civil também apura se a jovem teve algum problema pós-operatório, como eventual embolia, Acidente Vascular Cerebral (AVC), ou ainda isquemia (ausência de oxigenação sanguínea nas artérias), que pode levar a um ataque cardíaco.
As circunstâncias do crime, assim como sua suposta autoria, têm deixado a Polícia Civil de São Paulo intrigada até o momento.
Últimos momentos
Horas antes de ser encontrada morta, Dalliene comprou cigarro e trocou mensagens no celular.
Câmeras de monitoramento do prédio e de um posto de combustíveis registraram os últimos momentos em que a jovem esteve na rua com vida (assista abaixo).
Dalliene foi a um happy hour com uma colega, após o fim do expediente de trabalho, na sexta-feira (30/6). Ela chegou ao prédio onde morava, em Santo Amaro, às 21h10. Enquanto o elevador sobe, até o 9º andar, as imagens mostram que a jovem não para de trocar mensagens no celular.
Exatos 33 minutos depois, ela vai até um posto de combustíveis, ao lado do edifício. Sempre com o olho fixo no celular, lendo e respondendo mensagens, Dalliene compra um maço de cigarros. Quando sai da loja, ela se despede de frentistas do posto, que respondem a saudação.
Durante a madrugada de sábado (1º/7), a ex-modelo mandou mensagens para um irmão e também para Brunna.
Porta arrombada
A mesma câmera que registrou Dalliene comprando cigarro captou Brunna comprando um pão de queijo, às 5h38 de sábado.
Ela retornou à loja de conveniência às 5h47 e pediu o celular da atendente emprestado. À polícia Brunna alegou que seu telefone não estava fazendo ligações e que Dalliene não havia respondido suas mensagens nem atendido a porta do apartamento.
Por fim, ela ligou para o zelador do prédio e falou sobre a situação. Brunna disse, em depoimento à polícia, não ter uma cópia da chave do imóvel, que ficava, segundo ela, com a porta aberta, quando ambas as amigas estavam ausentes.
Na madrugada de sábado, a porta estava trancada. Por isso, ela foi arrombada pelo zelador acionado por Brunna. A ação foi acompanhada por policiais militares, que foram chamados também pela amiga da vítima.
Dalliene foi sepultada no cemitério Memorial Parque de Uberaba, cidade mineira onde nasceu e cresceu. Além dos pais, ela deixa quatro irmãos.
Em entrevista ao Metrópoles, a mãe de Dalliene, Valéria Alves Brito, 46 anos, disse que acompanha de perto as investigações e quer justiça para a filha.
“É muita dor. Estou dilacerada. Parece que arrancaram um pedaço do meu coração. Sinto como se tivesse só meu corpo, porque minha alma foi embora com ela, com meu anjo, meu sonho, minha caçula, meu bebê”, afirmou.