Futuro secretário da Segurança de SP é bolsonarista linha-dura
Alinhado à ala ideológica mais radical, ex-comandante de pelotão da Rota já declarou ser contrário às câmeras corporais da PM
atualizado
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São Paulo – O deputado federal Guilherme Muraro Derrite, mais conhecido como Capitão Derrite (PL-SP), de 38 anos, foi anunciado nesta quarta-feira (30/11) como o novo secretário da Segurança Pública de São Paulo pelo governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Alinhado à ala mais ideológica do bolsonarismo, o deputado abandonou a carreira como policial militar para entrar na política em 2018, quando se elegeu pela primeira vez, a convite do presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem costuma posar para fotos e publicá-las em suas redes sociais.
Além de Bolsonaro, Derrite faz questão de exibir proximidade com o futuro governador, para quem atuou intensamente na campanha eleitoral e contribuiu na área da Segurança Pública no programa de governo.
Derrite também é defensor ferrenho do novo chefe. Rebateu no Twitter, por exemplo, o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB), quando o tucano criticou o fato de Tarcísio não ser de São Paulo, durante a campanha eleitoral.
Linha dura
O deputado, reeleito neste ano, não esconde o alinhamento com a ala mais linha-dura do bolsonarismo. Ele já ficou preso por um dia, na Corregedoria da PM, em 2015, após o vazamento de um áudio no qual ele criticava o comando da corporação, quando policiais envolvidos nas mortes de suspeitos foram transferidos de batalhões.
Derrite, que conta com quase três milhões de seguidores na internet, já defendeu publicamente a morte de suspeitos, durante confrontos com policiais.
Como parlamentar, o futuro secretário foi o relator de um projeto de lei que acaba com as saídas temporárias de presos, uma das bandeiras bolsonaristas na Segurança Pública. O texto foi aprovado em 3 de agosto na Câmara dos Deputados e aguarda a apreciação do Senado.
O secretário de Segurança Pública da futura gestão paulista já afirmou, em entrevistas, ser contra as câmeras corporais usadas pelos PMs para reduzir a letalidade policial, lançadas em 2021, na gestão tucana.
Para ele, os equipamentos “inibem” a ação dos agentes, como também já foi dito pelo governador eleito. Dados da própria corporação indicam que a letalidade da tropa, assim como a morte de policiais em serviço, caíram desde o início do programa.
Trajetória
Nascido em Sorocaba, no interior paulista, Derrite ingressou na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, em 2003. Três anos depois, tornou-se aspirante a oficial, chegando ao posto de 1º tenente em 2010.
Após oito anos, ele foi promovido ao posto de capitão, comandando um pelotão das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), entre 2010 e 2013, mesmo ano em que também esteve a frente de um pelotão de Força Tática do 49º Batalhão da PM.
Em 2014, prestou concurso interno e ingressou no Corpo de Bombeiros, no qual comandou postos do 2º Grupamento na capital paulista. Quatro anos depois, foi eleito deputado federal pelo PP, migrando para o partido de Bolsonaro, o PL, em março deste ano.
O futuro secretário de Segurança Pública de São Paulo é bacharel em Ciências Sociais e Segurança Pública pela Academia de Policia Militar do Barro Branco; bacharel em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduado em Ciências Jurídicas pela mesma instituição.