Nunes negocia vice para minar candidatura mais à direita em 2024
Prefeito Ricardo Nunes tenta atrair PL e Republicanos para sua chapa nas eleições de 2024 com objetivo de minar candidatura mais à direita
atualizado
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São Paulo – O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), ampliou o leque de negociações com os partidos com os quais tenta compor uma aliança nas próximas eleições e já entrou em conversas para definir quem seria seu vice, em um plano para minar uma candidatura mais à direita, vista como uma ameaça ao seu projeto.
Os dois principais partidos de direita no estado, o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o Republicanos do governador Tarcísio de Freitas, ganharam atenção especial nas articulações que tentam formar uma ampla aliança que incluiria legendas mais de centro, como PSDB, União, PP e PSC.
O Republicanos, que ainda não tem nome próprio cotado para a disputa e concorreu na última eleição com o deputado federal Celso Russomanno, já fez chegar a Nunes o nome da deputada federal Maria Rosas, parlamentar reeleita que defende bandeiras da educação e dos direitos da mulher.
Aliados de Nunes consideram que Rosas tem um perfil mais moderado semelhante ao do governador Tarcísio de Freitas. Ela repudiou os atos golpistas de janeiro e é vista como uma conservadora distante do bolsonarismo. O nome é visto com bons olhos pela equipe do prefeito.
Nunes deve ter um encontro com o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira, no início desta semana, para tratar da costura da chapa.
Já no PL, o maior obstáculo de Nunes hoje é o deputado federal Ricardo Salles. Ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, ele articula com a ala bolsonarista do partido sua candidatura a prefeito de São Paulo em 2024. Em entrevista ao Metrópoles, Salles disse que recebeu do presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, a “oportunidade” de “viabilizar sua candidatura” e fez críticas à gestão do prefeito.
Tanto Nunes quanto Salles consideram que o principal adversário na disputa pela Prefeitura no ano que vem é o deputado federal Guilherme Boulos (PSol), que chegou ao segundo turno nas eleições de 2020 e contaria com o apoio do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Demais partidos
A montagem de uma ampla chapa, que congregue partidos de centro e de direita, é um grande desafio para o prefeito, que assumiu o cargo após a morte de Bruno Covas, em 2021, e ainda é pouco conhecido. Legendas que já compõem o governo de Nunes também pressionam pela vaga de vice na chapa em 2024.
O União Brasil, do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, é um deles. Leite se considera padrinho político de Nunes, por ter articulado a sua indicação como vice de Bruno Covas nas eleições de 2020. Na ocasião, a chapa foi liderada por PSDB, MDB e o União. Para Leite, Nunes tem uma dívida com esse grupo político a ser quitada na próxima eleição.
O PSDB também pleiteia a vaga de vice, usando um argumento “emocional”. Por ser o partido de Bruno Covas, que aceitou ter Nunes em sua chapa em 2020, a sigla espera que o atual prefeito retribua o gesto, com protagonismo na coligação — com oito vereadores, o PSDB é o maior partido da base de Nunes na Câmara Municipal.
Cálculos de campanha
A equipe de Nunes, porém, já faz cálculos eleitorais sobre como seria a campanha caso os dois partidos não sejam atraídos para sua chapa.
Mantida a aliança apenas com MDB, PSDB, União, PP e PSC, o prefeito estima que já teria tempo de TV suficiente para apresentar sua gestão, reverter a imagem negativa que vem acumulando e chegar de forma competitiva ao segundo turno.
Mesmo assim, o prefeito tentará não abrir mão de PL e Republicanos, o que coloca as duas siglas na preferência pela indicação ao cargo de vice-prefeito da capital paulista.