Milton Leite caminha para 3º mandato inédito à frente da Câmara de SP
Milton Leite (União) deve ser reeleito presidente do Legislativo municipal paulistano em eleição marcada para esta quinta-feira (15/12)
atualizado
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São Paulo – Graças a uma mudança na lei, aprovada em setembro deste ano, que permitiu duas reeleições para a presidência da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador Milton Leite (União) deve ser reeleito para um inédito terceiro mandado à frente da Casa na eleição marcada para a manhã desta quinta-feira (15/12).
Um eventual adversário de Milton Leite só será conhecido no momento da eleição, marcada para 11h, quando outro vereador pode se apresentar como candidato a presidente da Câmara. A bancada do Psol deve indicar o nome de Silvia Ferraro, da Bancada Feminista, em uma candidatura de protesto.
Entre os parlamentares, contudo, a vitória do atual presidente é tida como certa. Segundo aliados, o cacique do União Brasil já teria ao menos 38 votos dos 55 vereadores da Casa, incluindo a bancada do PT, de oposição, e vereadores bolsonaristas. Isso graças a um acordo que garantiu espaço a esses partidos na Mesa Diretora.
Milton Leite é aliado do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e também conta com o apoio do emedebista.
Segundo candidato mais votado nas últimas eleições municipais para vereador, em 2020, com 133 mil votos — atrás apenas de Eduardo Suplicy, do PT, com 168 mil –, Leite tem sua base de eleitores na zona sul da cidade e já fez seus dois filhos, Milton Leite Filho e Alexandre Leite, deputados estadual e federal, respectivamente, também pelo União.
Influência política
Leite é apontado por aliados e adversários como o político mais influente da cidade. Presidente do União Brasil municipal, sua eleição foi a mais cara para vereador do Brasil em 2o2o, com despesas de mais de R$ 2,5 milhões. Com apoio de João Doria (ex-PSDB), Leite chegou a indicar aliados para as secretarias municipal e estadual de Transportes, com poder de influenciar os contratos de ônibus da capital e as obras rodoviárias do Estado.
Mas a eleição tida como certa na Câmara ocorre em um momento adverso para o vereador, diante da possível redução do tamanho de sua influência com a chegada de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo do Estado.
Freitas já indicou nomes para a pasta que estava sob influência de Leite do Executivo estadual, o que vinha sendo visto por adversários como indícios de perda de poder por parte do parlamentar, e ainda há dúvidas se o apoio que Leite deu à campanha do governador eleito será recompensada com algum espaço no Executivo estadual.
Seu partido disputa com o PSD de Gilberto Kassab o controle sobre a área de Habitação, cujas indicações para secretário e presidente de empresas ainda estão em abeto.
A disputa desta quinta, porém, deve reafirmar o poder político do vereador, que ainda cogita se disputará ou não as próximas eleições, no nível local.
Recorde
Esta será a quinta vez que Leite presidirá a casa, o que o coloca como pessoa que mais tempo presidiu o Legislativo Municipal desde a redemocratização. Cada mandato tem um ano. Ele ocupou o cargo nos dois primeiros anos da gestão Doria à frente da Prefeitura (2017 e 2018) e voltou a ser presidente presidente desde janeiro de 2021.
A Lei Orgânica do Município não permitia mais de uma reeleição de presidente da Câmara por mandato, o que o obrigaria a deixar a casa no fim deste ano.
Mas em setembro, Leite articulou a aprovação de um projeto que permitiria a Leite disputar o cargo mais uma vez – e foi exatamente isso o que ele fez. Na época, ao comentar a mudança, ele disse que o projeto beneficiaria a cidade como um todo, não um político “A ou B”.