Tarcísio cita afago a Bolsonaro para justificar acordo com Valdemar
Questionado por bolsonaristas sobre apoio a candidato de Valdemar à presidência da Alesp, Tarcísio fala em retribuir cargo a Bolsonaro no PL
atualizado
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São Paulo – Em meio ao flagrante distanciamento do bolsonarismo, o governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) se viu obrigado a explicar a deputados bolsonaristas o acordo feito há 20 dias com Valdemar Costa Neto para apoiar um afilhado político do presidente nacional do PL na eleição à presidência da Assembleia Legislativa paulista (Alesp), marcada para março do ano que vem.
Em mais de uma conversa com aliados de Jair Bolsonaro (PL) que o visitaram no gabinete de transição de São Paulo nos últimos dias, Tarcísio justificou sua decisão dizendo que precisava retribuir a Valdemar a ajuda que ele está dando ao presidente da República depois da derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas.
Tarcísio se refere ao acordo feito entre Bolsonaro e Valdemar após a eleição, no qual ficou acertado que o Partido Liberal bancará salário, casa e advogados para o atual presidente a partir de 2023, quando ele ficará sem mandato.
Os bolsonaristas ouviram, mas não engoliram a justificativa do futuro governador. Para eles, o afago a Bolsonaro era o mínimo que Valdemar poderia dar depois que o bolsonarismo ajudou o PL a eleger as maiores bancadas da Câmara dos Deputados e do Senado.
Afilhado político de Valdemar
O candidato de Valdemar à presidência da Alesp é o deputado André do Prado (PL), seu afilhado político. No primeiro turno da eleição estadual, Prado liderou a ala do PL que apoiou o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) contra Tarcísio, embora seu partido estivesse na coligação do governador eleito. O apoio a Tarcísio só foi declarado na disputa com o petista Fernando Haddad, no segundo turno.
Com negociações avançadas com PT, que fez a segunda maior bancada da Alesp, com 18 deputados, André do Prado desponta como favorito na eleição da presidência do Legislativo paulista, em março de 2023. O PL elegeu o maior número de deputados, 19 ao todo, e é dividido entre liberais que estão há anos na legenda, e bolsonaristas que migraram para sigla junto com Bolsonaro, em 2021.
Na ala bolsonarista do PL, os deputados Gil Diniz e Major Mecca já haviam manifestado a aliados o desejo de concorrerem ao comando da Alesp, desde que contassem com o apoio do governador eleito. No partido de Tarcísio, o Republicanos, o deputado Gilmaci Santos ainda alimenta o sonho de ser o candidato governista à presidência, o que ficou inviável depois do acordo do entre o futuro chefe do Executivo paulista e Valdemar Costa Neto.