Lula quer criar rádio estatal em SP de olho nas classes C e D
A rádio FM de SP entra na minirreforma proposta por Lula na EBC, após acusações de uso político da companhia pelo governo Jair Bolsonaro
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende implementar uma nova rádio FM em São Paulo como parte de um projeto de reestruturação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), rede nacional de comunicação.
A EBC conta com a Rádio Nacional, a TV Brasil e a Agência Brasil. Sediada em Brasília, ela tem praças locais, como é o caso de São Paulo. Todo o conteúdo é produzido com recursos públicos e sem veiculação de anúncios de empresas privadas.
Desde que assumiu o governo, Lula vem promovendo uma minirreforma na empresa, diante das acusações de uso político da companhia, em especial da TV Brasil, pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Em 2022, por exemplo, a emissora transmitiu os desfiles de Sete de Setembro utilizados como comícios de campanha por Bolsonaro.
Uma reclamação interna na EBC é o esvaziamento que a praça paulista sofreu nos últimos quatro anos. Funcionários reclamaram da maior centralização das ações em Brasília e do abandono de coberturas locais em São Paulo, sobretudo do Palácio dos Bandeirantes, que foi governado por João Doria (PSDB), desafeto de Bolsonaro.
A ideia da atual gestão da EBC, presidida pelo jornalista Hélio Doyle, é a de dar novo destaque para São Paulo, retomando uma programação própria na cidade e a produção de novos programas tanto na TV quanto no rádio.
Atualmente, a capital paulista recebe o sinal apenas da Rádio Nacional FM, que também retransmite para Recife e São Luís a programação de Brasília. O foco é nas ações do governo federal em nível nacional. Já o projeto da nova rádio FM em SP implica criar uma programação mais identificada com o público paulista das classes C e D.
Lula se espelhou no papel da BBC no Reino Unido para a criação da EBC no Brasil, em 2007. A companhia estrangeira é a maior rede de comunicação pública do mundo e possui atuação independente do governo britânico.