metropoles.com

Servidora acusa prefeito do interior de SP de chantagem

Agente de saúde denuncia prefeito e vice de Penápolis (SP) por abuso de poder e censura. Grupo no Facebook seria alvo de pressão.

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
PENAPOLIS-DENUNCIA
Denúncia Penápolis- Metrópoles
1 de 1 Denúncia Penápolis- Metrópoles - Foto: PENAPOLIS-DENUNCIA

Elaine Cristina dos Santos Triveloni, agente comunitária de saúde em Penápolis, interior de São Paulo, acusa o prefeito Carlos Henrique Rossi Catalani (PSD) (à direita na foto em destaque) e a vice-prefeita Mirela Fink Hassan Rufato (Podemos) de usarem o poder político para pressioná-la a fechar o grupo “Língua Solta Penápolis” no Facebook, que foi criado há sete anos, conta mais de 12 mil membros, e funciona como uma espécie de praça pública virtual da cidade.

Uma denúncia foi protocolada na Justiça Eleitoral no dia 1º de outubro deste ano e traz à tona suspeitas de abuso de poder e tentativa de censura na cidade do interior, que tem 63.317 habitantes, segundo o último Censo, e fica a 492 km de São Paulo. Segundo Elaine, ela foi transferida do posto de saúde no Bairro Jardim Del Rey para o posto localizado no bairro Silvia Costa, a 8km de distância, em julho de 2022. Ela garante que não foi esclarecido o motivo para a decisão. A partir de janeiro de 2024, as chantagens teriam começado.

A acusação, apresentada pela coligação “Simplicidade e Trabalho que Transformam”, composta pelos partidos PP, MDB, Podemos, PL e União Brasil, também inclui o nome do servidor municipal Armando Soares, conhecido como Armandinho (à esquerda na foto em destaque), apontado como o responsável direto pelas pressões. Atualmente, ele ocupa cargo de chefe de Cultura da prefeitura da cidade e é candidato a vereador pelo Novo.

Segundo Elaine, Armandinho teria oferecido a ela o retorno ao seu antigo local de trabalho, no Jardim Del Rey, em troca do fechamento do grupo na rede social. A transferência de Elaine para o outro lado da cidade foi uma manobra que, segundo a denúncia, teve o objetivo de puni-la pelas críticas.

Conversas anexadas ao processo, incluindo áudios e prints de mensagens, demonstram que Armando Soares teria prometido conversar com as autoridades para ajudar Elaine a voltar ao antigo posto de trabalho, desde que ela concordasse em desativar o grupo. Em uma das conversas, Soares teria afirmado: “Fecha a página. Acabou o seu sofrimento. Agora eu já conversei com as pessoas que precisavam e está todo mundo só esperando”.

Ouça trechos da ligação de voz entre Elaine e Armandinho:

É importante destacar que muitos agentes comunitários de saúde são contratados como servidores públicos pelo governo, mas seguem o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ou seja, possuem vínculo celetista. Por isso, Elaine relata que seu maior receio era aceitar o acordo de apagar o grupo para retornar a Del Rey e, ao chegar lá, ser demitida.

Veja no mapa onde Elaine trabalhava (bairro Jardim Del Rey) e o local para onde ela foi transferida (bairro Silvia Costa):

Mapa de Penápolis - Metrópoles

Ouça depoimento de Elaine Cristina:

 

Veja parte das conversas:

11 imagens
1 de 11

Arquivo pessoal
2 de 11

Arquivo pessoal
3 de 11

Arquivo pessoal
4 de 11

Arquivo pessoal
5 de 11

Arquivo pessoal
6 de 11

Arquivo pessoal
7 de 11

Candidato a vereador Armandinho Soares e prefeito Caíque Rossi juntos.

Arquivo pessoal
8 de 11

Armaninho Soares, candidato a vereador, responsável por fazer as chantagens

Arquivo pessoal
9 de 11

Mirela Fink Hassan Rufato, vice-prefeita de Penápolis

Arquivo pessoal
10 de 11

Candidato a vereador Armandinho Soares e prefeito Caíque Rossi juntos.

Arquivo pessoal
11 de 11

Grupo no Facebook que tem a finalidade de reclamações e manifestações políticas, informações sobre queimadas, desaparecimento de pessoas e aninais de estimação, entre outros tantos assuntos relevantes para a comunidade

Arquivo pessoal

De acordo com a denúncia, essa tentativa de silenciamento havia sido coordenada pelo prefeito Carlos Henrique Rossi Catalani e pela vice-prefeita Mirela Hassan, que teriam usado Soares como intermediário para evitar que as críticas à gestão continuassem circulando no grupo.

A coligação agora pede a cassação do registro de candidatura dos investigados e a inelegibilidade de todos por oito anos, com base na Lei Eleitoral, que proíbe que políticos usem funcionários públicos para obter vantagens em campanhas eleitorais.

“A Lei 9.504/97, no seu artigo 73, trata das condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais. Uma dessas condutas vedadas, o inciso V, envolve justamente apadrinhamentos e perseguições políticas. As penas para essas práticas são multa e/ou cassação, a depender da gravidade de cada caso concreto. Há ainda a possibilidade de incidência do art. 22 da LC 64/90 sobre abuso do poder político, que, também dependendo da gravidade das circunstâncias de cada caso concreto, pode gerar cassação e inelegibilidade.”, explica o advogado eleitoral Alexandre Rollo.

Os envolvidos foram procurados pela reportagem para comentar o caso, mas ainda não se pronunciaram. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comPolítica

Você quer ficar por dentro das notícias de política e receber notificações em tempo real?