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Por que o PT rachou na votação do novo Plano Diretor de SP

PT se dividiu e vereadores trocaram alfinetadas públicas enquanto base de Ricardo Nunes fez profunda mudança em lei que foi marca petista

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Richard Lourenço/Câmara Municipal de São Paulo
Luna Zarattini
1 de 1 Luna Zarattini - Foto: Richard Lourenço/Câmara Municipal de São Paulo

São Paulo – Os vereadores do PT de São Paulo trocaram ataques públicos e votaram divididos na sessão que aprovou o novo Plano Diretor Estratégico (PDE) da capital paulista, nessa segunda-feira (26/6), na Câmara Municipal. Três parlamentares da legenda votaram contra o texto e cinco a favor.

Luna Zarattini, Hélio Rodrigues e João Ananias votaram contra o texto. Senival Moura, Jair Tatto, seu irmão Arselino Tatto, Alessandro Guedes e Manoel Del Rio a favor.

O vereador Jair Tatto e o colega Senival Moura chegaram a gritar um com o outro porque Tatto queria que Senival lesse uma nota da Executiva Municipal da legenda que recomendava a aprovação do texto.

“Eu quero a nota do partido”, gritou Tatto, quando Senival foi discursar. O colega respondeu pedindo calma.

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Arselino Tatto
Hélio Rodrigues
Jair Tatto
João Ananias
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Alessandro Guedes

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Arselino Tatto

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Hélio Rodrigues

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Manoel Del Rio

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Senival Moura

Richard Lourenço/Câmara Municipal de SP

Senival também se dirigiu à correligionária Luna Zarattini (na foto em destaque), que votou contra o texto, como uma “menina jovem que vai crescer muito” quando se viu contrariado pela parlamentar, o que resultou em acusações de machismo por aliados.

O PDE vigente, premiado internacionalmente, era visto como um legado deixado pelo então prefeito Fernando Haddad (PT). Agora, na avaliação de especialistas, o Plano Diretor foi tão modificado que dificilmente alcançará posição de destaque novamente.

Movimentos de moradia

Manoel Del Rio é advogado da Frente de Luta por Moradia (FLM), movimento de sem-teto que ocupa diversos prédios abandonados do centro da cidade.

O grupo vem negociando com a Prefeitura de São Paulo a inclusão de prédios no programa Pode Entrar. O projeto da gestão Nunes reforma prédios ocupados e os repassa aos movimentos. Atualmente, o edifício Prestes Maia, da FLM, passa por esse processo.

 

Fachada do Edifício Prestes Maia
Fachada do Edifício Prestes Maia

 

Diante da perspectiva de conseguirem mais espaço no Pode Entrar, Manoel Del Rio e seu movimento deram apoio ao governo Nunes.

Nunes busca desde o fim do ano passado construir alianças com movimentos de moradia. Ele prevê entregar cerca de 60 mil unidades habitacionais até o fim de sua gestão e assim tirar votos  do deputado federal Guilherme Boulos (PSol), provável adversário do emedebista nas eleições de 2024.

Após a aliança com parte dos petistas e o apoio da FLM, metade dos ocupantes das galerias no plenário da Câmara Municipal durante a votação estava a favor do texto do prefeito. A outra metade, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), grupo do qual Boulos é coordenador, se manifestava contra.

Descontentamento com acordo

Arselino, Jair, Senival e Alessandro Guedes já haviam marcado uma guinada em direção a Nunes em dezembro do ano passado, quando os vereadores votaram “sim” ao projeto de lei do Orçamento para este ano, contrariando o histórico do partido de votar contra projetos do tipo.

Em troca, segundo aliados petistas, eles vêm recebendo o mesmo tratamento que políticos da base de Nunes no atendimento a pleitos ligados à gestão da cidade, como indicação de obras nas subprefeituras. Há expectativas de que, nos próximos dias, a gestão Nunes promova mudanças na Subprefeitura de Cidade Tiradentes para acomodar indicados do grupo, inclusive.

O quarteto é ligado ao deputado federal Jilmar Tatto (PT), irmão de Jair e Arselino, candidato derrotado à Prefeitura em 2020 e é descrito por Nunes como seu “amigo”.

Eles se aproximaram de Nunes nas eleições para o governo do Estado do ano passado, quando Lula, então candidato à presidência da República pelo PT, impôs ao diretório municipal paulistano aliança com o PSol para o pleito do ano que vem.

Guilherme Boulos e Luiz Inácio Lula da Silva

 

O acordo feito por Lula prevê que os petistas apoiem Guilherme Boulos à Prefeitura de São Paulo, em 2024, o que os Tatto não querem. Para deixar claro o descontentamento, esse grupo petista evita dividir trincheiras ao lado de vereadores do PSol.

A saída do grupo foi construir o discurso de que os eventuais pontos negativos na revisão do PDE tinham de ser revertidos com base na negociação com o governo, o que Senival chamou de “redução de danos”, e não se opor à aprovação do projeto.

Uma parcela de militantes petistas na cidade, porém, condena veementemente a aproximação dos vereadores ao governo Nunes porque entende que o prefeito tem apoio já costurado com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Apoio a Lula

Petistas que tiveram longa atuação na Câmara Municipal e dão apoio à costura feita por Lula, como os deputados estaduais Antonio Donato (que presidiu o Legislativo paulistano entre 2015 e 2016) e Simão Pedro (ex-secretário de Serviços de Haddad), foram às redes sociais criticar o partido.

Donato fez uma defesa a Luna Zarattini diante das falas de Senival Moura de que ela era uma “menina” e parabenizou os colegas que votaram contra o projeto. “Você se mostrou muito maior do que aqueles que se acham grandes”, disse o deputado, se dirigindo à colega de partido.

“Lamentável a divisão do PT em tema objetivo que levará a cidade a um crescimento excludente e insustentável”, escreveu Simão Pedro.

Além do respeito à costura feita por Lula, há petistas como Luna Zarattini que têm relação própria de aliança com Boulos. O pré-candidato do PSol esteve na cerimônia de posse da vereadora em março deste ano.

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