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O “boletim” de Renato Feder, o novo secretário da Educação de SP

Escolhido por Tarcísio de Freitas para comandar a Educação elevou índices de ensino no Paraná e defende mais presença privada na rede

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Renato Feder
1 de 1 Renato Feder - Foto: Divulgação

São Paulo – Empresário que despontou multiplicando o faturamento de uma companhia de equipamentos eletrônicos, Renato Feder, de 44 anos, assumirá a Secretaria da Educação de São Paulo tentando provar que é possível replicar na maior rede pública de ensino do país um modelo que rendeu boas notas no estado vizinho do Paraná, onde ele gerencia a mesma pasta desde 2019, no governo Ratinho Júnior (PSD)

Na curta trajetória como gestor na área da Educação, Feder traz na bagagem a ascensão do Paraná ao topo ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), indicador criado pelo governo federal para medir a qualidade do ensino nas escolas públicas brasileiras, no ano passado. Ao mesmo tempo, no novo cargo, precisará alavancar ações como escolas de tempo integral, salas tecnológicas e programas de intercâmbio para que elas não se tornem apenas projetos-piloto em uma rede que atende mais de quatro milhões de alunos.

Feder ainda não se desligou do cargo de secretário da Educação do Paraná, que só deve ocorrer na próxima semana. Por conta disso, o futuro secretário paulista tem recusado pedidos de entrevistas. Primeiro nome do secretariado confirmado pelo governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na semana passada, ele pretender alinhar com o próximo chefe do Executivo paulista as prioridades da área antes de atender a imprensa.

Encontro com Tarcísio

O primeiro encontro entre Feder e Tarcísio ocorreu no ano passado, quando o futuro secretário foi apresentado ao ex-ministro da Infraestrutura do governo de Jair Bolsonaro (PL), em Brasília. Na ocasião, ambos tiveram uma conversa sobre as políticas públicas adotadas no Paraná. Feder não participou da campanha de Tarcísio mas, no último dia 16, recebeu um telefonema do  governador eleito com a proposta de retornar à São Paulo.

Feder já havia trabalhado na educação paulista entre 2017 e 2018, durante o governo Geraldo Alckmin (PSB). À época, o atual vice-presidente eleito era filiado ao PSDB, partido do atual governador, Rodrigo Garcia, e de seu antecessor, João Doria, até este ano. Em 2016, Feder chegou a doar R$ 120 mil para a campanha de Doria à Prefeitura de São Paulo.

Empresário quase ministro

Anos depois, a relação antiga com os tucanos acabou inviabilizando a nomeação de Feder para o Ministério da Educação (MEC). Em 2020, ele chegou a ser cotado para assumir a pasta no governo Bolsonaro, depois que o indicado para o cargo, Carlos Decoteli, caiu em meio a uma polêmica envolvendo informações incorretas em seu currículo. Depois que soube da relação de Feder com adversários do PSDB, em especial Doria, Bolsonaro desistiu de nomeá-lo ministro.

Formado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com mestrado em Economia pela Universdada de São Paulo (USP), Renato Feder fez carreira no setor privado. Entre 2003 e 2018, foi co-CEO da empresa Multilaser Industrial, companhia de capital aberto que vende equipamentos de informática para o setor público, tanto no governo paulista como no governo federal, nas gestões de Dilma Rousseff (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Atualmente, ele é membro efetivo do Conselho de Administração da companhia.

Em 2016, ele e o atual presidente da Multilaser, Alexandre Ostrowiecki, foram denunciados por sonegação fiscal de R$ 3,2 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A empresa alega que o processo é resultado de uma dívida que o governo paulista tem de R$ 95 milhões com a Multilaser, que venceu e não foi paga.

Melhora no Ideb

Feder atribui o salto do Paraná no Ideb — o estado era o sétimo colocado no ranking em 2017 — a investimentos feitos na melhor capacitação de professores e no uso de tecnologia em complemento ao material didático obrigatório, políticas que devem ser replicadas na rede de ensino paulista, que conta com 250 mil professores.

A melhor dos índices ocorreu em meio à pandemia de Covid-19, período em que escolas tiveram de ser fechadas para conter a disseminação do vírus. Segundo a equipe de Feder, foi justamente o crescimento do número de alunos conectados à internet que permitiu a melhora do desempenho na avaliação nacional.

Foram investidos R$ 278 milhões para melhorar a velocidade da conexão, além de compra de novos equipamentos de wi-fi, kits de robótica e de TVs com computadores para aulas à distância. Durante a quarentena, o governo parananese ainda transmitiu aulas pela TV aberta.

Outros projetos apontados como vitrine no Paraná, como a ampliação das escolas de tempo integral para 40 mil aluanos, diante de um universo de 1 milhão, e a concenção de bolsas de estudos para 200 estudantes no exterior, ainda apresentaram números de projeto-piloto.

Escolas cívico-militares

Segundo seus auxiliares, uma das propostas que mais chamou a atenção da imprensa ao longo de sua gestão no Paraná, a expansão de escolas cívico-militares no estado, não é uma de suas principais bandeiras pessoais, mas uma política determinada pelo governador Ratinho Júnior que ele implementou.

O modelo, criticado por opositores, incluiu na direção das escolas um “co-diretor” de origem militar. Na gestão de Feder, 195 escolas passaram a adotar esse modelo, estimulado pelo presidente Jair Bolsonaro. A Assembleia Legislativa paranaense, porém, discute proposta do próprio Executivo para que, a partir do ano que vem, os cargos dos militares passem a ser chamados de “monitores educacionais”.

Outra política adotada na gestão Feder que também é alvo de crítica de opositores locais é a contratação de empresas privadas para executar os serviços administrativos das escolas, como limpeza, merenda e segurança. No fim de outubro, o governo paranaense lançou edital para contratar empresas que vão gerir 27 escolas estaduais, a partir de 2023. Sindicatos e partidos de esquerda argumetam que a prática configura a privatização do ensino público.

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