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Boulos, MTST e greve: como o PSol escanteou o PT na oposição em SP

PSol faz oposição mais combativa às gestões Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas do que o PT, enquanto aumenta ações de movimento e sindicato

atualizado

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Guilherme Boulos diz que "provavelmente" será candidato do governo de São Paulo em 2022
1 de 1 Guilherme Boulos diz que "provavelmente" será candidato do governo de São Paulo em 2022 - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo – Puxado pela pré-candidatura do deputado federal Guilherme Boulos à Prefeitura da capital nas eleições do ano que vem, e com uma atuação política mais combativa dentro e fora das casas legislativas, o PSol tomou do PT o protagonismo da oposição aos governos municipal e estadual em São Paulo.

Enquanto os petistas se dispõem a negociar cargos no Legislativo com partidos governistas e discutir suas pautas com as gestões do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o PSol não só é mais intransigente nas relações com o Executivo como também está disposto a levar as disputas para fora da arena institucional, ocupando as ruas.

Esse comportamento ficou evidente nas últimas semanas, com o acampamento montado por sem-tetos na porta da Prefeitura e a greve dos metroviários que paralisou a cidade entre quinta (23/3) e  sexta-feira (24/3). Membros do PSol atuaram na organização e na divulgação dos dois protestos.

O presidente do partido, Juliano Medeiros, diz que a presença do PSol nesses movimentos não passou por discussões na direção do partido, mas que ele a apoia. Ele avalia que São Paulo tem dois governos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que é papel da legenda se opor a eles das mais diversas formas.

“O PSol está em crescimento e se abriu a grupos indígenas, LGBTs, feministas, ao movimento negro e a movimentos sociais. Mas o PT ainda tem muitos sindicatos em São Paulo”, afirma.

Já o PT, embora tenha voltado a comandar o país com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda patina para recuperar uma parcela do eleitorado paulista perdida desde a Operação Lava Jato e não conseguiu, nas últimas eleições, ampliar sua bancada.

Ações nas ruas

O acampamento montado no Viaduto do Chá, em frente ao prédio da Prefeitura, é do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), grupo coordenado pelo deputado Guilherme Boulos.

O MTST pressiona o prefeito Ricardo Nunes pelo cumprimento de acordos feitos pelo antecessor, o tucano Bruno Covas (morto em 2021), na política habitacional. A disputa tem como pano de fundo uma promessa de Nunes de construção de milhares de moradias que não incluiria a entrega de unidades ao grupo.

Já o Sindicato dos Metroviários, que promoveu a greve na semana passada, é presidido hoje por Camila Lisboa, filiada ao PSol, em uma diretoria feita em acordo com antigos diretores vinculados ao PSTU, partido também mais à esquerda do que o PT.

Embora a greve da categoria tenha origem em insatisfações que se acumulam há ao menos três anos, sem pagamento de um bônus, um dos pontos centrais do protesto foi a privatização de linhas do Metrô, uma das bandeiras políticas do governador Tarcísio de Freitas. O PSol é contra a proposta.

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Muitos passageiros recorreram aos ônibus
Sistema de ônibus foi reforçado
Segundo dia de greve dos metroviários
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Estações lotadas

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Em algumas estações, o funcionamento é parcial

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Catraca não está liberada

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Oposição institucional

Embora o PT também destaque as relações de apoio de Nunes e Tarcísio a Bolsonaro, o partido se manteve distante dos dois movimentos de rua dos últimos dias e chegou a fazer acordos recentes com dois grupos políticos.

A legenda votou no candidato de Tarcísio para a presidência da Assembleia Legislativa (Alesp), André do Prado (PL), ligado a Valdemar da Costa Neto, em um acordo que assegurou ao partido o comando da primeira secretaria da Casa, posto que rende a indicação de quase 80 assessores.

O PSol, com cinco deputados, não participou das negociações e lançou uma candidatura própria na Alesp, de Carlos Giannazi, apenas para marcar posição política. André do Prado recebeu 89 votos entre os 94 deputados estaduais.

Além dos cargos, outro motivo que faz o PT dialogar com a gestão Tarcísio é o papel do secretário de Governo, Gilberto Kassab, nas negociações. Ex-ministro do governo Dilma Rousseff (PT), Kassab comanda o PSD, partido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, cujo apoio tem se mostrado vital ao governo Lula.

Na esfera municipal, as diferenças na postura do PSol e do PT ficou mais nítida nas discussões envolvendo dois novos projetos do prefeito Ricardo Nunes na Câmara Municipal: um propondo mudanças na Lei de Zoneamento, para estimular o mercado imobiliário, e outro no bilionário Fundo de Desenvolvimento Urbano (Fundurb), para liberar mais dinheiro para o asfaltamento de ruas.

O líder do PT na Casa, Senival Moura, afirmou que sua legenda iria debater os projetos e que, se fossem bons para a cidade, teriam voto da sigla. Já Silvia Ferraro, líder do PSol, declarou que o partido era contrário a uma discussão dos temas em conjunto, mesmo se tiver de ir à Justiça.

Movimentos dos candidatos

Nunes já elegeu Boulos como seu grande adversário nas eleições do ano que vem, enquanto articula para ter o Republicanos de Tarcísio ao seu lado e luta para minar uma candidatura própria do PL, com o deputado federal Ricardo Salles.

Ao mesmo tempo, o prefeito se movimenta para manter boas relações com os petistas. No começo do ano, recebeu em sua casa o ex-deputado Jilmar Tatto, secetário nacional de comunicação do PT, para discutir o projeto de tarifa zero dos ônibus. Há duas semanas, esteve em Brasília para uma reunião com o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para destravar um projeto para o Centro da capital.

Boulos, por sua vez, equilibra uma atuação mais combativa na capital, simbolizada pelo acampamento do MTST na Prefeitura, com um perfil mais negociador na esfera federal, onde é aliado do presidente Lula.

Na última quarta-feira (22/3), por exemplo, data em que a greve dos metroviários foi decidida, Boulos teve um encontro com o economista Bernard Appy, secretário extraordinário da reforma tributária, que deve ser votada neste ano. O deputado demonstrou preocupação com possível perda de receitas para a cidade com a aprovação da reforma.

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