Porsche se manifesta sobre acidentes fatais envolvendo carros da marca
Fabricante de carros de luxo Porsche lamentou acidentes com morte provocados por motoristas em SP. Foram dois em menos de quatro meses
atualizado
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São Paulo — A empresa Porsche lamentou o acidente de trânsito provocado pelo empresário Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, que matou o motoboy Pedro Kaique Ventura, 21, na zona sul de São Paulo. O caso é o segundo envolvendo um carro da fabricante em menos de quatro meses na capital paulista.
“É com profundo pesar que a Porsche Brasil lamenta o acidente que vitimou Pedro Kaique Figueiredo. Oferecemos nossas mais sinceras condolências à sua família e amigos”, diz a nota da empresa.
“A Porsche Brasil reafirma seu comprometimento com a segurança nas vias públicas e o respeito às normas estabelecidas no Código Nacional de Trânsito”, completa a empresa, que ressalta não possuir “qualquer vínculo com o motorista envolvido no acidente”.
A fabricante diz que investe em programas de treinamento de condução para ampliar a segurança no uso dos automóveis. “Oferecemos também um amplo portfólio de oportunidades para utilização dos veículos em ambientes seguros e controlados”, diz.
“Que a lembrança deste e de outros trágicos acontecimentos inspire a reflexão e a promoção de uma conduta mais segura e responsável”, completa a Porsche.
Acidente com Porsche amarelo
Na última segunda-feira (29/7), Igor Sauceda usou seu Porsche para perseguir e matar o motociclista Pedro Kaique, na Avenida Interlagos, após provável briga de trânsito por causa de um retrovisor quebrado.
Igor é empresário e sócio do bar Beco do Espeto, conhecido como “gaúcho”, localizado no Itaim Bibi, zona oeste da cidade. De acordo com a Polícia Civil, Igor fez o teste do bafômetro, que apontou resultado negativo para a presença de álcool no organismo.
Assista ao momento do acidente:
Inicialmente, o caso havia sido registrado como homicídio culposo pela delegada plantonista do 11º DP. Havia inclusive a expectativa de que o empresário fosse liberado.
No entanto, após analisar imagens de câmeras de monitoramento, o delegado Edilzo Lima, do 48º Distrito Policial, mudou a tipificação, incluindo a qualificadora de motivo fútil ou torpe, e determinou a prisão em flagrante.
O delegado Edilzo Lima disse que o empresário mudou de versão nos depoimentos. “As duas versões são totalmente contraditórias às imagens que nós apuramos. Ele conta uma história que não bate com a velocidade que aparece nas imagens nem com a posição que a moto inicialmente estava”, disse.
Pedro Kaique foi socorrido, mas não resistiu. A namorada de Igor, Marielle Campos, que estava no banco do passageiro, ficou ferida e foi encaminhada ao pronto-socorro. Igor não se feriu.
Em audiência de custódia, a Justiça de São Paulo decidiu manter preso o empresário. Na decisão, a juíza Vivian Brenner de Oliveira entendeu que há prova de materialidade e indícios suficientes de autoria para justificar a medida cautelar. Além disso, a magistrada destacou a “periculosidade” da conduta de Sauceda. A magistrada afirmou que o empresário “utilizou o seu veículo como verdadeira arma”.
Igor foi transferido para o Centro de Detenção Provisória II de Guarulhos, Região Metropolitana de São Paulo.
Acidente com Porsche azul
Cerca de quatro meses antes, na madrugada de 31 de março, o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, bateu um Porsche na traseira de um Sandero e matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, na Avenida Salim Farah Maluf, zona leste de São Paulo.
Um equipamento eletrônico do Porsche dirigido por Fernando, que pode ser comparado à “caixa preta” do carro, mostrou que o veículo trafegava a 136 Km/h no momento da colisão. A velocidade máxima permitida na avenida onde ocorreu a colisão é de 50 Km/h. Um laudo anterior da Polícia Civil já estimava que o Porsche 911 Carrera GTS estava em alta velocidade, a 156 Km/h.
Fernando está preso desde 11 de maio na Penitenciária 2 de Tremembé, no interior de São Paulo. O lugar é conhecido como “cadeia dos famosos”, por receber detentos que se envolveram em crimes de repercussão.
Ele é réu por homicídio qualificado e lesão corporal gravíssima. O empresário foi acusado de provocar a colisão quando estava embriagado.
Fernando será interrogado nesta sexta-feira (2/8) pelo juiz Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri, no Fórum da Barra Funda.
Um vídeo incluído pela Polícia Científica no laudo sobre o acidente mostra uma simulação 3D (assista abaixo) da colisão, realizada a partir de imagens de câmeras de segurança.
A comanda de R$ 627 do restaurante que o empresário esteve com a namorada Giovanna Pinheiro Silva, de 23 anos, e um casal de amigos, indica que o grupo consumiu bebidas alcoólicas horas antes do acidente.
Os depoimentos em audiência de instrução de Giovanna e do casal de amigos, em junho deste ano, foram marcados por um desmentido, choro e pelo esquecimento dos principais momentos do acidente.