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Tarcísio mantém “mordomo fiel” que viu ascensão e queda do PSDB

João Germano Böttcher Filho integra o governo Tarcísio de Freitas após ter trabalhado com todos os governadores do PSDB em São Paulo

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Divulgação/Seap-PR
João Germano Böttcher Filho
1 de 1 João Germano Böttcher Filho - Foto: Divulgação/Seap-PR

São Paulo – Em meio à maior ruptura política das últimas décadas em São Paulo, um dos quadros mais antigos do governo estadual caminha para o seu 35º ano intocável na máquina paulista. Testemunha ocular da ascensão e da queda do PSDB no comando do estado, o advogado João Germano Böttcher Filho, o Germano, de 55 anos, atuou com dez governadores e já foi recrutado para servir ao mais novo inquilino do Palácio dos Bandeirantes.

Nomeado chefe de gabinete da Casa Civil na última quarta-feira (4/1), função que já ocupou há quase 15 anos, Germano integrará a chamada “cozinha” do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Seu novo chefe, o secretário Arthur Lima, é o braço direito do governador.

Descrito por ex-secretários como uma pessoa “eficiente”, “discreta” e “leal”, Germano é quem garante o funcionamento diário dentro do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo e residência oficial do governador, chefiando da equipe de governança aos empregados da cozinha. Apontado como um “faz-tudo” do governo, foi apelidado por servidores de “prefeito do Palácio” ou “mordomo de luxo”.

Uma de suas tarefas é cuidar do abastecimento do palácio, do estoque de comida a produtos de limpeza e bandeiras que decoram o prédio, além dos reparos necessários. Alguns desses serviços já entraram na mira do Ministério Público, como o suposto gasto excessivo com refeições do ex-governador Geraldo Alckmin, em 2015, até a polêmica e milionária reforma que o ex-governador João Doria fez em 2019, pintando portas, paredes e móveis de preto.

Mordomo (in)fiel

A manutenção do “mordomo” ligado aos tucanos em um cargo de confiança na Casa Civil de Tarcísio chama ainda mais atenção porque essa função foi exaustivamente explorada pelo atual governador durante seus discursos na campanha eleitoral, por meio da parábola do “Mordomo Infiel”.

A passagem bíblica citada por Tarcísio, principalmente nas agendas feitas em igrejas evangélicas, termina dizendo: “Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer a um e amar ao outro ou se há de chegar a um e desprezar ao outro.” No fim, o então candidato concluía: “Não podemos admitir que o mordomo infiel volte”.

Na ocasião, Tarcísio se referia a um eventual retorno do PT ao poder e tentava usar a retórica religiosa para convencer os paulistas a votarem em seu padrinho político, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na disputa contra o novo chefe do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Por ora, Tarcísio tem confiado na indicação de seus aliados mais próximos, como o secretário especial Guilherme Afif, que conhece Germano do tempo em que foi vice-governador (2011-2014), para manter o “mordomo fiel” do palácio ao seu lado.

Trajetória

A relação de Germano com o Palácio dos Bandeirantes vem de berço: o pai dele trabalhava na administração financeira da Secretaria da Fazenda. O filho seguiu trajetória semelhante. Em 1988, durante o governo de emedebista Orestes Quércia (morto em 2010), também chegou à administração financeira – mas da Secretaria de Governo.

No ano seguinte, Germano ingressou na Academia de Polícia e tornou-se investigador, mas passou a atuar no Departamento de Manutenção dos Palácios de Governo, no início da década de 1990. Sua relação com o escalão mais alto da máquina pública se estreitou em 1996, quando assumiu um cargo de direção na Secretaria de Governo. Seis anos depois, foi promovido a chefe de gabinete, no primeiro governo Alckmin, atual vice-presidente da República.

Ao longos anos, acumulou cargos em conselhos de vários estatais, como o antigo banco Nossa Caixa e a Dersa, empresa de obras rodoviárias extinta pelo último governo. Até dezembro, não era diferente. Além de assessor técnico do governo, tinha assento como conselheiro da Companhia de Processamento de Dados de São Paulo (Prodesp) e da Companhia Paulista de Securitização (CPSEC), o que lhe rendia um salário líquido de R$ 27,1 mil reais.

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